Começou em altíssima rotação o derradeiro show de Milton Nascimento no Mineirão. "A última sessão de música", que encerrou na noite deste domingo (13/11) a trajetória do cantor e compositor mineiro, teve início bem antes de ele subir ao palco.
Ao longo de duas horas e meia, Milton promoveu uma noite emocionante e consagradora que repassou 80 anos de vida e 60 de música. Seu repertório contemplou todas as fases da carreira e celebrou também o companheirismo e a coletividade. Uma noite de estádio lotado e palco cheio, com vários convidados.
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Famosos vão ao Mineirão para a despedida de Milton NascimentoArtistas da música falam sobre a 'honra das honras''de cantar com MiltonSaiba como vai ser o último show da carreira de Milton NascimentoGrunge Festival e Rodrigo Santos animam o feriadão no Underground PubDespedida de Milton Nascimento dos palcos emociona fãs on-line'Viva Bituca!': Artistas homenagearam Milton Nascimento nas redes sociaisNa entrada do estádio o público recebeu um cartaz com os dizeres “Obrigado, Bituca”. O show, vale dizer, é o trigésimo sétimo de uma temporada iniciada em junho, no Rio de Janeiro. Desde então, além do Brasil, ele se apresentou na Europa (10 apresentações) e nos EUA (9 datas).
"Me considero o mais mineiro dos cariocas”, afirmou Milton em vídeo que abriu o show, às 19h. Na apresentação, Bituca - “que é como gosto de ser chamado” - repassa sua trajetória.
Falou de amigos, dos parceiros e do Clube da Esquina. “Me tornei cidadão do mundo sem deixar de ser brasileiro”, disse ele, quando foi ovacionado pela plateia.
Já no palco, com sua sanfona (seu primeiro instrumento), Milton dirigiu-se pela primeira vez para a plateia. "Este show é dedicado à minha querida Gal Costa", afirmou, após interpretar "Ponta de Areia", que abriu a apresentação.
“Agora eu sou eu”, diz Milton, depois de retirarem o manto criado por Ronaldo Fraga e inspirado em Artur Bispo do Rosário. De boina e óculos escuros, ele falou do “amor da minha vida”. Referia-se a Elis Regina, que gravou (e eternizou) "Canção do sal" e "Morro velho", as músicas do início de carreira.
Zé Ibarra, que fez o show de abertura, dividiu com Milton outra canção da primeira fase de sua carreira, “Outubro”.
Surpresas foram prometidas. A primeira apareceu na parte inicial da apresentação. Milton cantou "Amor de índio", de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, canção que não integra o repertório oficial da turnê.
Milton citou o reconhecimento do disco "Clube da esquina" e anunciou a presença no palco de Toninho Horta, Wagner Tiso, Beto Guedes e Lô Borges. Contendo com alguma dificuldade o choro, Bituca cantou com o quarteto "Para Lennon e McCartney".
A plateia acompanhou iluminando o estádio com luzes verdes e lanternas de celulares, num dos momentos mais emocionantes da noite.
Outra canção que foi incluída somente no repertório desta noite, "Um girassol da cor do seu cabelo" foi executada por Lô, Toninho, Wagner e Beto, provocando comoção no público, que cantou junto e aplaudiu com vontade.
Milton esteve, todo o tempo, muito emocionado. Ao final de cada canção, ele permanecia quieto. Já sem os convidados no palco, cantou sozinho "Cais". A plateia, também comovida, entoou "Bituca, eu te amo!".
Depois de um set mais emotivo, "Tudo o que você podia ser" levantou o público no Mineirão. Diretor musical e arranjador do show, Wilson Lopes fez um solo de guitarra que introduziu "San Vicente", interpretada por Zé Ibarra.
“Clube da esquina 2” levou Milton a reger a multidão, enfatizando o verso “gente, gente, gente”. Na sequência, uma homenagem à sua mãe, Lília, que dá nome ao tema instrumental que Milton acompanhou com vocalise.
Mais um momento de grande encontro com o público: "Fé cega, faca amolada" foi cantada em todos os cantos do Mineirão, junto a outra de forte apelo, "Paula e Bebeto". Na sequência, Milton anunciou "uma pequena homenagem a Mercedes Sosa".
