Mariana Peixoto
Uma banda com história, que se pretende manter em atividade por muitos anos, tem que olhar para o futuro e não só se apegar ao passado. É essa a intenção do Jota Quest com a turnê “Jota25”, que, desde julho, vem celebrando sua trajetória. Neste sábado (8/10), o show será apresentado no Expominas.
“Se você está em atividade, tem que arriscar e tudo o mais. Acho que tem que fazer um som que mantenha a garra e o tesão da estrada, para aguentar o batidão. Temos que ousar dentro de um padrão, pois há um limite. Não tem isso de fazer música mirando a molecada. Imagina, ‘o vovô querendo fazer música pra nós’”, afirma Rogério Flausino.
O vocalista do quinteto mineiro é o mais novo e foi o último integrante a entrar no grupo. Aos 50, Flausino, a despeito dos cabelos brancos, mantém o jeito de menino e o pique de palco, algo que fez do Jota, gostem ou não, uma das forças da música pop brasileira.
E também uma das formações mais estáveis – são quase 30 anos, desde que o garoto de Alfenas entrou para uma banda recém-criada em BH que queria tocar black music. Flausino entrou no Jota, então J.Quest, no final de 1993. Oficialmente, a banda, que conta com PJ no baixo, Paulinho Fonseca na bateria, Márcio Buzelin nos teclados e Marco Túlio Lara na guitarra, considera como a data de seu início outubro de 1996, quando seu álbum de estreia, homônimo, foi lançado.
Sendo assim, os 25 anos foram completados em 2021. A pandemia, como fez com tudo, atrasou os planos do grupo e somente agora a turnê comemorativa teve início. Ao longo da crise sanitária, foram vários adiamentos e cancelamentos. Ideias para comemorar o aniversário vieram de montão.
''Se você está em atividade, tem que arriscar e tudo o mais. Acho que tem que fazer um som que mantenha a garra e o tesão da estrada, para aguentar o batidão. Temos que ousar dentro de um padrão, pois há um limite. Não tem isso de fazer música mirando a molecada. Imagina, 'o vovô querendo fazer música pra nós'''
Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest
Formato inédito
Mas o formato, que Flausino diz ser inédito para a banda, só veio com a ajuda de uma “moçada massa que está trabalhando com a gente, gente jovem”. Os planos mudaram três vezes, até que o grupo percebeu que não poderia levar para o palco, no momento pós-pandemia, um show exclusivamente nostálgico. Ainda que a turnê já tenha sido apresentada em várias capitais e grandes cidades, o formato que será visto nesta noite, com a produção completa, só foi executado nos shows de São Paulo e Rio, conta Flausino, que explica como se dá a apresentação.
“Foi criado um fio condutor que mostra como existe uma química entre nós, já que somos os mesmos integrantes. Nesta história, descobriram que a única letra do alfabeto que não existe na tabela periódica é o j. Então, a galera (Rafael Conde é o diretor criativo da turnê, que tem roteiro de Eduardo Rios, produção audiovisual do Studio Curva e cenários de Zé Carratu) criou uma molécula e, quando este elemento se encontra com a plateia, rola uma explosão.”
Nesta “viagem insólita”, como diz Flausino, o pano de fundo é um telão enorme, em formato côncavo. Existe uma passarela na área frontal do palco e há um momento em que os cinco integrantes vão para a parte frontal, em formato de pentágono. O show reúne 25 hits da banda e algumas canções recentes, como “A voz do coração”, “Imprevisível” e “Te ver superar”.
Tais músicas foram pensadas para o novo álbum da banda, que estava previsto para 2020. O trabalho também foi empurrado para a frente por causa da pandemia e sairá em 2023.
Muita coisa já foi gravada, mas a banda vai voltar para o estúdio para trabalhar mais, já que o momento agora é outro. Isso ficará reservado para janeiro e fevereiro – a primeira fase da turnê atual vai até o início de dezembro. E no próximo ano, o Jota retorna com este show, mas já acrescentando o repertório do novo álbum.
“Você realmente tem que estar presente. A gente faz música para tocar no rádio. Vamos nas produções de televisão, fazemos Spotify, redes sociais. Se você não se dispõe a fazer, já era. Se construímos um público, queremos seguir com ele até o fim, mas também ter gente nova, então continuamos nos comunicando com a molecada. Agora, o que posso dizer é que fórmula não existe”, afirma Flausino.
JOTA25
Show neste sábado (8/10), a partir das 22h, no Expominas, Avenida Amazonas, 6.200, Gameleira. Ingressos: de R$ 80 a R$ 420. Informações e vendas: https://ingressos.meep.com.br/jota25