Um livro que gerou exposições que podem gerar outros livros. O público que comparecer à Galeria Lemos de Sá neste sábado (22/10), às 11h, na abertura da mostra “Improvável” – que ocorre de forma concomitante ao lançamento da publicação homônima –, da artista paulistana Elisa Stecca, poderá compreender um pouco desse percurso, que sintetiza sua produção ao longo dos últimos seis anos.
Projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo em 2021, o livro “Improvável” compila várias séries de obras criadas por Elisa a partir de 2016, e funciona como uma imersão no processo da artista, que trabalha com diversos suportes.
A publicação levou Elisa a uma circulação para promover seu lançamento. Ela já passou pela biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo; pela ArtRio, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro; foi ao Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, no interior de São Paulo; e, agora, chega a Belo Horizonte.
“O que fiz foi reunir trabalhos da minha produção recente, que marca um novo momento na minha trajetória, porque tenho atuação em várias áreas”, diz a artista. Elisa cursou direito na USP e se formou em artes plásticas na Faap. Estudou joalheria com Nelson Alvim; estilo com Marie Rucki, do Studio Berçot, em Paris; e técnicas variadas em vidro na Pilchuck Glass School, em Seattle (EUA).
Também trabalhou como produtora e editora de moda em publicações nacionais. Em 1993, abriu a Elisa Stecca Design, elaborando projetos e peças de joias e objetos de design. Todas essas frentes de atuação desembocam e se cruzam em sua produção artística.
Recortes
Ela explica que, com o lançamento itinerante do livro, promove uma exposição ilustrativa de seu conteúdo em cada cidade por onde passa. “Em cada lugar, é uma exposição diferente, com recortes diferentes. A que fiz no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, por exemplo, foi de trabalhos inéditos, então vou precisar fazer um novo livro para dar conta dessa produção”, aponta.
Na Galeria Lemos de Sá, o público vai poder conferir 25 obras que transitam por diferentes linguagens. Elisa adianta que há uma prevalência de objetos e esculturas, mas também video-performance, aquarela, tapeçaria e fotografia, entre outros suportes. As obras estão divididas em séries distintas.
Uma das que a artista destaca é “Para Christo”, criada durante a pandemia em homenagem ao artista búlgaro conhecido por “embrulhar” grandes edificações e monumentos arquitetônicos, que morreu em maio de 2020. “Durante a pandemia, eu estava cultivando minhas coisas no sítio e cozinhando muito. Quando soube da morte de Christo, comecei a encapar legumes com tecidos metalizados, criando formas escultóricas”, conta.
Outra série que ela considera importante é a que dá nome ao livro e às exposições que tem feito. “O título ‘Improvável’ tem a ver com minha trajetória, que passa por tantos lugares, mas também com uma série, inicialmente apresentada como uma ação no Instagram, em que faço composições que colocam elementos distintos em equilíbrios precários, improváveis”, diz.
Os suportes com que Elisa trabalha são vários, mas as pedras dão a tônica em sua criação – o que se relaciona diretamente com sua vivência na joalheria. “A presença do reino mineral é uma característica muito forte no meu trabalho, mas as pedras podem aparecer só como representação, em uma série de aquarelas, por exemplo, em que procuro recriar a formação de rochas pela ação da água”, diz.
Riquezas minerais
Ela salienta que, ao trabalhar com um recurso natural tão cheio de possibilidades no Brasil, está, também, levando o país para o mundo através de suas riquezas minerais. Elisa aponta, ainda, que tem uma espécie de conexão com sua matéria-prima. “Quando as pessoas perguntam como escolho as pedras para as criações, digo que são elas que me escolhem. Elas têm uma vibração. Quando você tem uma ideia, o trabalho quer acontecer, ele acha um jeito de acontecer”, afirma.
Para a artista, tudo pode ser fonte de inspiração. “Para mim, criar é algo natural, porque é minha maneira de trocar com o mundo”, ressalta. Ela se diz movida pelo desejo de ver suas ideias realizadas e poder mostrar essa materialização do que brota de sua imaginação. “Gosto de entrar nos processos profundamente e depois compartilhar. É como no Facebook: você tem o campo ‘no que você está pensando’ para escrever e depois vai no ‘compartilhar’.”
“IMPROVÁVEL”
Abertura da exposição e lançamento do livro de Elisa Stecca, neste sábado (22/10), às 11h, com autógrafos e bate-papo com a artista, na Galeria Lemos de Sá (Rua Germano Chati, 255, Mangabeiras). A mostra fica em cartaz até 26/11, de terça a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h às 13h. Entrada franca.
LIVRO
. Edição da Autora/ Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo
. Distribuição: Matrix Editora
. 160 páginas
. R$ 143