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Estado de Minas DEU RUIM

Com medo de ter que dividir casa com 'esquerdistas', Mário Gomes, ator bolsonarista, perde mansão por dívidas

Imóvel foi leiloado para pagar uma dívida trabalhista com costureiras, imbróglio judicial iniciado em 2007


14/10/2022 10:30 - atualizado 14/10/2022 10:55

Mário Gomes
Mário Gomes (foto: Reproduçao/Rede Globo)
Ao comentar o resultado das eleições no Rio - onde tentou, sem sucesso, uma vaga no legislativo -, o ator Mário Gomes, de 69 anos, declarou à Folha de S.Paulo acreditar em uma fake news atribuída ao presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de que residências seriam divididas compulsoriamente com outras famílias.

"Eu e minha mulher estamos preocupados em perder a nossa casa", disse.
A Justiça, no entanto, já decidiu a perda da mansão onde ele mora com a mulher e dois filhos. O imóvel foi leiloado para pagar uma dívida trabalhista com costureiras.

Apoiador do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), Gomes fez a declaração, com tom alarmista, preocupado com uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. O que ele não revelou é que está envolvido em um imbróglio judicial iniciado em 2007.

Ao desfazer uma empresa de confecção, Gomes ficou devendo salários a 84 costureiras do Paraná, em dívida avaliada, na época, em R$ 923 mil. Para pagar o calote, a Justiça do Trabalho determinou em 2011 que o imóvel fosse leiloado. Ele foi arrematado por R$ 720 mil, equivalente a 48% do valor de avaliação, de R$ 1,5 milhão.

A arrematante é uma associação de servidores públicos que, apesar de ter seu nome inserido no documento de RGI (Registro Geral de Imóveis), não teve o seu título de posse em definitivo. Gomes e a esposa, Raquel Palma, alugam a casa para festas pelo Airbnb e em 2021, tiveram um lucro de R$ 35,8 mil com os aluguéis.

Mesmo morando no local, eles não pagam o IPTU: a dívida já está em R$ 94 mil. A conta vai para a associação, que também recebe cobranças de cotas do condomínio e taxas de incêndio.

UNIÃO ESTÁVEL ANULOU LEILÃO, 'DESANULADO' DEPOIS

Gomes comprou o terreno em 1986, no auge da fama como ator da Globo. Nos anos 2000, conheceu Raquel, com quem teve dois filhos. Ela, arquiteta, decidiu projetar a casa para a família morar.

Com o declínio da carreira do ator e a falência de sua empresa de confecção, as dívidas cresceram. Com a casa já leiloada, Raquel contestou a decisão afirmando que não havia sido intimada. Por ter relação estável com o ator, seria meeira do imóvel.

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho), do Paraná, onde tramita a reclamação trabalhista reconheceu o argumento de Raquel e anulou todos os atos processuais posteriores à penhora. A associação, então, entrou com ação rescisória, contestando a decisão, e venceu.

Raquel contestou novamente a decisão, mas o TRT, em decisão no último dia 4 deste mês de outubro, apontou que ambos não haviam formalizado a união estável na época da arrematação. Procurado, o advogado de Raquel não respondeu ao contato para saber se ainda cabe recurso à decisão. A defesa da associação arrematante disse que não irá se manifestar.

Procurado novamente pela Folha de S.Paulo, Mário Gomes não respondeu às indagações da reportagem sobre o leilão da casa. Os advogados envolvidos no caso não se manifestaram.

Já em Entre Rios do Oeste, localizada a 508 km de Curitiba, onde estão as costureiras que esperam pelo pagamento dos salários, resta esperança. "Todos os dias alguém liga para o escritório, para saber quando vão receber o dinheiro", disse a advogada Márcia Tumelero.


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