Jornal Estado de Minas

CINEMA

Filme sobre Mário de Andrade é lançado no dia do aniversário de Drummond

 

“Sua opinião me interessa mais do que a de qualquer outro, e você sabe que já estou acostumado à sua franqueza rude.” Corria o ano de 1930 e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), há pouco com seu primeiro livro publicado, queria saber o que Mário de Andrade (1893-1945) tinha achado de “Alguma poesia” – obra que o mineiro havia dedicado ao paulista, vale dizer.




 
Muito amigos, quase sempre a distância, trocaram 161 cartas ao longo de 21 anos. Conheceram-se pessoalmente em 1924, quando Mário capitaneou a chamada “Viagem de descobrimento do Brasil”, incursão que os modernistas participantes da Semana de 1922 – Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, entre eles – fizeram por Minas Gerais. O encontro foi definitivo – para Drummond, para os paulistas e para o próprio Modernismo.
 
“Uma carta para Mário”, documentário dirigido por Armando Mendz, que será lançado nesta segunda-feira (31/10), dia dos 120 anos de nascimento de Drummond, fala tanto dessa história quanto de sua influência na cultura e na vida brasileira.
 
Filme produzido para o programa “O Modernismo em Minas Gerais”, iniciativa da Fundação Clóvis Salgado, do Ministério Público e da Appa Arte e Cultura, será exibido no Cine Humberto Mauro. A sala apresenta também os documentários “Poeta de sete faces”, de Paulo Thiago, e “Uma divina geometria”, de Lívia Raponi.




 
Professora Vera Casa Nova grava entrevista para o documentário "Uma carta para Mário" (foto: Armando Mendz/divulgação)
 
 
Rodado neste ano, “Uma carta para Mário” parte de uma provocação. O escritor Luiz Ruffato foi convidado pela produção do filme para escrever uma missiva para Mário de Andrade. “Na carta, ele fala dos desdobramentos em Minas, abrindo o diálogo (para uma série de depoimentos). A carta é como um guia do filme”, comenta Mendz.
 
O documentário ainda conta com a participação do poeta Ricardo Aleixo, que interpreta “Noturno de Belo Horizonte”, escrito por Mário sob o impacto da viagem de 1924.
 
Para falar sobre o Modernismo em Minas, o filme reúne entrevistas com intelectuais de várias áreas – Daniel Mundukuru, Vera Casa Nova, João Antônio de Paula, Isabelle Anchieta, Rodrigo Vivas, Leonardo Castriota e Denise Bahia.
 
As locações exploram a arquitetura modernista de BH, como o Palácio das Artes, o Palácio das Mangabeiras, a Escola de Arquitetura da UFMG e a Biblioteca Pública Estadual.
 
Antes da incursão de 1924, Mário veio a Minas, em 1919, quando foi a Mariana visitar Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). O filme traz imagens da residência onde ele vivia, hoje Museu Casa que leva o nome do poeta. Há também passagens por Ouro Preto e imagens de Cataguases, na Zona da Mata, que tem uma série de edificações modernistas.




ESPECIAL 120 ANOS CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Nesta segunda (31/10), no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes – Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Exibição dos filmes “Poeta de sete faces”, de Paulo Thiago (16h); “Uma divina geometria”, de Lívia Raponi (18h); e “Uma carta para Mário”, de Armando Mendz (19h30). Entrada franca. Ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes de cada sessão.
 
Drummond, na foto com a filha Julieta, faria 120 anos hoje, 31 de outubro (foto: Acervo CDA/reprodução)
 

Celebração no Flitabira 

Oficialmente, a segunda edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira começa quinta (3/11). Até domingo (6/11), o evento vai refletir sobre a trajetória de Drummond por meio de intensa programação, presencial e digital. Mas hoje, dia de seu nascimento, a vida e a obra do poeta itabirano já começam a ser celebrados.
 
Até a meia-noite desta segunda (31/10) será realizada a “Maratona 24 Horas de Leitura – 120 anos de Drummond”, com transmissão pelas redes do evento (@flitabira) e do CPF Sesc (@cpfsesc), em São Paulo, parceiro do festival. Durante todo o dia vão acontecer leituras ao vivo e pré-gravadas de poemas de Drummond.

Estudantes, escritores, artistas e voluntários vão se alternar em dois palcos, com a presença do público no Teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, e no auditório do CPF Sesc.
 
Interessados das duas cidades em fazer a leitura presencial devem se inscrever pelo e-mail flitabira@flitabira.com.br (em Itabira) ou pelo link https://bit.ly/3TsOMn9 (em São Paulo).