Martin Gore, cofundador e principal compositor do Depeche Mode, se prepara para ser assombrado por memórias durante a turnê mundial do grupo britânico, a primeira após a morte de seu companheiro, Andy Fletcher.
A morte repentina do tecladista Fletcher, em maio passado, após quatro décadas trabalhando juntos, continua atormentando o grupo. Durante uma coletiva de imprensa em Berlim, na semana passada, eles anunciaram o lançamento de um novo álbum, seguido de uma turnê mundial, a primeira em cinco anos.
"Andy amava os bares dos hotéis. Quando viajarmos pelo mundo, eu o verei sentado em bares de hotel com uma cerveja na frente dele. É como se eu não pudesse fugir disso", afirmou Gore, de 61 anos.
"Entendi isso ao entrar no hotel de Berlim, quando vi o bar onde o tinha visto tantas vezes, que isso aconteceria de novo durante nossa próxima turnê", explicou o músico. E concluiu: "Eu me dei conta de que seria muito mais doloroso do que eu imaginava".
Intitulado "Memento mori", o 15º álbum de estúdio do grupo será lançado em março de 2023. Inspirado tanto pela pandemia de COVID-19,quanto pela perda de Fletcher, que morreu aos 60 anos, vítima de um rompimento da aorta, o álbum será seguido de uma turnê, a 19ª do grupo, que começará em março, em Sacramento, Califórnia, e passará por cidades como Londres, Berlim e Paris.
"De alguma maneira, sua morte cimentou o título do álbum", explicou Gore. "Achávamos que era um bom título de álbum mas, depois que ele morreu, parecia realmente certo".
O Depeche Mode já vendeu mais de 100 milhões de discos mundialmente. Entre seus maiores sucessos estão: "Just can’t get enough", "Everything counts", "Never let me down again" e "Walking in my shoes".
Pioneiros do pop eletrônico do início dos anos 1980, eles fizeram esse gênero evoluir até se abrir para as guitarras nos anos 1990. Gore contou que muitas músicas do novo álbum foram inspiradas em seu 60º aniversário e o crescente sentimento de sua própria mortalidade.
Mas ele encontra conforto em ver que as novas gerações também gostam das músicas da banda, tanto as clássicas, quanto as mais recentes. "Se você tem pais que gostam verdadeiramente de uma banda e ouvem sua música o tempo todo e é medianamente boa, os filhos vão ouvi-la o tempo todo também", disse Gore.
"É uma das melhores teorias para explicar porque temos tantos jovens em nossos shows, e até mesmo esperando em frente ao hotel para nos ver. Toda vez, isto é uma verdadeira surpresa", acrescentou. Para ele, o grupo segue se considerando um pioneiro da música eletrônica, uma forma de não cair na nostalgia.
"Sempre tentamos acompanhar e sempre foi importante para nós ter jovens promissores fazendo nossos remixes e nos mantendo na vanguarda", apontou. "Acredito que isso nos permite continuar sendo interessantes para a geração jovem." (France Presse)