Ao voltar do exílio, o poeta tropicalista Torquato Neto se isolou e se entregou ao alcoolismo, até tirar a própria vida, em 10 de novembro de 1972. Embora tenha morrido jovem, aos 28 anos, deixou um legado extenso, frequentemente revisitado.
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Festival dedicado à música experimental e de ruído chega a 12ª ediçãoEmocionado, Milton Nascimento ainda não viu as cenas de seu último showMilton Nascimento dá adeus aos palcos durante show apoteótico no MineirãoFrancis Hime está só (e muito bem acompanhado) em 'Estuário das canções'Músicos mineiros preparam série que vai contar a história do tangoTorquato Neto, o poeta da TropicáliaComo prévia do lançamento, em outubro, ela já havia disponibilizado nas plataformas digitais single com as canções “Let’s play that” (Jards Macalé e Torquato Neto) e “Quero viver” (Chico César e Torquato Neto), gravadas, respectivamente, com as participações de Macalé e Chico César.
Agora, o volume 1 de “Um poeta desfolha a bandeira” chega completo, com suas nove faixas, direção artística de Zeca Baleiro e produção musical de Rogério Delayon, Marion Lemonnier e Walter Costa.
Faixas
Além das faixas já citadas, o disco traz “Marginália II” (Gilberto Gil e Torquato Neto), “Três da madrugada” (Carlos Pinto e Torquato Neto), “Louvação” (Gilberto Gil e Torquato Neto), “Mamãe coragem” (Caetano Veloso e Torquato Neto). “Ai de mim, Copacabana” (Caetano Veloso e Torquato Neto), “Geleia geral” (Gilberto Gil e Torquato Neto) e “Cogito” (Rogério Skylab e Torquato Neto).
Acompanham Patrícia os músicos Rogério Delayon (guitarra), Luís Patrício (bateria), Celso Pennini (guitarra) e Thiago Corrêa (baixo), além dos instrumentistas de apoio Kuky Stolarski, Marion Lemonnier, Fernando Nunes, Loco Sosa, Bruno Santos e Richard Fermino.
Além de Macalé e Chico César, participam Maurício Pereira, Tonho Penhasco e os grupos Moda de Rock e Banda de Pau e Corda.
“Um poeta desfolha a bandeira” é um disco de múltiplas naturalidades. Algumas partes dele foram gravadas em São Paulo, outras no Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e até em Honfleur, comuna da França.
“A parte dos instrumentos foi gravada remotamente. Estávamos na pandemia e vivendo esse aprendizado de trabalhar remotamente”, conta Patrícia.
“Já era feito esse negócio de cada um gravar de seu home studio ou de algum outro estúdio e mandar para o produtor mixar. O desafio maior foi lidar com o tempo, porque todas as pessoas estavam envolvidas com outros trabalhos. Então, o deadline ficou um pouco flutuante.”
A dificuldade, segundo Patrícia, era na hora em que os músicos faziam as devoluções de suas partes gravadas. “Eu e o Zeca (Baleiro) ouvíamos e tínhamos que voltar com as gravações explicando os detalhes que a gente queria ajustar. Esse vai e volta foi desafiador, mas houve muita dedicação e colaboração de todos que participaram”, diz.
Dores e delícias
Com o lançamento do primeiro volume de “Um poeta desfolha a bandeira” depois do término das eleições presidenciais, Patrícia diz estar com a sensação “de que tudo deu certo”.
"A gente não caminha para a frente se não tem consciência das dores e das delícias”, observa. “A minha sensação é de que está tudo certo, porque acho que tem a ver com os ideais libertários e de comprometimento com a integridade da vida, que estão muito presentes na obra de Torquato.”
"UM POETA DESFOLHA A BANDEIRA – VOLUME 1”
• De Patrícia Ahmaral
• Independente
• 9 faixas
• Disponível nas plataformas digitais