Luigy Bitencourt*
Para comemorar seus 40 anos, o Grupo de Dança Primeiro Ato preparou evento especial para o fim de semana, com dois espetáculos de seu repertório. Vai apresentar “InstHabilidade”, neste sábado (15/10), e “Tecidos na pele”, no domingo (16/10), no Teatro Sesiminas. Depois da sessão de amanhã, haverá roda de conversa com artistas que fazem parte da história da companhia.
Criado em 1982, o Primeiro Ato vem buscando ampliar a linguagem da dança a partir de intensa pesquisa, além de encenar e produzir propostas com o envolvimento de bailarinos, coreógrafos, artistas plásticos, arquitetos, músicos, videoartistas e atores.
Suely Machado, fundadora e diretora do grupo, afirma que a opção por apresentações em espaços populares e mais próximos do público é seguida desde os primeiros momentos da companhia.
“O Primeiro Ato surge na década de 1980, quando ainda vivíamos sob o regime ditatorial, a partir de bailarinas que, apesar de muito jovens, ansiavam por construir um grupo profissional de dança. Não queríamos ter linguagem única ou um coreógrafo residente, mas absorver o máximo de informações de diferentes estilos de dança para que pudéssemos criar a nossa marca”, explica a diretora e encenadora.Ascensão e queda
Neste sábado (15/10), o público verá “InstHabilidade”, que estreou em 2014 e remete ao processo natural de queda e ascensão, presente ao longo da vida de todas as pessoas.
“É um trabalho muito atual. Sinto que a instabilidade é uma constante na vida de todos. Estamos sempre no ‘cair e levantar’, com a proposta de nos arriscarmos, mas buscando o equilíbrio”, afirma Suely Machado.
A diretora do Primeiro Ato destaca a atemporalidade da coreografia após oito anos de transformações, quedas e ascensões enfrentadas pela população brasileira.
“Falar sobre instabilidade no momento em que estamos, principalmente como país, é uma necessidade. Vamos abordar esse assunto como solução, e não como algo com o qual não se possa lidar”, comenta.
Já “Tecidos na pele” foi concebida para a celebração de quatro décadas do grupo. A estreia ocorreu em agosto, com oito datas nas estações de metrô Central, Gameleira e Vilarinho, além do Espaço Cênico Yoshifumi Yagi, no Bairro Alípio de Melo.
A partir de criações dos figurinistas Marco Paulo Rolla, Pablo Ramon, Ronaldo Fraga e Silma Dornas para o Primeiro Ato, o espetáculo reconstrói a trajetória do grupo, com releituras de momentos que marcaram o repertório nestes 40 anos.
“É um trabalho que acessa toda a história e a memória do grupo. Quem nos acompanha será capaz de reconhecer traços dessa memória. Quem não nos conhece verá performances de qualidade inspiradas em nossa história”, explica Suely.
Após os 45 minutos de “Tecidos na pele”, roda de conversa vai reunir, amanhã à noite, artistas ligados à companhia. Entre os convidados estão a bailarina Fernanda Vianna, as cantoras Babaya e Titane, o músico Lula Ribeiro, o estilista Ronaldo Fraga e o ator e cantor Marcelo Veronez.
Vídeo de Zeca
O compositor Zeca Baleiro, outro convidado, não poderá participar da conversa, mas preparou vídeo a respeito de suas contribuições com o Primeiro Ato.
“Essas pessoas foram muito importantes para nós, pois uniram sua arte à nossa. Nossos alunos não têm 40 anos, bem como muitas pessoas que vão nos assistir. Com essa conversa, elas poderão conhecer um pouco da nossa história”, finaliza Suely Machado.
PRIMEIRO ATO – 40 ANOS
Espetáculos do Grupo de Dança Primeiro Ato. “InstHabilidade”, neste sábado (15/10), às 20h. “Tecidos na pele”, no domingo (16/10), às 19h, seguido de roda de conversa com artistas convidados. Teatro Sesiminas, Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada). Informações: (31) 3241-7181.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria