“Amor pela música, devoção e entrega a um trabalho com sintonia um pouco elevada, mas sem preocupação com modismos.” Assim Moacyr Luz define seu novo álbum, que está sendo lançado nas plataformas digitais.
Com 11 faixas autorais inéditas, o disco reúne um time de craques: Guinga, Hamilton de Holanda, Cristovão Bastos, Rogério Caetano, Ricardo Silveira, Alaan Monteiro, Carlinhos 7 Cordas, Zé Paulo Becker, Carlos Malta, Bebê Kramer e Paulo Malaguti Pauleira.
Detalhe: o anfitrião fez todo mundo cantar – enfrentou resistências, mas conseguiu.
Moacyr, que está completando 45 anos de carreira, diz que se trata de homenagem ao Rio de Janeiro, onde nasceu. Participaram das gravações Itamar Assiére (piano), Zé Luiz Maia (baixo), Luiz Augusto Guimarães e Junior de Oliveira (percussões).
O carioca, de 64 anos, conta que “A música do músico – Moacyr Luz e convidados” é fruto de seu desejo de aproximar o público do compositor popular.
“O objetivo é dar ao público a possibilidade de conhecer a canção diretamente das mãos e instrumentos dos compositores e músicos que alimentam a cena brasileira. Sempre me identifiquei com os instrumentistas”, comenta.
Para ele, o compositor instrumentista faz do som a sua palavra, “às vezes, com um lirismo de alta compreensão”. Moacyr se empenha em pôr abaixo o mito de que instrumentista não é músico popular, pois instrumental é “difícil”.
“Pensei em trazer uma expressão que o povo possa cantar, que as pessoas possam ouvir e ter outra visão desta música”, afirma. “Infelizmente, o gênero instrumental é colocado na prateleira de coisas ‘cult’, sofisticadas, eruditas.”
Ele dá como exemplo de seu esforço a canção “Índia Flor”, parceria com Carlos Malta. O letrista inventou a história da índia que consegue respirar dentro d’água para poder namorar.
Nova faceta dos amigos
Com esse trabalho, Moacyr revela o lado cantor, nova faceta dos parceiros. “Um dos momentos mais marcantes foi com Cristovão Bastos, que cantou lindamente a nossa ‘Sagitário’. Houve resistência muito forte por parte deles”, admite.
“O próprio Cristovão me disse: ‘Poxa, Moa, estou com 70 anos e nunca gravei cantando’. Respondi: ‘Bota só um verso, o importante é que você cante’. E a voz dele tinha uma dramaturgia maravilhosa, ficou lindo. Quando abriu a boca e cantou o primeiro verso, fiquei maluco.”
Moa, como os amigos o chamam, batalhou para driblar a resistência dos parceiros para soltar a voz. Alguns falaram até em deixar o projeto. Mas valeu a pena.
“É lindo ver o Hamilton, o Cristovão, o Guinga e todos os outros cantarem. Carlos Malta também gravou cantando pela primeira vez. E mandou muito bem. Eles não queriam, mas acabei convencendo-os e ficou lindo. Gravei no melhor estúdio do Rio de Janeiro, o Companhia dos Técnicos.”
Futebol em destaque
Parceria carioquíssima se deu com Rogério Caetano. “É um tremendo violonista sete cordas, fizemos a ‘Peladeiros’, homenagem ao jogador clássico, o cara que sua a camisa, joga com raça, do tipo bola pro mato que o jogo é de campeonato. Lembrei-me de '1 x 0', do Pixinguinha e Benedito Lacerda, cuja letra foi feita pelo mineiro Nelson Ângelo, que a transformou em um tremendo sucesso”, diz.
Moacyr pretende lançar clipes para algumas faixas. “Principalmente de ‘Peladeiros’, que fala de futebol e de jogadores da antiga com nomes estranhos. O meu amigo Sergio Pugliese, do Museu da Pelada, um site muito bacana, até quer fazer esse clipe”, conta.
Agora, ele planeja divulgar o disco e espera fazer shows em Minas Gerais. “Tenho um público muito bacana no estado. Assim como tem o samba no Rio de Janeiro, existe a música de Minas. O Clube da Esquina povoou a música brasileira de beleza vocal e acordes difíceis”, diz.
“Nesse projeto, tive a felicidade de trabalhar a música do jeito que gosto. Se for preciso, fico até sem dormir, atrás da inspiração, embora confie muito mais no trabalho”, comenta.
“Vi o Hamilton de Holanda, venerado no mundo inteiro, como uma criança tocando ali, feliz da vida. Isso não tem preço”, revela.
“O barato do lugar”, “Dobrando a carioca”, “Ladeira de Santa” e “Peladeiros” remetem ao Rio de Janeiro e às paixões de quem vive lá, como Copacabana, as ladeiras de Santa Teresa, o carnaval e o futebol. “Acredito que o público vai entender o Rio de Janeiro mediante outras vozes, acordes, tonalidades e cores”, afirma.
REPERTÓRIO
» “O BARATO DO LUGAR”
De Bebê Kramer e Moacyr Luz
» “PELADEIROS”
De Rogério Caetano e Moacyr Luz
» “O ELEFANTE”
De Ricardo Silveira e Moacyr Luz
» “DOBRANDO A CARIOCA”
De Guinga e Moacyr Luz
» “APLAUSO FINAL”
De Alaan Monteiro e Moacyr Luz
» “LADEIRA DE SANTA”
De Carlinhos 7 Cordas e Moacyr Luz
» “ÍNDIA FLOR”
De Carlos Malta e Moacyr Luz
» “TABERNA E PURPURINA”
De Zé Paulo Becker e Moacyr Luz
» “O TOM DA DESPEDIDA”
De Paulo Malaguti Pauleira e Moacyr Luz
» “SAGITÁRIO”
De Cristovão Bastos e Moacyr Luz
» “SÃO DOIS IRMÃOS”
De Hamilton de Holanda e Moacyr Luz
“A MÚSICA DO MÚSICO MOACYR LUZ E CONVIDADOS”
. Disco de Moacyr Luz
. 11 faixas
. Tratore
. Disponível nas plataformas digitais