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Estado de Minas STREAMING

Mostra de cinema on-line convida a refletir sobre as eleições no Brasil

Embaúba Play apresenta gratuitamente sete filmes que tratam do cenário brasileiro, de forma direta e provocativa, com foco nas recentes campanhas eleitorais


23/10/2022 04:00 - atualizado 22/10/2022 02:13

Jovens dançam funk em cena do filme 'Entre nós talvez estejam multidões'
"Entre nós talvez estejam multidões" retrata o cotidiano de moradores da Ocupação Eliana Silva, em BH, em 2018 (foto: Embaúba Filmes/Divulgação )


Pensando no decisivo período eleitoral pelo qual estamos passando, a plataforma de streaming alternativa Embaúba Play realiza a Mostra Embaúba Cinema e Política, gratuitamente, até 30 de outubro. São sete filmes nacionais que tratam, sob ângulos variados, de aspectos do cenário político e social brasileiro, dialogando com questões em pauta desde que tiveram início as campanhas eleitorais para presidente e outros cargos federais.

Fundada em 2018 pelo diretor Daniel Queiroz e sediada em Belo Horizonte, a distribuidora cinematográfica Embaúba Filmes, especializada em produções nacionais, vem se destacando pela qualidade de seus projetos e pelo viés autoral e provocativo dos trabalhos distribuídos.

“Os filmes com os quais trabalhamos são, de forma geral, filmes nos quais as questões políticas estão muito presentes, de forma bem direta em alguns, e mais indireta em outros. Esse é um assunto extremamente pertinente na produção brasileira contemporânea. É impossível fazer um filme nacional fugindo de questões políticas”, defende Daniel Queiroz.

Diálogo com o Brasil contemporâneo

De acordo com o diretor e curador, a Mostra Embaúba Cinema e Política foi pensada e planejada para dialogar diretamente com o momento político atual da sociedade brasileira.
 
“É nossa primeira mostra com esse recorte, até porque preferimos trabalhar filme a filme. Mantemos na Embaúba Play alguns conjuntos de filmes reunidos que também são bem ligados à política”, revela Daniel.

O desejo de envolver um grande número de pessoas no debate e contribuir de forma acessível às discussões justifica a disponibilidade de forma gratuita das produções que compõem a mostra.

“Notamos grande dificuldade de as pessoas aderirem à forma como a Embaúba opera, de aluguel filme a filme. O mercado está se consolidando em plataformas de assinatura, como Netflix, HBO, Disney etc. Nossa vontade era de que esses filmes circulassem ao máximo. Não foi uma mostra feita com a intenção de obter retorno financeiro”, explica Daniel.

Ele conta que já foi cogitada a ideia de transformar a plataforma em um serviço de streaming por assinatura, o que seria viável levando-se apenas em conta o enorme tamanho do acervo de filmes da distribuidora, com mais de 40 títulos.

As expectativas do público de renovações constantes do catálogo de serviços por assinatura, bem como o tamanho da concorrência, foram citadas por Daniel como empecilhos para tal empreitada no momento.
 
“A Embaúba é uma pequena locadora na internet. No passado, seria uma pequena lojinha especializada em filmes de arte com um bom acervo”, compara.
 
Cena do filme 'Os grandes vulcões'
"Os grandes vulcões" aborda os embates incentivados por interesses dos Estados Unidos em diversas partes do planeta (foto: Embaúba Filmes/Divulgação )
 

Os sete filmes da mostra cumprem de formas diversas o objetivo de conversar com o momento político, que norteou a escolha de cada um para o acervo. Todos são inéditos (com exceção de “Lutar lutar lutar”), distribuídos pela própria Embaúba.

“Estamos vivendo um momento muito delicado da nossa história. A Embaúba, enquanto distribuidora, não procura defender nenhum candidato, mas precisamos lutar contra o projeto bolsonarista, que é um retrocesso gigantesco e uma opção nada democrática. Um projeto neofascista que está sendo normatizado na população brasileira”, afirma Daniel.

PROGRAMAÇÃO 

“Brizolão” (Jéferson, 2021) se trata de um documentário histórico que traz a história e o impacto dos CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), implantados no Rio de Janeiro durante os governos de Leonel Brizola (1983-1987 / 1991-1994), que contavam com o sociólogo Darcy Ribeiro encabeçando o projeto educacional e Oscar Niemeyer, a arquitetura das escolas.

“Entre nós talvez estejam multidões” (Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito) se debruça sobre o cotidiano dos moradores da Ocupação Eliana Silva, na região de Belo Horizonte, à época das campanhas eleitorais de 2018, marcada por tensões e possíveis confronto com forças oficiais.

“Estamos te esperando em casa” (Cecília da Fonte e Marcelo Pedroso, 2021) retrata o cotidiano de Poliana, terapeuta ocupacional em um hospital de Recife que, no ápice de internações ocasionadas pela COVID-19, busca conectar pessoas isoladas em UTIs a seus entes queridos impossibilitados de visitação através de videochamadas pelo celular. “É um assunto muito recente e importante, que coloca em xeque a atuação do governo federal ao longo da pandemia”, conta Daniel.

“Lutar lutar lutar” (Sérgio Borges e Helvécio Marins Jr, 2021) aborda um momento importante para a história do esporte nacional no qual Reinaldo, craque do Atlético-MG nos anos 1970, ergue o punho direito ao empatar o jogo contra a Suécia na Copa do Mundo de 1978, desafiando a ditadura militar e as várias formas de opressão do século 20.

“Pode parecer estranho: o que tem de político na história do Galo? O Reinaldo, ao comemorar seu gol com o gesto característico do movimento dos Panteras Negras, denunciava a violência promovida por um governo autoritário durante décadas”, explica Daniel.

“Pão e gente” (Renan Rovida, 2021), baseado nos textos do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1848-1956), lida com a questão da fome, do desemprego, da desigualdade social e da disputa de classes em território brasileiro.

“Os grandes vulcões” (Fernando Kinas e Thiago B. Mendonça, 2022) é uma adaptação do texto do dramaturgo inglês Harold Pinter (1930-2008), que mescla teatro e cinema, em um monólogo da atriz Fernanda Azevedo, do grupo Coletivo Comum. Fernanda retrata a ingerência dos EUA na geopolítica mundial ao longo do século 20 e os embates promovidos pelo imperialismo estadunidense em diversas partes do planeta.

“Quem tem medo?” (Ricardo Alves Jr, Henrique Zanoni e Dellani Lima, 2022) é um documentário que aborda os inúmeros casos de censura a artistas brasileiros em anos recentes, ampliada pela represália da extrema direita – cada vez mais presente no cenário político e social – sobre manifestações culturais que consideram passíveis de proibição.
 
 

Além da mostra disponível no catálogo do Embaúba Play, o diretor ressalta que a distribuidora também se faz presente no audiovisual nacional no momento com o longa “Fé e fúria” (Marcos Pimentel, 2019), em cartaz no Una Cine Belas Artes. O filme aborda a perseguição às religiões de matriz africana em favelas e subúrbios do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte.
 
“É um filme que dialoga diretamente com a mostra e só não está na internet porque está disponível no cinema”, finaliza Daniel.

"MOSTRA EMBAÚBA CINEMA E POLÍTICA”

Filmes disponíveis gratuitamente no serviço de streaming Embaúba Play até o próximo domingo (30/10).
 

"FÉ E FÚRIA"

Brasil, 2019. 103min. De Marcos Pimentel. Em cartaz no Una Cine Belas Artes. Sessões às 17h e às 19h. Informações: (31) 3252-7232.
 
*Estagiário sob supervisão da editora Ellen Cristie



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