Em 2000, o poeta, escritor e professor juiz-forano Edimilson de Almeida Pereira vivia em Genebra, na Suíça. Na época, passou a ouvir muita música brasileira e latino-americana. “Ouvia-se muito Milton Nascimento na Europa, e fui repassando a discografia dele. Daí me veio a ideia de trabalhar não um livro sobre, mas para o Milton”, comenta.
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“O som vertebrado” marca também a estreia de Edimilson na tradicional José Olympio. Hoje pertencente ao grupo Record, a editora fez história na poesia brasileira por, entre outras coisas, ter sido, por 42 anos (1942-1984), a casa editorial de Carlos Drummond de Andrade – cuja obra, vale dizer, está desde 2021 na Record.
“Milton tem um pensamento universalizante, pensa o mundo que transcende o nosso território”, comenta Edimilson. E é também esta a ideia de “O som vertebrado” – título, por sinal, que é um desdobramento de “A flauta vertebrada”, de Maiakóvski. São poemas longos, “proposições para se pensar”.
A primeira das quatro partes da obra é “Mapa em colapso”, que apresenta a odisseia de “um sujeito contemporâneo, todo fragmentado, vendo seu mundo ruir e questionando as fronteiras que se perderam”, explica o autor.
Elo perdido
Na segunda parte, que leva o título do livro, este mesmo sujeito inicia uma viagem ao que seria o elo perdido. Chega a uma comunidade tradicional, esperando encontrar ali o que procurava – para ver que também aquele mundo estava fragmentado.
A terceira parte, “Escavações”, é bem pessimista. “É uma metáfora com a mineração em Minas. Quanto mais se escava, mais se percebe o mundo em ruínas.”
Na última parte, “Porte étoile”, Edimilson retoma uma referência do livro “Homeless” (2010).
“O tema foi retirado de um estudo da comunidade dogon, que viveu na costa ocidental da África. Muitos trabalhos antropológicos revelaram que eles têm uma relação sofisticada com a estrela Sirius. Eles têm o hábito de esculpir portas com imagens dos ancestrais, e cada porta se abre para uma sensibilidade”, explica.
“O tema foi retirado de um estudo da comunidade dogon, que viveu na costa ocidental da África. Muitos trabalhos antropológicos revelaram que eles têm uma relação sofisticada com a estrela Sirius. Eles têm o hábito de esculpir portas com imagens dos ancestrais, e cada porta se abre para uma sensibilidade”, explica.
Nos poemas, Edimilson acompanha o sujeito desencantado diante de um mundo também perdido que consegue uma abertura para um ambiente místico. “É um pouco do que a música instrumental do Clube da Esquina faz. Você se permite uma viagem, mas não se perde de si. É uma música quase transcendente, mas também muito calcada no chão.”
Para Edimilson, é “Babel”, o poema que fecha o livro, que faz toda a ligação. “Ele termina em aberto, diante de um mundo de sensibilidades. São sensações que a música do Milton me provoca, como o disco ‘Milagre dos peixes’ (1973). São momentos de suspensão na vida”, comenta.
"O SOM VERTEBRADO”
• Edimilson de Almeida Pereira
• José Olympio (168 págs.)
• R$ 59,90
Biografia do disco 'Clube da Esquina'
Autor das memórias “Os sonhos não envelhecem” (1996), principal referência sobre a história do Clube da Esquina, Márcio Borges lança em novembro novo título sobre o encontro de artistas nos anos 1970 que mudaram, definitivamente, a música de Minas e do Brasil.
Organizado com a jornalista Chris Fuscaldo, “De tudo se faz canção – Os 50 anos do Clube da Esquina” (Garota FM Books) destrincha o álbum duplo por meio de lembranças dos que participaram dele, da pesquisa jornalística e análise crítica.
Bilíngue (português e inglês), o livro reúne depoimentos dos músicos que tomaram parte na gravação do disco de 1972.
“Não é de todo inédito, pois algumas das pessoas envolvidas já se foram. Mas a história não muda”, diz Borges. Há, no entanto, novos depoimentos dele, de Lô e de Milton Nascimento.
“Não é de todo inédito, pois algumas das pessoas envolvidas já se foram. Mas a história não muda”, diz Borges. Há, no entanto, novos depoimentos dele, de Lô e de Milton Nascimento.
Em formato de reportagem, Fuscaldo recupera como foi a gravação do álbum. “Ela pesquisou detalhes de coisas de que eu não me lembrava”, diz Borges. Além de fotos clássicas dos músicos, o livro traz imagens inéditas.
Também é novo o faixa a faixa das 21 canções do disco duplo, cada uma analisada por um crítico musical. O livro está em pré-venda no site garotafm.com.br
Também é novo o faixa a faixa das 21 canções do disco duplo, cada uma analisada por um crítico musical. O livro está em pré-venda no site garotafm.com.br
“DE TUDO SE FAZ CANÇÃO – OS 50 ANOS DO CLUBE DA ESQUINA”
• Márcio Borges e Chris Fuscaldo
• Garota FM Books
• R$ 64
• Pré-venda no site garotafm.com.br