Completando 40 anos de estrada, o Barão Vermelho está a todo vapor. E manda para as plataformas digitais o EP “Blues e baladas”, acompanhado de “Acústico”, “Clássicos” e “Sucessos”, formando a coleção que será lançada separadamente pela NBV, empresa da banda carioca.
O tecladista Maurício Barros conta que “Blues e baladas” traz sucessos que não podem faltar de maneira alguma nos shows. “São blues e um set acústico com músicas que a banda não toca há algum tempo. Deve ser o EP mais cultuado pelo fã hard do Barão”, comenta.
O recorte traz músicas como “Guarda essa canção” (Dulce Quental e Frejat), do disco “Carne crua”, lançado em 1994, e “Down em mim”, com letra de Cazuza.
A atual formação reúne Rodrigo Suricato (guitarra, violão e voz), Fernando Magalhães (guitarra e violão) e Guto Goffi (bateria), além de Maurício Barros (teclados e vocais).
Festa de aniversário no palco
A banda festeja suas quatro décadas a partir do primeiro disco, “Barão Vermelho”, lançado em 1982 pela gravadora Som Livre. “Resolvemos partir para uma turnê, correndo o Brasil para celebrar a data. Estivemos recentemente em BH, mas em show fechado. Vamos tentar nova data para voltar à capital mineira, desta vez em show aberto”, diz o tecladista.Uma das apresentações ao vivo da banda foi transformada em série de quatro episódios exibida recentemente pelo Canal Bis. “Tem o segmento acústico neste show e os outros elétricos. Dividimos a parte elétrica em três EPs. Já lançamos o de sucessos, que teve a presença do Frejat cantando ‘Pro dia nascer feliz’”, explica o tecladista.
“Clássicos” vai chegar agora em outubro. “Esse tem nosso lado B e alguns hits. Em dezembro, vamos reunir os três EPs e lançar o ‘Barão 40 ao vivo’, que terá faixa extra de bônus track”, informa Barros.
A maioria das faixas foi composta pelos integrantes da banda, mas há também hits vindos de outros autores, como é o caso de “Amor, meu grande amor”, de Angela Ro Ro e Ana Terra, que o grupo gravou e regravou.
De Cazuza, o novo projeto traz “Exagerado”, que a banda nunca havia registrado. “Vínhamos tocando esta canção em alguns shows e agora resolvemos gravá-la, com um arranjo muito bacana”, conta ele.
Cazuza (1958-1990), aliás, era destaque do Barão de Vermelho em sua primeira fase, ao lado de Frejat, Guto Goffi, Dé Palmeira e Maurício Barros. “Infelizmente, o Cazuza não está mais aqui. A gente se sente muito à vontade para representá-lo e tocar as músicas dele. Nada mais natural do que manter as canções dele mais vivas do que nunca”, comenta Barros.
Barão dá uma força aos novos talentos do rock
O tecladista revela uma novidade nesta celebração dos 40 anos. O Barão vai oferecer espaço em seu palco para novas bandas de todas as partes do país.
“Abrimos nossas mídias sociais para que elas se inscrevam e possamos escolher uma para abrir os nossos shows. Queremos dar espaço para a nova geração, que nem sempre tem esse espaço, e também para que elas toquem com estrutura bacana, para um público maior”, explica Barros.
É uma forma que os veteranos encontraram de divulgar os novatos. “Abrimos nossos stories nas mídias sociais, nos quais divulgamos as bandas (#euqueroabriroshowdobarao). Vamos levar esses grupos para a turnê ‘Barão 40’. Em todos os lugares onde formos tocar, faremos a promoção. Escolheremos uma banda local para abrir o nosso show”, diz o tecladista.
Maurício espera que outros artistas e grupos adotem essa ideia. “Poderia virar algo constante, dando espaço para novos talentos não só de rock, mas de qualquer estilo”, explica. O tecladista reforça que projetos assim são comuns no exterior, “seja no jazz, rock, folk ou na música country.”
Reinvenção pós-Cazuza e Frejat
Maurício Barros diz que foi um desafio para a banda perder Cazuza, em 1985, e Frejat, em 2017, quando ambos decidiram se dedicar às respectivas carreiras solo.“Não é fácil você se reinventar. O Barão estava há aproximadamente 15 anos sem lançar um disco de músicas autorais. Então, você pega aí uma geração que ficou distante da obra da banda. Ela conhece a obra do Cazuza, conhece o Barão, mas ficou uma coisa lá atrás. Primeiro, passamos isso com o Cazuza. Foi um baque, a gente já estava ensaiando um repertório com ele. Chegamos a ensaiar 'Exagerado' para gravar no nosso quarto disco e aí ele saiu”, relembra.
Depois disso, Frejat assumiu os vocais, com sucesso. Mas o cantor e compositor também decidiu pela carreira solo. “A gente compreendeu, sabíamos que essa era a escolha dele”, diz Maurício. “Chamamos o Rodrigo Suricato e ele topou, disse que era superfã da banda. Ele até costuma dizer que o Barão não é a banda preferida dele, mas o time dele.”
Maurício observa que Suricato, que chegou em 2017, trouxe “frescor para a alma do Barão”, reforçando que além da “grande capacidade vocal”, ele também “toca guitarra muito bem”.
Outra “aquisição” importante foi Fernando Magalhães, em 1987. “O Frejat disse no documentário 'Por que a gente é assim', lançado pela Conspiração há alguns anos, que não conseguia ouvir mais o som do Barão sem a guitarra do Fernando”, comenta Barros.
O tecladista diz que tantas mudanças, apesar de difíceis, fazem parte da história da banda. E avisa: “Estamos de vento em popa, muito felizes mesmo, de novo na estrada.”
“BLUES E BALADAS”
• EP da banda Barão Vermelho
• Disponível nas plataformas digitais