Pesquisa, formação artística e fomento à criação de projetos são a essência do Galpão Cine Horto. Fundado para estimular as artes cênicas em Belo Horizonte, o centro cultural busca, há algum tempo, expandir suas atividades para atender segmentos que dialogam com o teatro.
“Se você for reparar, o teatro conversa com várias artes, porque nas peças há trilha sonora, figurino e maquiagem. Ou seja, é uma conexão entre as várias ramificações da arte”, afirma Laura Bastos, gerente-executiva do Galpão Cine Horto.
Essa conexão motivou o centro a criar o festival Som e Fúria, cuja quarta edição será realizada neste e no próximo final de semana. O objetivo é oferecer espaço para que músicos de BH com trabalho autoral se apresentem.
"Fizemos só a primeira edição no modelo presencial. A segunda e a terceira foram totalmente on-line por causa da pandemia (...) Neste ano, a frase (do evento) deveria ser: a presença da presença"
Laura Bastos, gerente-executiva do Galpão Cine Horto
A abertura do evento ocorreu ontem (5/11), com o show da rapper Colombiana, acompanhada pela DJ Lázara.
Neste domingo (6/11), a atração será PC Guimarães, do quinteto de música instrumental Semreceita. O compositor vai apresentar o repertório do disco “Quintal”, lançado um dia antes do show.
Celebração do encontro
Na próxima sexta-feira (11/11) e sábado (12/11), as atrações serão, respectivamente, Silvia Gomes e banda, seguida por DJ Bill; e Guto Brant, seguido pela DJ Black Josie.
“Nosso objetivo com o festival é comemorar, celebrar, promover um local de encontro entre as pessoas”, destaca Laura Bastos.
De fato, a edição deste ano tem o que comemorar. Afinal de contas, o festival foi realizado presencialmente apenas uma vez desde 2019, quando surgiu.
“Fizemos só a primeira edição no modelo presencial. A segunda e a terceira foram totalmente on-line por causa da pandemia. Então, estamos retornando com essa vontade de comemorar”, explica Laura. “Costumo dizer que neste ano, a frase (do evento) deveria ser: a presença da presença”, brinca.
O Galpão recebeu 69 inscrições de compositores da cena de Belo Horizonte. Quatro foram selecionados pelos curadores Rafael Martini e Brisa Marques. Os DJs são recomendações dos artistas escolhidos.
“Além da qualidade da música, uma das preocupações era dar prioridade a artistas que tivessem lançado CDs, DVDs ou com shows inéditos”, conta Laura.
A parceria entre convidados do festival e Galpão Cine Horto não termina quando o evento acaba. De acordo com a gerente-executiva do centro, o contato prosseguirá e um projeto será desenvolvido.
“Nós (Galpão) temos a característica de valorizar os artistas da cidade, temos interesse pelo alternativo mesmo. Então, em muitos casos mantemos a conexão com os artistas”, destaca Laura Bastos.
Caminho alternativo na cena de BH
Atração da noite deste domingo, PC Guimarães segue o caminho alternativo na música. Aos 32 anos, ele é guitarrista do quinteto instrumental Semreceita e mantém parceria com outros artistas “underground”, como Octávio Cardozzo e Natália Mitre, com quem forma o Duo Foz, dedicado a canções apenas com guitarra e percussão.
No show solo, PC estará acompanhado de Bruno Vellozo (baixo), Davi Fonseca (piano), Gabriel Bruce (bateria), Natália Mitre (vibrafone), Fred Selva (timbau), Alexandre Andrés (flautas) e João Paulo Drumond (percussão), os mesmos que tocaram com ele no disco “Quintal”.
“O repertório é todo do álbum, mas não na mesma ordem. Pensei em colocar as músicas em uma disposição que funcionasse melhor no palco”, revela.
Sem saber da proposta do 4º Som e Fúria, PC preparou disco que é “um local de encontro”, nas palavras dele. O envolvimento, no entanto, se dá entre as experiências pessoais do compositor e a música que ele faz.
“Uma faixa do disco se chama ‘Montanha’. As montanhas, para mim, são mais que paisagens belas que temos em Minas Gerais. Elas remetem a trilhas e passeios que gosto de fazer”, afirma.
“Isso não quer dizer que as pessoas não possam interpretar a música de outra maneira. Elas podem dar (às faixas) o significado que bem entenderem”, pondera PC.
A possibilidade de livre interpretação é o que mais chama a atenção do compositor. “Uma das maiores belezas da música instrumental é que, justamente por não ter letra, ela é mais abstrata que as músicas populares de modo geral. Não direciona a pessoa para determinada interpretação”, destaca.
“Quintal” reúne seis faixas autorais e uma versão de “Desde que o samba é samba”, de Caetano Veloso. Todas instrumentais. A maioria foi criada durante a pandemia. Involuntariamente, expressam o mesmo sentimento dos organizadores do Som e Fúria: a ansiedade para que os encontros voltem a ocorrer.
FESTIVAL SOM E FÚRIA
HOJE (6/11)
19h: Show de PC Guimarães
11/11
20h: Show de Silvia Gomes e Banda
12/11
20h: Show de Guto Brant
>> Galpão Cine Horto. Rua Pitangui, 3.613, Horto. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Vendas na bilheteria do teatro e no site Sympla. Informações: (31) 3481-5580
“QUINTAL”
• Álbum de PC Guimarães
• 7 faixas
• Grão Discos
• Disponível nas plataformas digitais