O que dramas policiais, histórias de zumbi e filmes de artes marciais têm em comum? Podem parecer gêneros totalmente desconexos, mas o trio se combina bem no longa de suspense e terror sul-coreano “A maldição – despertar dos mortos”, em cartaz em Belo Horizonte.
Dirigido por Yong-wan Kim e com roteiro de Yeon Sang-ho (diretor de “Invasão zumbi” e “Invasão zumbi 2: Penísula”), o filme é um spin-off da série “The cursed”, lançada na Coreia do Sul em 2020 e disponível na Netflix.
OUTRO OLHAR
O enredo gira em torno de assassinatos aparentemente cometidos por pessoas que já morreram. A atriz Uhm Ji-won interpreta a jornalista Im Jin-hee. Ela descobre que o culpado pelos crimes é um feiticeiro que usa corpos de mortos-vivos para cometer os assassinatos. Apesar do elemento de terror presente na trama, este, definitivamente, não é o foco.
“A maldição” mais se parece versão genérica de “O ultimato Bourne” do que um filme de terror da nova onda deste gênero.
Ele parte de premissa extremamente (e estranhamente) interessante, que pode despertar curiosidade ao primeiro contato: os mistérios são resolvidos com facilidade e os vilões são fáceis de identificar. A trama se expande, mas não ganha maiores proporções, talvez por se tratar de adaptação da série de TV.
Dito isso, as sequências de ação são a principal aposta. Os mortos-vivos não se parecem com os de “The walking dead”. Pelo contrário. Lutadores de artes marciais extremamente capazes, eles lembram os longas de ação de Bruce Lee e cia. Combate corpo a corpo no elevador, perseguição de carro em alta velocidade, o filme traz de tudo.
Quando menos esperamos, surge novo elemento nesta mistura de gêneros cinematográficos. Uma terrível empresa farmacêutica faz experiências ilegais com pessoas em situação de rua.
Puro entretenimento, “A maldição” é daqueles filmes para assistir, relaxar e esquecer logo em seguida. Apesar da direção, edição e atuação eficientes, o longa não é (e nem almeja ser) memorável. Não veio para romper barreiras.
O longa chega no momento em que o cinema sul-coreano vem ganhando mais e mais destaque. A bem-sucedida estratégia do governo da Coreia do Sul de apostar no potencial industrial de sua cultura tem exportado para o mundo inteiro os k-dramas, na área audiovisual, e o k-pop, com destaque para a banda BTS.
“Invasão Zumbi” (2016) faz parte desse processo: o filme de Yeon Sang-ho estrelado por Gong Yoo, astro do cinema asiático, foi aclamado no Festival de Cannes e chamou a atenção no Brasil. Está disponível na Netflix.
PREMIAÇÕES
Dirigido por Bong Joon-ho, “Parasita” veio coroar a onda sul-coreana, com direito a quatro cobiçados Oscars em 2020: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro e melhor filme internacional.
Entre as séries, o fenômeno “Round 6” (2021), além de ser uma das produções mais populares da Netflix, conquistou prêmios importantes como o Emmy e o SAG.
Se para cada obra-prima há produções esquecíveis, “A maldição” se encaixa entre elas. É esquecível, mas com qualidade.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
“A MALDIÇÃO – DESPERTAR DOS MORTOS”
Coreia do Sul, 2022, 109min. Direção de Yong-wan Kim. Com Ji-Won Uhm, Ji-So Jung, Go Kyu-Pil e Kim In-Kwon. Jornalista investiga série de assassinatos cometidos por mortos-vivos comandados por um feiticeiro. Hordas de zumbis provocam o caos. Em cartaz em salas das redes Cinemark, Cinépolis e Cineart.