Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Zeca Baleiro e Vinicius Cantuária lançam o disco 'Naus' em BH, nesta sexta

 
Lucas Lanna Resende
O músico Vinícius Cantuária estava no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, pronto para embarcar para São Paulo, quando escutou: “Vinícius, Vinícius! Espere aí”. Era o cantor e compositor Zeca Baleiro, que vinha correndo para apresentar a ele proposta de um projeto em conjunto.





Baleiro não sabia, mas estava no mesmo voo de Cantuária, o que lhe deu mais tempo para conversar com o colega, a fim de conhecê-lo melhor e propor um disco de inéditas.
 
Vinícius Cantuária escutou tudo atentamente, conversou com Baleiro, fez perguntas. No desembarque, antes de se despedir, trocou telefone com o colega, fazendo aquele típico combinado “vamos marcar de fazer alguma coisa”.

E a “coisa” saiu. O encontro no aeroporto rendeu correspondência on-line com ideias de canções e o processo de imersão no estúdio Sonastério, em Nova Lima, durante uma semana inteira, para gravar o repertório inédito.




 

 

Assim nasceu “Naus”. O disco que marca a primeira parceria de Vinícius Cantuária, de 71 anos, e Zeca Baleiro, de 56, foi lançado em julho. A capital mineira recebe o show da dupla nesta sexta (21/10), no Cine Theatro Brasil Vallourec, como encerramento do 6º Festival Cantos de Beagá.

“Normalmente, quando músicos se encontram, sempre combinam fazer algum projeto juntos, trocam telefone, mas a coisa fica parada. Com o Zeca foi diferente, deu certo e o projeto andou”, diz Cantuária.
 
 
 
Radicado nos Estados Unidos há cerca de duas décadas, o ex-baterista da banda O Terço e autor de “Lua e estrela”, sucesso na voz de Caetano Veloso, entre outras canções conhecidas, Vinicius revela que não conhecia a obra do novo parceiro – na verdade, conhecia Zeca Baleiro “de nome”. A ideia de juntar os dois veio do produtor Walter Costa, amigo comum.

“Walter já tinha falado comigo algumas vezes sobre a possibilidade de trabalhar com o Zeca e falou também com o Zeca. Mas foi só no Santos Dumont, quando o Zeca me chamou, se apresentou e conversou comigo, que o projeto começou a sair”, explica Cantuária. Ele procurou o número de telefone do colega maranhense e passou a mandar as melodias que havia composto.





Por sua vez, Zeca enviou letras para as melodias do novo colega e poemas que poderiam ser musicados. “A maioria das canções do disco tem letra do Zeca e música minha”, observa Cantuária.

No entanto, se a maioria dos versos de “Naus” são de Zeca Baleiro, isso se deve a certa inibição de Cantuária para escrever, garante o maranhense.
 
“Sempre brinco com ele: ‘Olha, Vinícius, você é um excelente poeta, mas o fato de ter trabalhado com Chico (Buarque) e Caetano (Veloso) te deixou inibido para compor. Você tem de quebrar isso’”, conta Zeca, entre risadas.

Baleiro não poupa elogios ao colega. Faz questão de destacar que muitas melodias enviadas por Cantuária lhe foram remetidas com uma espécie de roteiro, “argumento mesmo, muito bem escrito, que acabou ficando como parte da letra de algumas canções.”




 
 

Hits e inéditas

Para a apresentação em Belo Horizonte, a dupla preparou repertório que mescla faixas de “Naus” e sucessos de cada um. “Não dá para fazer show sem tocar os nossos sucessos, o público espera por essas canções. Por isso colocamos no repertório algumas dessas músicas”, adianta Baleiro.

Vinícius Cantuária diz que tocar os hits que compôs quando estreou na carreira solo é a oportunidade de se reconectar com o público brasileiro.

“Moro nos Estados Unidos há alguns anos. A maioria dos shows que faço é fora do Brasil. Então, é natural a perda de conexão com o público brasileiro. O projeto com o Zeca é ótima oportunidade para retomar esse contato”, ressalta.

No formato voz e violão, o show contará com batidas sampleadas das canções de “Naus” e a reprodução de imagens das gravações em Nova Lima.

“A maneira como gravamos o disco foi muito atípica, principalmente nos dias de hoje”, ressalta Cantuária. “Ficamos uma semana inteira de setembro hospedados no estúdio, trabalhando na produção do álbum. Era muito comum, principalmente entre bandas de rock estrangeiras, você se isolar em algum local sossegado a fim de produzir um disco, mas foi ficando inusual com o passar do tempo. Poucos artistas conseguem fazer isso nos dias de hoje”, admite.




Almoço com Flávio Venturini

A rotina da imersão foi quebrada apenas duas vezes. “Teve o dia em que fomos almoçar com o (Flávio) Venturini. Ele é nosso amigo e mora lá perto do estúdio. Conversa vai, conversa vem, convidamos o Flávio para uma participação especial, que foi prontamente atendida”, relembra Vinícius Cantuária.

Flávio Venturini gravou o piano na faixa “O dia em que Jeremias Vaqueiro viu o mar pela primeira vez”.

A segunda ocorreu quando Baleiro precisou voltar a São Paulo, onde mora, para resolver questões pessoais. “Foi em um dia e voltou no outro. Nesse meio tempo, fiz melodia e mandei para ele, que, antes mesmo de retornar, mandou a letra para mim”, revela Vinícius Cantuária.

A turnê de “Naus” estreou em São Paulo no último final de semana, com duas sessões e casa cheia.

“É sempre um prazer tocar em Belo Horizonte, templo da música e terra de grandes artistas que influenciaram toda a música brasileira”, conclui Zeca Baleiro, que já morou na cidade.




VINÍCIUS CANTUÁRIA E ZECA BALEIRO

Nesta sexta-feira (21/10), às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro. Inteira: R$ 190 (plateia 1), R$ 160 (1B),  R$ 140 (plateia 2), R$ 120 (2B) e R$ 100 ( 2C). Meia-entrada na forma da lei. Ingressos à venda na bilheteria e no site Eventim. Informações: (31) 3201-5211.

(foto: Saravá/reprodução)
"NAUS"

• Álbum de Vinícius Cantuária e Zeca Baleiro
• 11 faixas
• Saravá Discos/Sonastério
• Disponível nas plataformas digitais