Zé Ibarra interpretou "Volver a los 17" na canção musicada do poema de Violeta Parra que Milton gravou com a cantora argentina.
Mais um momento de grande encontro com o público: "Fé cega, faca amolada" foi cantada em todos os cantos do Mineirão, junto a outra de forte apelo, "Paula e Bebeto". Na sequência, Milton anunciou "uma pequena homenagem a Mercedes Sosa".
Zé Ibarra interpretou "Volver a los 17" na canção musicada do poema de Violeta Parra que Milton gravou com a cantora argentina.
Pouco depois ele convidou Samuel Rosa ao palco, e o vocalista do Skank disse: "Eu já achava um baita privilégio habitar a Terra ao mesmo tempo em que esse gênio" e ressaltou o privilégio adicional de dividir o palco com ele, diante de "60 mil pessoas".
"Sua música está em movimento, sua música é pra sempre, sua música transforma as pessoas e o país. Obrigado, Bituca. Obrigado por existir", disse Samuel, antes de os dois cantarem juntos "O trem azul", de Lô Borges e Ronaldo Bastos, outra canção incluída somente neste show da turnê.
"Sua música está em movimento, sua música é pra sempre, sua música transforma as pessoas e o país. Obrigado, Bituca. Obrigado por existir", disse Samuel, antes de os dois cantarem juntos "O trem azul", de Lô Borges e Ronaldo Bastos, outra canção incluída somente neste show da turnê.
Samuel convidou Bituca a "ouvir o Mineirão lotado" e deixou a plateia cantar o refrão. E conclui: "Bituca na cabeça de todos nós para sempre!".
Duas canções de Tavinho Moura a partir do folclore levaram o público a dançar juntinho: "Cálix Bento", "Peixinhos do mar". Ao final, o medley foi encerrado com "Cuitelinho", de Paulo Vanzolini. "Cio da terra" encerrou esse set da apresentação.
Na sequência, Milton disse: “Como eu guardo vocês do lado esquerdo do meu peito, a próxima música eu dedico a todos vocês”, antes de entoar "Canção da América".
No trecho final do show, Milton emendou vários hits. Depois de "Canção da América", "Caçador de mim" e "Nos bailes da vida".
Ele recebeu mais um convidado em sua noite de despedida. Nelson Ângelo dividiu com ele os vocais de "Fazenda", de sua autoria.
Na sequência, ele chamou toda a equipe ao palco, começando por seu filho e empresário, Augusto Nascimento. Com delicadeza, Milton foi amparado por ele. Já de pé, agradeceu, agora sem mais palavras, a noite. Agradecidos e enlevados ficamos todos nós.
Ele recebeu mais um convidado em sua noite de despedida. Nelson Ângelo dividiu com ele os vocais de "Fazenda", de sua autoria.
"Bola de meia, bola de gude" foi a penúltima canção do repertório. Milton apresentou toda a banda que o acompanhou nesta turnê "A última sessão de música".
A plateia levantou os cartazes de “Obrigado, Bituca” antes da última canção, “Maria Maria”. Muito emocionado, disse: “Eu também amo vocês!". E seguiu-se uma interpretação enérgica de "Maria, Maria", com espaço para a plateia solar e fogos de artifício.
Após "Coração de estudante", já no bis, com o piano de Wagner Tiso e a voz de Milton, ele afirmou: "Viva a democracia".
Toninho Horta retornou ao palco para tocar ao lado de Wilson Lopes "Travessia". Zé Ibarra começou a cantar os primeiros versos da canção. Milton assumiu no trecho "solto a voz nas estradas, já não quero parar".
"Encontros e despedidas" encerrou o show. E Milton se dirigiu ao parceiro morto em 2015: "Fernando Brant, onde você estiver, eu te amo!". A hora do encontro é também despedida.
Na sequência, ele chamou toda a equipe ao palco, começando por seu filho e empresário, Augusto Nascimento. Com delicadeza, Milton foi amparado por ele. Já de pé, agradeceu, agora sem mais palavras, a noite. Agradecidos e enlevados ficamos todos nós.