Embora tenha pais pianistas, Duke Ellington (1899-1974) não pretendia ser músico. Tinha como maior paixão o beisebol. Com o passar dos anos, no entanto, percebeu que seu destino era outro e se dedicou ao piano. Escolha acertada, aliás. Ele se tornou um dos nomes mais proeminentes do jazz.
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Mariana Xavier traz a BH monólogo sobre a noite dos desesperadosWanda Sá grava o 'lado B' da bossa novaMúsicos mineiros preparam série que vai contar a história do tangoConfira a agenda cultural em BH deste Dia Nacional da Consciência NegraToquinho volta a BH, neste domingo (20/10), e faz show com a Orquestra OpusOvo, Desvio, Boulanger e DoContra são os 'filhotes' da Filarmônica de MinasDuke ainda foi responsável por transformar o hit comercial do metrô de Nova York “Take the A train” em clássico do jazz. A faixa havia sido composta por Billy Strayhorn (1915-1967) para divulgar a nova linha da cidade.
Legado inspirador
A importância deste legado fez com que a Orquestra Ouro Preto montasse um concerto em homenagem ao jazzista americano. A apresentação será realizada neste domingo (20/11), no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.
O concerto contará com Cristian Budu, pianista clássico premiado internacionalmente por interpretações de obras de Frédéric Chopin (1810-1849) e Robert Schumann (1810-1856).
“Em conversas com o próprio Budu, estávamos pensando em algo que fosse inusitado tanto para a Orquestra Ouro Preto quanto para ele próprio”, conta o maestro Rodrigo Toffolo. “Então, achamos que o Duke seria o nome ideal”, afirma, explicando que o lirismo das músicas do americano se encaixa no pianismo de Budu, ou seja, na técnica utilizada por ele.
A iniciativa foi concebida durante a fase crítica da pandemia para ser apresentada em formato de live, o que ocorreu em julho do ano passado. No entanto, os músicos sentiram a necessidade de apresentar o repertório no palco, com o público na plateia.
“É um projeto lindo, bem montado e com repertório recheado de músicas que não podem ser esquecidas de jeito nenhum. Ao mesmo tempo em que o Duke está lá, o jazz está lá, a levada dançante está lá, a melodia está lá, existe uma sonoridade diferente. Porque é uma formação pouco usual. Não é nem uma jazz sinfônica e nem trio de jazz. É algo que fica no meio”, explica o maestro.
Para conseguir chegar a esse formato, Toffolo recorreu ao arranjador Maurício Souza. Foi ele o responsável por fazer com que canções de Duke, geralmente executadas por no máximo 11 músicos, pudessem ser tocadas pela orquestra de 25 instrumentistas e Cristian Budu.
Souza fez com que o trio de jazz (piano, baixo e bateria) conversasse com o som das big bands produzido por instrumentos de sopro. Tudo isso alinhado com as cordas.
Mil vertentes do jazz
“Jazz é uma linguagem de encontros culturais, com a força matriz africana muito forte. Também traz colorações harmônicas que vêm de linguagens europeias, mas com pensamento musical totalmente diferente. É uma outra forma de expressão”, explica Cristian Budu.
O pianista destaca que o jazz “se desdobra em outras mil vertentes, que podem ser mais conservadoras para alguns, ou mais experimentais para outros”.
Embora conheça bem o jazz – criança, Budu escutava os pianistas Oscar Peterson (1925-2007), Art Tatum (1909-1956), Bill Evans (1929-1980) e o próprio Duke Ellington –, ele nunca se dedicou com muito afinco ao gênero. Sua carreira sempre foi ligada à música clássica.
“Jazz exige muito estudo e aprofundamento. Portanto, encarei a proposta do Rodrigo (Toffolo) como uma maneira de aprender, crescer e vivenciar a música de um jeito que não tinha feito antes. A gente está tocando com um pessoal que é fera no jazz”, ressalta. Budu diz que o baterista Jimmy Duchowny é “lenda viva do jazz”.
No palco, serão apresentadas “Take the ‘A’ train”, “Caravan” e “Sophisticated lady”. Destaque para “In a sentimental mood”, que ganhou nova versão da Orquestra Ouro Preto, com mais ênfase nos instrumentos de corda.
“Existem orquestras melhores que a gente. Mas igual a gente faz, ninguém faz”, garante Toffoli.
O maestro diz aceitar rótulos que recebe por seus projetos, como “excêntrico”, “inusitado”, “provocativo” ou mesmo “diferente”. E explica: “A Orquestra Ouro Preto tem isso. Nosso primeiro projeto provocativo de grande sucesso foi assim, fomos a Pernambuco buscar o Alceu Valença para fazer o ‘Valencianas’. E, de repente, estamos com Cristian Budu tocando Duke Ellington. Acho muito legal propor para as pessoas algo que elas não veriam com outras orquestras.”
ORQUESTRA OURO PRETO E CRISTIAN BUDU
Concerto dedicado a Duke Ellington. Neste domingo (20/11), às 11h, no Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria do teatro ou pelo site Sympla. Informações: (31) 3270-8100