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Estado de Minas ARTES CÊNICAS

Guto Muniz inaugura 'ônibus-galeria' na programação do FIT-BH 2022

Um dos homenageados do festival, fotógrafo ganhou mostra em veículo que percorre os locais de apresentação de espetáculos


08/11/2022 04:00 - atualizado 07/11/2022 23:34

O fotógrafo Guto Muniz, de pé, de camisa vermelha, no ônibus itinerante com exposição de fotos suas
Guto Muniz embarca no ônibus itinerante que abriga sua exposição no FIT. Veículo deve percorrer dois locais por dia, até a próxima sexta (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


"Quando a Cia. Sonho e Drama Folias Banana fez sua estreia na capital mineira, com o espetáculo “Antígona”, em 1987, um jovem fotógrafo, ainda em início de carreira, foi assistir ao espetáculo sem pretensões de fazer registro algum. A ousadia da montagem encantou o rapaz a ponto de, no dia seguinte, ele ir à companhia pedir permissão para fazer fotos na apresentação seguinte. 

A montagem da Cia. Sonho e Drama Folias Banana era uma adaptação do texto original de Sófocles (497 a.C./406a.C) e o homônimo de Brecht (1898-1956). No palco, movimentos de luta e corpos nus davam a tônica da abordagem adotada pelo grupo mineiro. À época, era a primeira vez que o fotógrafo fazia esse tipo de registro – então estudante de publicidade, ele estava acostumado a fotografar dentro de estúdios.

“Antígona” foi tão marcante na vida do fotógrafo, que ele nunca mais deixou de registrar peças teatrais. No começo, trabalhava por conta própria. Com o tempo, passou a ser contratado pelos grupos e se tornou conhecido no meio. 

Hoje com 56 anos, Guto Muniz ostenta um currículo invejável – fotografou 300 peças brasileiras, 300 internacionais e ainda fez mais de 1 mil registros de artistas e grupos de teatro de Minas Gerais.
 
Seu trabalho como fotógrafo de cena fez com que ele fosse um dos homenageados desta edição do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH), ao lado dos escritores Ailton Krenak e Conceição Evaristo, do diretor e dramaturgo João das Neves (1935-2018) e do cenógrafo Raul Belém Machado (1942-2012).

Nove homenageados

Aberto no último sábado (5/11), o FIT-BH 2022 será realizado até a próxima sexta-feira (11/11). A programação inclui exposição itinerante com fotos de Muniz. “É uma mostra que homenageia nove companhias que estão comemorando alguma data redonda, por exemplo, 10, 15, 20 anos”, diz o fotógrafo.

As companhias homenageadas são Giramundo, com 50 anos; Oficcina Multimédia, 45; Grupo Galpão, 40; Armatrux, 30; Maldita Cia de Investigação Teatral, 20; Caras Pintadas, 15; Grupo Oriundo, 15; Grupo Pigmalião Escultura Que Mexe, 15; e Toda Deseo, 10 anos.

As centenas de imagens captadas por Muniz estão sendo apresentadas por meio de videoinstalações dentro de um ônibus que ficará, a cada dia, em um dos locais escolhidos para a realização dos espetáculos.

“São cinco vídeos diferentes em telas que estarão dentro do ônibus, além de seis tablets com o histórico dessas companhias. Todos os espetáculos desses grupos foram contemplados”, conta o fotógrafo.

Em conjunto com os curadores Andreia Duarte, Marcos Alexandre e Yara de Novaes, o fotógrafo pensou em fazer uma exposição ao ar livre, que fosse acessível ao maior número de pessoas possível.

“Mas, aí, nós pensamos que, independentemente de onde fosse montada, a exposição ficaria restrita ao público que passasse por aquele local”, diz. “Então nasceu a ideia de fazer dentro de um ônibus, que pudesse a cada dia ir até um dos locais onde estiver acontecendo uma intervenção.”

Roteiro valoriza a itinerância

A proposta é que o ônibus fique, ao menos, em dois lugares por dia.
 
Entre os locais escolhidos para a realização das intervenções, estão os teatros do Sesc Palladium, Palácio das Artes e Viaduto Santa Tereza, no Centro; Teatro Raul Belém Machado, no Alípio de Melo, na Região da Pampulha; centros culturais de Venda Nova, na Região Norte, e do bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste; Kilombo Manzo e Praça do Cardoso, ambos no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul; além das sedes dos grupos Pierrot Lunar e Galpão Cine Horto, na Região Leste, e ZAP 18, na Região da Pampulha.

Com mais de 35 anos de carreira, Muniz não tem planos de parar de trabalhar. “Percebi que meus projetos estão todos ligados à memória e que eles servem como documentação histórica. Então, isso (ter a possibilidade de fazer um registro histórico) é o que me dá energia e ânimo para continuar fotografando”, afirma.

Tratar a foto como documentação histórica, de fato, é uma das maiores preocupações de Muniz. Exatamente por isso, em 2012, ele lançou o portal Foco in Cena, acervo com mais de 2 mil registros de espetáculos e grupos de teatro nacionais e internacionais.

A plataforma, além de disponibilizar as fotos das peças, traz informações como ficha técnica, ano de estreia e sinopse. 

“Deu bastante trabalho fazer esse site”, conta Muniz. “Acabou que, durante a pandemia, quando ficamos cerca de dois anos parados, eu consegui organizar muita coisa do acervo. Mesmo assim, ainda tem muita coisa para entrar.”

Hoje, Muniz olha para sua trajetória e se orgulha em dizer que contribuiu para o registro histórico das artes cênicas em Belo Horizonte. No entanto, isso teve um preço: “Gostaria de assistir e ter assistido mais peças como mero espectador.”

FIT-BH

Até 11 de novembro em diversos locais da cidade. Ingressos à venda pelo Sympla e Eventim. Informações e programação completa: http://portalbelohorizonte.com.br/fit










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