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Estado de Minas MÚSICA

Show de Toninho Ferragutti ''é um meio termo entre o popular e o clássico''

Acompanhado do Quinteto de Cordas, o acordeonista se apresenta nesta terça-feira (4/10) em Belo Horizonte


04/10/2022 04:00 - atualizado 03/10/2022 22:28

De camiseta preta, apoiado num acordeom, Toninho Ferragutti sorri para a câmera
O acordeonista paulista volta à capital mineira, depois de ter feito a curadoria do festival Sotaques da Sanfona, em junho passado (foto: Tarita de Souza/Divulgação)

''Gravei jingles, fiz parte de bandas de apoio em programas de TV e rádio, e toquei na noite até conseguir me dedicar exclusivamente à carreira autoral. Mas sempre fui apaixonado pela música popular"

Toninho Ferragutti, acordeonista


Aos 5 anos, Toninho Ferragutti acompanhava o irmão de sua mãe tocando acordeom e ficava maravilhado com a cena. Os olhos brilhavam observando os dedos do tio correndo pelas teclas do instrumento e o movimento do fole, que abria e fechava. Não deu outra: passou a atazanar o pai – também músico e reconhecido na cidade de Socorro, em São Paulo, de onde são – até ganhar um acordeom.

“Meu pai estava meio duro na época. Aí, ele chegou lá em casa com uma daquelas sanfoninhas de brinquedo”, lembra Toninho, em tom bem-humorado. “Foi uma decepção danada. Não dava para tocar nada naquilo”, emenda, rindo.

Alguns anos depois, Toninho ganhou um acordeom de verdade. Com o instrumento em mãos, estudou, praticou e se tornou uma das maiores referências brasileiras no instrumento nos dias atuais, conforme constatou Sivuca (1930-2006) pouco antes de falecer.

É com esse reconhecimento que ele desembarca em Belo Horizonte, nesta terça-feira (4/10), para apresentar o show “De sol a sol”, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas Tênis Clube. Para a apresentação, chega acompanhado do Quinteto de Cordas, que gravou com ele o disco homônimo ao show, lançado no ano passado.

Show para teatro  

O quinteto é originalmente formado por Luiz Amato e Liliana Chiriac (violinos), Adriana Schincariol (viola), Adriana Holtz (violoncelo) e Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo). No entanto, para a apresentação desta terça-feira, Luka Milanovic (violino), Katarzyna Drudz (viola) e Robson Fonseca (violoncelo) substituem as integrantes mulheres. A alteração ocorreu em razão de problemas em conciliar as agendas dos músicos, segundo o acordeonista.

“É um show totalmente autoral e concebido para ser apresentado em teatro”, afirma Toninho. “Vamos tocar músicas que integram os álbuns – ‘Nem sol, nem lua’ e ‘De sol a sol’, um disco encomendado pelo Sesc e composto justamente para essa formação com a qual apresentaremos.”

Ainda que “De sol a sol” tenha o formato de música de câmara com acordeom em sua gênese, foi necessário pensar e criar novos arranjos. Para isso, Toninho contou com a ajuda de alguns companheiros de profissão, sobretudo para as canções que integram o disco “Nem sol, nem lua”.

Tango, barroco e chorinho

Conforme faz questão de ressaltar, o repertório da apresentação “é um meio-termo entre o popular e o clássico”, transitando por faixas que ora se assemelham ao tango argentino, ora a peças barrocas – ouvidos mais atentos podem até encontrar leve semelhança com obras de Domenico Scarlatti –, ora ao chorinho. 

“Desde que iniciei minha carreira profissionalmente, já toquei de tudo. Gravei jingles, fiz parte de bandas de apoio em programas de televisão e rádio, e toquei na noite até conseguir me dedicar exclusivamente à carreira autoral”, relembra. “Mas eu sempre fui apaixonado pela música popular.”

Foi por influência de Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e Wagner Tiso, entretanto, que Toninho descobriu qual caminho seguir ao compor suas canções. Inclusive, teve a oportunidade de tocar junto com alguns, como Dominguinhos, com o qual chegou a gravar uma espécie de minidocumentário assinado pelo diretor Sergio Roizenblit.

Grammy Latino

Ao longo de 40 anos de carreira, Toninho Ferragutti lançou 15 álbuns e recebeu três indicações ao Grammy Latino – por "Sanfonemas" (2000), "Festa na roça" (2014) e "Folia de reis" (2019). Gravou com diversos nomes da música nacional, como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Edu Lobo, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Sivuca, Chico César, Dominguinhos, Lenine, Marisa Monte, Hermeto Pascoal e Elza Soares.

O músico já esteve este ano em Belo Horizonte, onde se apresentou no Festival Sotaques da Sanfona, no qual assinou também a curadoria. Nesse ciclo, ele procurou reunir acordeonistas de todas as idades e estilos, no intuito de fortalecer o contato entre as diferentes gerações.

“Tem muita gente boa surgindo agora e que tem procurado fazer essa troca de experiência com quem já está há mais tempo na estrada”, observa. “São jovens que sabem de onde são e têm muito claro em mente para onde querem ir, sem deixar que isso os limite artisticamente", afirma, destacando que a nova geração de músicos tem uma vasta bagagem musical, que engloba diferentes estilos e ritmos.

Se depender do sucesso que o festival Sotaques da Sanfona alcançou em junho passado, com muitos interessados em assistir aos acordeonistas tocando obras instrumentais, o show desta terça-feira tende a lotar o teatro. “É um movimento muito legal que está acontecendo e que, certamente, continuará acontecendo”, diz Toninho.

“DE SOL A SOL”

Show com Toninho Ferragutti e Quinteto de Cordas. Nesta terça-feira (4/10), às 20h30, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Rua da Bahia, 2.244, Funcionários. (31) 3516-1360. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), à venda na bilheteria do teatro ou no site Eventim 


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