''É o reconhecimento de um estilo musical sempre marginal, mas que já ocupou seu espaço''
Roger Deff, rapper, sobre o convite para se apresentar no Conservatório UFMG
Mariana Peixoto
Roger Deff não é o primeiro rapper a se apresentar no Conservatório UFMG. “De qualquer forma, é o reconhecimento de um estilo musical sempre marginal, mas que já ocupou seu espaço”, comenta ele, convidado da noite desta terça-feira (11/10) do projeto Retratos do Brasil.
Ao longo deste semestre, a série, criada para celebrar o bicentenário da Independência, está levando aos palcos do tradicional espaço da Avenida Afonso Pena concertos e shows com manifestações de estilos e períodos diversos da história da música brasileira. Serão 11 convidados até o fim deste ano.
No palco, Deff estará acompanhado do DJ Hamilton Jr. “Como MC, sou o resultado também dos trabalhos que vieram antes de mim”, conta ele.
Dança e cinema
Os 39 anos do rap em BH, diz o cantor e compositor, são demarcados a partir de 1983, com o estilo flashdance, influenciado pelo filme de mesmo nome lançado naquele ano. “Foi quando surgiram os primeiros dançarinos de break em BH. O hip-hop já existia desde 1973, nos Estados Unidos, mas a cultura só chegou não só na cidade, como no Brasil, 10 anos mais tarde. Precisou não só do filme ‘Flashdance’, mas de outros, para que ela despontasse.”
Antes de Deff subir ao palco, Hamilton Jr. vai fazer curta discotecagem apresentando alguns momentos da história do hip-hop na cidade. Com 45 anos e 26 de carreira, Deff começou sua trajetória com a banda Julgamento, com a qual gravou três álbuns: “No foco do CAOS” (2008), “Muito além” (2011) e “Boa noite” (2018).
No primeiro trabalho solo, Roger colocou o rap como ponto central de uma viagem por outros estilos, como funk, rock e samba. Já no segundo, produzido durante a pandemia, homenageou as bases do hip-hop. Ele promete para o próximo ano seu terceiro disco solo, “Alegoria da paisagem”.
Hip-hop no mestrado
A atividade de Deff no hip-hop também se estende para a área da pesquisa. Em 2021, ele defendeu mestrado na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), que resultou na dissertação “Negritude, hip-hop e território – BH canta e dança”.“Trabalhei com os primeiros 10 anos do hip-hop em BH, trazendo alguns pontos centrais para o entendimento do cenário, como o primeiro registro em disco, a coletânea ‘Fábrica ritmos’”, afirma.
Percussão e ópera
Nesta semana, o Conservatório UFMG apresentará também o show “Negociando tempos”, do duo formado pelo percussionista Gil Amâncio e o flautista Mauro Rodrigues, na quinta-feira (13/10), às 19h30.
Já na sexta (14/10), às 20h, estreia a ópera audiovisual “A 70ª semana”, de João Pedro Oliveira. O título faz referência ao “Livro de Daniel”, texto do Antigo Testamento. Entrada franca.
“CONEXÕES MUSICAIS – RETRATOS DO BRASIL”
Show “Hip-hop em movimento: 39 anos de rap em BH”, de Roger Deff. Nesta terça-feira (11/10), às 19h30, no Conservatório UFMG, Av. Afonso Pena, 1.534, Centro, (31) 3409-8300. Entrada franca.