Mariana Peixoto
A mudança para Belo Horizonte, 12 anos atrás, foi determinante para que o contrabaixista Neto Bellotto entrasse de cabeça no universo da música mineira. Ainda que sua praia seja o universo clássico – aos 20 anos, ele entrou para a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e, desde 2016, é o primeiro contrabaixo –, a música popular faz parte de sua trajetória.
Em Bragança Paulista, onde nasceu, integrou durante a adolescência a banda de baile dos pais, primeiramente como baterista e depois cantando e tocando violão. Na noite deste sábado (8/10), Bellotto volta ao centro do palco como cantor e violonista, à frente do grupo DoContra, que apresenta, na Sala Minas Gerais, o “Concerto mineiro à luz de velas”.
O repertório é popular, mas o formato, não. Acompanhado de um grupo de cordas, todos também integrantes da Filarmônica – Gilberto Paganini na viola, Jovana Trifunovic e Valentina Gostilovitch nos violinos, Lina Radovanovic no violoncelo e Rossini Parucci no contrabaixo –, Bellotto vai executar canções de compositores do Clube da Esquina.
É ele o autor dos arranjos de “Travessia”, “O trem azul” (Lô Borges e Ronaldo Bastos), “Um girassol da cor do seu cabelo” (Lô e Márcio Borges), “Clube da esquina 1 e 2” (Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges) e “Nascente” (Flávio Venturini e Murilo Antunes). Uma presença especialíssima na noite será a de Toninho Horta, que vai tocar com o grupo “Manuel, o audaz” e “Céu de Brasília” (Toninho e Fernando Brant).
Arranjos e aprendizagem
“Venho estudando a prática de orquestração, mas não poderia fazer os arranjos com tanta excelência sem a contribuição dos músicos (e autores das canções). As harmonias são realmente diferentes, complexas. Muita gente faz arranjos, mas não consegue chegar nos caras. Para a minha sorte, tive contato direto com o Toninho, o Lô, o Flávio. Foi um processo de aprendizagem bastante intenso para que fossem criados arranjos inesperados, que levam a música para outro lugar, sem perder a identidade”, conta Bellotto, de 32 anos.O DoContra nasceu em 2015 como quinteto de contrabaixos, todos integrantes da Filarmônica. Um dos primeiros registros foi o de um arranjo para “Nascente”. “Mandamos para o Flávio e começamos a parceria”, relembra Bellotto. O grupo não só gravou com Venturini um álbum, “Paraíso” (2019), como o acompanhou durante shows.
Mais recentemente, o repertório se estendeu para outros compositores e, no ano passado, o DoContra passou a se dedicar à produção do Clube da Esquina. Houve um show no fim de 2021 no Palácio das Artes com a participação de Venturini, Horta e Beto Guedes. Já em agosto, com a formação atual, o grupo também gravou, no Teatro Domus Aurea, no condomínio Retiro das Pedras, um DVD, que será lançado até o fim do ano.
O “Concerto mineiro à luz de velas” é como o título indica. Cercada no palco por dezenas de velas, a orquestra de cordas, respeitando as canções originais, vai muito além desses registros originais. Bellotto é também muito seguro como cantor. O desafio, depois de uma série de apresentações intimistas, é mostrá-lo na grandiosa Sala Minas Gerais.
“Trabalho na sala todos os dias, então acaba virando um sonho trazer um projeto pessoal para dentro dela”, comenta Bellotto. E o concerto desta noite será apenas o primeiro.
Em 20 e 21 de dezembro, junto da Orquestra Filarmônica, o DoContra celebra a música de Lô Borges no ano do cinquentenário do álbum “Clube da esquina”. As duas apresentações contarão com a participação do próprio Lô, que está acompanhando todos os arranjos e já disse, mais de uma vez, que essa é uma das grandes alegrias que ele está tendo no ano em que celebra 50 do álbum e 70 de vida.
DOCONTRA
Concerto neste sábado (8/10), às 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto, (31) 3219-9000. Ingressos: R$ 15 a R$ 50. À venda no link https://docontra.byinti.com