Unir arte, música e gastronomia é o que move o Edifício Maletta, um dos mais endereços comerciais mais boêmios do centro de Belo Horizonte, com mais de 65 anos de história. Essa união está sendo celebrada durante o primeiro festival “Vem pro Maletta: comida, diversidade e arte”, realizado pelo Sebrae Minas. O evento teve início na noite de quinta-feira (3/11) e segue até o dia 19 de novembro, com uma programação diversificada que inclui saraus, leituras de cordel, oficinas de artes manuais, desfiles, feiras de livros, vinis e muita comida.
Ao todo, 28 estabelecimentos participam do festival, criado com o objetivo de atrair novos visitantes ao edifício, verdadeiro ícone da arquitetura, cultura e política da capital mineira. A ideia do evento surgiu com o programa de desenvolvimento gastronômico “Prepara Gastronomia”, do Sebrae, que se propõe a impulsionar negócios de alimentação fora do lar.
“O festival é uma iniciativa de promoção e de comercialização muito interessante para os negócios. Um dos objetivos do projeto é valorizar a cultura e história do local, e percebemos que a diversidade do Maletta vai além da gastronomia. Por isso incluímos diversidade e arte”, explica o analista do Sebrae e organizador do evento, Renato Lana.
Assim, os pratos especiais que estarão nos bares e restaurantes do edifício também seguem essa lógica da diversidade local. Elaborados pelas casas gastronômicas, que contaram com o auxílio da chef Carol Fadel, os preparos homenageiam figuras importantes do prédio como, por exemplo, o seu Olympio, garçom que trabalhou no Maletta por 40 anos. Outra homenageada é a sambista alagoana Dona Jandira, moradora do local há 18 anos.
"Maletta é minha vida"
Simpática e adorável, Dona Jandira é a típica moradora querida por todos. Sua história com o local rendeu a ela dois pratos em dois estabelecimentos diferentes: o “A preferida da Dona Jandira” é um rocambole de barriga de porco atolado no purê de mandioca amarela e vinagrete, servido no Arcangelo. Outro petisco que reúne almôndegas ao pomodoro com parmesão, servidas no Garden Chopp Bar, também servem de celebração em prol da sambista.
“Dona Jandira é um ícone, uma mestra do samba, nada mais justo que homenageá-la com um prato. Ela tem uma representatividade sensacional dentro da boemia”, afirma o sócio do Garden Chopp Bar, Guilherme Oliveira.
A nordestina, que faz 84 anos em dezembro, acredita que o Maletta é um lugar excepcional, tanto pela sua localização e movimentação, quanto pelas pessoas que frequentam o local.
“Isso aqui é o paraíso, tem tudo que a gente quer, boas amizades. Fico muito feliz em ser homenageada, principalmente porque fui muito bem aceita dentro de Minas Gerais. Espero que as pessoas gostem dos ‘meus pratos’, e venham para o Maletta que a gente faz uma festa animada”, disse Dona Jandira.
Outro estabelecimento que compõe os 13 bares e restaurantes que participam do Festival, o Graffica Gastrobar serve um tempura de tilápia, palitos de legumes grelhados e molho de agrião, em homenagem a Toninho Horta, músico que fez parte do Clube da Esquina. Marilda Ribeiro, que está há 30 anos no Maletta e é dona do estabelecimento, conta que teve um contato próximo com o artista na hora de criar o prato.
O Graffica funcionava, literalmente, como uma gráfica quando foi aberto, em 1994. No entanto, as crises econômicas e de tecnologia levaram a empresária a transformar o local em um bar temático. “O prédio é minha casa, sou só amor por ele, já morei aqui. Isso pra mim é minha vida, tudo que eu tenho em materiais eu devo ao Maletta, e a relação com as pessoas é muito bacana”, explica Marilda.
Fervilhante retomada
O festival “Vem pro Maletta” ainda promete movimentar o local, tão atingido pela pandemia de COVID-19. Centro cultural e gastronômico, historicamente o prédio atrai um público muito interessado pelas mais diversas artes. Construído em 1957, o edifício sempre foi ponto de encontro de vários artistas, músicos, poetas, jornalistas e apreciadores da boemia mineira.
Para Guilherme Oliveira, o festival é uma das novidades positivas, pois incentiva pessoas a conhecerem o local. “Estamos muito felizes, o Sebrae vem abraçando a causa e dando o valor que o Maletta merece, que é um símbolo de resistência que abrigou artistas, músicos e políticos” afirma.
Guilherme e seu sócio, Paulo Moraes, são atores que sempre frequentaram o prédio depois de espetáculos. Com a pandemia, eles deram uma desacelerada na carreira dos espetáculos e viram a oportunidade de abrir um bar, o Garden Chopp Bar.
“O Maletta voltou a ser frequentado normalmente. Temos a oportunidade agora dele estar sempre cheio, com pessoas visitando. A expectativa do festival é ampliar o público do Maletta e levar novos públicos ao prédio que é super tradicional”, conclui Guilherme.
Confira a programação cultural completa do festival:
3 de novembro
- Abertura oficial: be hoppers lindy hop
4 de novembro
- 12h - exposição
- 12h às 19h - Feira: 12hs as 19hs
- 16h às 17h - Roda de Conversa:
- 19h - Desfile mães pela liberdade. convidada: Penelope Fontana
5 de novembro
- 19h - Parada: batalha bhvogue fever
6 de novembro
- Parada
7 de novembro
- 16h às 18h - Oficina de crochê. valor: R$ 40,00
8 de novembro
- 14h às 18h - Oficina de encadernação. valor: R$ 150,00
9 de novembro
- 14h às 18h - Oficina de encadernação. valor: R$150,00
10 de novembro
- 18h às 19h – Sarau
11 de novembro
- 19h - Parada: desfile Cicalt
12 de novembro
- 10h às 16h - Circuito Maletta e Feira de Brechós
- 16h - Show de Palko Aberto Santê
- 17h - Roda de Conversa: saúde e identidade capilar
13 de novembro
- 17h - Roda de Conversa: saúde e identidade capilar
16 de novembro
- 17h às 18h - Oficina de customização de roupas. valor: R$10,00
- 18h às 19h - Sarau
17 de novembro
- 18h – Lançamento Cordel do Maletta e livro
18 de novembro
- 18h às 19h – Sarau
19 de novembro
- 16h - Baile de Vinil: anos 80
*Estagiário sob supervisão do subeditor Rafael Rocha