O flautista, saxofonista e compositor carioca David Ganc, responsável pelos arranjos e adaptação das músicas do álbum “Clube da esquina” para formação de orquestra de flautas, aponta que esta será, possivelmente, a primeira vez que o disco lançado em 1972 ganha uma roupagem instrumental calcada apenas nos sopros.
Para comemorar os 50 anos do LP duplo de Milton Nascimento e Lô Borges e os 80 de seu principal artífice, Ganc e Alberto Sampaio, criador e regente da Flutuar Orquestra de Flautas, idealizaram o projeto “Flutuar Orquestra de Flautas apresenta Clube da Esquina – 50 Anos”, que, além dos concertos desta sexta (18/11) e sábado, conta com três oficinas gratuitas, nesta quinta (17/11) e sexta, ministradas pela dupla e por Mariana Bruekers, também na FEA.
O repertório do disco será executado praticamente na íntegra e na ordem em que foi gravado – apenas duas ou três faixas, como “Me deixa em paz”, parceria de Milton com Alaíde Costa, ficam de fora – pelos 20 músicos que integram a Flutuar Orquestra de Flautas, que ganham, no trecho final da apresentação, o reforço de outros 16, da Orquestra Flautti, criada no âmbito da FEA por Alberto Sampaio.
Formação singular
“A gente vê cada vez mais formações calcadas exclusivamente nas flautas, o que é algo bastante singular”, diz Ganc. Ele conta que a ideia do projeto em homenagem ao álbum “Clube da esquina” surgiu durante a pandemia, quando, sozinho em seu estúdio, começou a escrever diversos arranjos para flautas.
“A partir de uma sugestão da Associação Brasileira de Flautistas, o Beto (Sampaio) me convidou para apresentarmos esses arranjos, remotamente, com uma orquestra gigante. Juntamos 220 flautistas, de todos os estados do Brasil, cada um na sua casa, para executarmos esse repertório”, conta.
Entres os arranjos que escreveu, havia alguns para músicas do “Clube da esquina”. Com o arrefecimento da pandemia, Ganc propôs para Sampaio a realização de um trabalho inteiramente dedicado ao álbum, para ser apresentado em Belo Horizonte.
“Calhou de termos planejado isso há um ano e, nesse tempo, o LP e tudo em volta dele ter crescido mais ainda”, diz, aludindo ao aniversário de Milton, à turnê que marcou sua despedida dos palcos e ao fato de o disco ter sido recentemente escolhido como o mais importante da música popular brasileira. “Ficamos muito felizes com essa conjugação”, aponta.
Para Ganc, o maior desafio de se fazer a adaptação das músicas do “Clube da esquina” para o formato em que serão apresentadas foi harmonizar o conjunto de flauta piccolo, flauta em dó (a mais comum, que está presente em maior número na orquestra), e flauta em sol (tenor), a flauta baixo e a flauta contrabaixo (mais raras).
“As melodias são amplamente reconhecidas; a dificuldade foi fazer todo o entorno dar certo nessa formação, com a harmonia e o ritmo, além de ter de criar introduções e finalizações, porque no disco as músicas terminam em fade out. Foi necessário criar desfechos e introduções originais. Teve aí uma parte de composição mesmo, para fazer com que as músicas soassem conhecidas e inovadoras ao mesmo tempo”, afirma.
OFICINAS GRATUITAS
Nesta quinta-feira (17/11) e sexta, com acesso livre e gratuito, sem necessidade de inscrição prévia, com ingresso sujeito à limitação do espaço (180 lugares), serão oferecidas na Fundação de Educação Artística as oficinas “Clube da esquina – Música e movimento para jovens”, com a professora Mariana Bruekers; “Arranjando o ‘Clube da esquina’ para orquestra de flautas”, com o flautista David Ganc, e “Flauta – prática em conjunto”, com Alberto Sampaio.
“FLUTUAR ORQUESTRA DE FLAUTAS APRESENTA CLUBE DA ESQUINA – 50 ANOS”
Concerto com participação especial da Orquestra Flautti, nesta sexta-feira (18/11) e no sábado (19/11), às 20h, na Sala Alberto Magnani da Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). Ingressos a preços populares – R$ 2 (inteira) e R$ 1 (meia-entrada) –, com vendas presenciais na bilheteria da FEA, a partir de 2 horas antes de cada concerto.