Prosseguindo com as comemorações de seus 40 anos de carreira, o Grupo Galpão apresenta desta terça (27/9) a sexta-feira (30/9), às 20h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, o espetáculo “Nós”, dirigido por Márcio Abreu.
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O ator e diretor Eduardo Moreira diz que a nova versão ressignifica cenários e figurinos nesta releitura, que busca maior agilidade e versatilidade, especialmente na relação direta com o público.De acordo com ele, a encenação de “Nós” reafirma a convivência com o espectador no momento da apresentação, como elemento dramatúrgico, e tem na presença do público um elemento do ato criativo.
“'Nós' somos nós, esse coletivo de 40 anos de existência, e nós, seres humanos e artistas de teatro pra lá dos 50, com suas perplexidades, questões, angústias, algumas esperanças e muitos nós”, diz Eduardo.
Remontar a peça neste momento pareceu inevitável aos atores do Galpão, pois ela é política e debate a intolerância. “Mas também por aproximar ator e personagem e, de maneira poética, falar muito do que é ser um grupo de teatro. Márcio Abreu é um diretor do Rio de Janeiro que dirigiu também ‘Outros’ (2018). Portanto, são duas parcerias do Grupo Galpão com ele”, afirma.
O texto dialoga com os dias de hoje, comenta Moreira. “Tem um jogo muito vivo, que fala para a atualidade. Trata-se de um grupo de pessoas fazendo a última refeição, uma sopa. A partir dali, se desencadeia a situação em que uma pessoa do coletivo é expulsa. Ela é retirada daquele lugar sem querer sair”, comenta.
“O espetáculo trata da questão do coletivo e do indivíduo, o público e o privado. São questões muito presentes no Brasil de hoje e no mundo também”, afirma o ator. Moreira é autor do texto em parceria com Márcio Abreu. “Trata-se de ficção, e a gente escreveu muito em cima das improvisações dos atores”, conta.
Moreira conta que o Galpão acabou de voltar de um festival realizado no México, onde a peça fez sucesso.
A dimensão política da violência
“Nós”, a 23ª montagem da companhia mineira, debate também a violência e a tolerância, a partir de uma dimensão política. A plateia presencia situações de opressão e de convívio com a diferença.
O Galpão comemora 40 anos apresentando três espetáculos: “Nós” (2016); “Till – A saga de um herói torto”, com texto de Luís Alberto de Abreu e direção de Júlio Maciel, que estreou na rua em 2009; e “De tempo somos” (2014), dirigido por Lydia Del Picchia e Simone Ordones.
“Vamos terminar a temporada em Belo Horizonte e seguiremos para o Rio de Janeiro, onde faremos espetáculos em outubro. Depois, vamos para São Paulo, onde nos apresentaremos em novembro e parte de dezembro”, conta ele.
O projeto é especial para a companhia, obrigada a cancelar espetáculos durante o período mais duro da pandemia e também em junho deste ano.
“Estamos voltando ao teatro depois deste momento muito difícil para todos. É muito importante a retomada, a gente se reencontrar com o público, porque foi muito difícil mesmo, especialmente para nós, do teatro, e das artes em geral”, acredita Moreira. “Além da pandemia, temos ainda de conviver com a praga deste governo que está aí. Espero que a gente se livre dele o mais rápido possível.”
Estreia na Praça Sete
Os 40 anos serão completados em novembro, pois foi naquele mês de 1982 que o Galpão encenou sua primeira peça, “E a noiva não quer casar”, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. “Mas estamos sempre comemorando, pois o fato de estar vivos já requer alguma comemoração”, diz Moreira. Para 2023, o Galpão está montando um cabaré baseado em temas da obra do dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertolt Brecht (1898-1956).“NÓS”
Com Grupo Galpão. Direção: Márcio Abreu. Desta terça (27/9) a sexta-feira (30/9), às 20h. Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Informações: (31) 3516-1360