Luigy Bitencourt*
A força, a diversidade e a riqueza da cena musical preta de Belo Horizonte são celebradas pelo Festival IMuNe, que encerra nesta quarta-feira (2/11) uma programação repleta de apresentações e atividades, com destaque para a apresentação do rapper Djonga. No próximo dia 23, o evento ocupa a Cidade Alta do metaverso, com a transmissão dos shows.
De acordo com Rodrigo Jerônimo, coordenador de produção do festival, o objetivo principal é evidenciar o protagonismo negro na música. “Esse é um festival de música negra para artistas negros. Este ano, convidamos tanto produtores negros quanto brancos porque achamos importante refletir como as pessoas brancas podem contribuir com a luta antirracista na sociedade”, afirma o produtor.
Ele acrescenta que “discutir racismo dá medo. A luta antirracista precisa de aliados para além de negros e indígenas. Viemos de um momento histórico brasileiro muito polarizado. Na verdade, não é indivíduo contra indivíduo, mas a sociedade contra a opressão estrutural”, expõe.
O coletivo IMuNe surgiu em 2016, quando a musicista, atriz e produtora Bia Nogueira percebeu a necessidade da existência de um coletivo musical construído por pessoas negras. “A música preta brasileira sempre existiu e sempre foi protagonista. As pessoas negras, contudo, foram invisibilizadas”, afirma Rodrigo Jerônimo.
"Discutir racismo dá medo. A luta antirracista precisa de aliados para além de negros e indígenas. Viemos de um momento histórico brasileiro muito polarizado. Na verdade, não é indivíduo contra indivíduo, mas a sociedade contra a opressão estrutural"
Rodrigo Jerônimo, coordenador de produção do festival
Presencial
Essa é a primeira edição presencial do evento desde a eclosão da pandemia do novo coronavírus. Junto com a programação do Festival IMuNe, aberto na última segunda-feira (31/10), se deu também a primeira edição da Semana da Música Preta (SeMPre), que objetiva conectar artistas a produtores de eventos de todo o território nacional e promover o debate acerca da importância da presença da música preta para a luta antirracista.
Em seus dois primeiros dias - a última segunda (31/10) e terça (1/11) -, o festival convidou A Quadrilha, Azzula, Gui Ventura, Josy.Anne, Tom Nascimento e Bela Maria, bem como selecionou outros artistas locais mediante inscrição, para apresentar pocket shows gratuitos destinados a programadores e produtores culturais.
Nesta quarta-feira (2/11), feriado de Finados, ocorre o grande dia do festival, com destaque para a apresentação do rapper belo-horizontino Djonga, parceiro do coletivo IMuNe, que vem do recente lançamento de seu sexto álbum de estúdio, “O dono do lugar”. Além de Djonga, o evento também traz shows de Bia Nogueira, Raphael Sales, Cleópatra (membros do coletivo IMuNe), Maíra Baldaia, o rapper e digital influencer Guxta, Afronta Mc, DJ Black Josie e DJ Akila.
Sobre a transmissão dos shows no Metaverso, o produtor afirma: “Dizem que o metaverso não está no futuro, mas sim no presente. Existe um mercado em expansão na área, evidenciado pela pandemia. O metaverso foi uma opção em que os artistas conseguiram se apresentar. É uma maneira rápida e eficiente de fazer nossa divulgação e promover o debate antirracista na internet”.
FESTIVAL IMUNE
Nesta quarta-feira (2/11), no Odeon Hub (Av. do Contorno, 1.328, Floresta), às 20h. Ingressos: R$ 30 e R$15 (meia-entrada).
*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes