Jornal Estado de Minas

REPRESENTATIVIDADE

Marina Sena, Davi Kneip e Brisa Star levam raízes mineiras ao pop nacional

O que Marina Sena, Davi Kneip e Brisa Star têm em comum? Raízes mineiras. Os três se uniram em uma potente parceria que mistura ritmos em “Menina” e comentaram ao Estado de Minas sobre a representatividade de artistas de Minas Gerais no cenário pop/funk/piseiro nacional. 





Primeiramente, Davi contou como foi o primeiro contato dos três. “O sangue mineiro fala mais forte. A gente acabou se conhecendo pela internet. Essa música ‘Menina’ eu mandei para o pai da Brisa, o Juninho, e assim que ela escutou já animou”, disse.

“Assim que eles escutaram, imaginaram: ‘Nossa, é a cara da Marina Sena’. Acabou que foi uma junção doida e acho que é o feat mais aleatório do ano, pelo menos a gente já tem esse prêmio”, brincou o cantor.

Segundo ele, o fato dos três serem nascidos em Minas Gerais gerou essa aproximação. “A gente se conheceu no dia do clipe, acho que essa conexão foi muito forte. Falo que a gente virou amigos, parceiros. Acho que esse sangue mineiro fala muito forte. Termos raízes mineiras, até no nosso convívio, na nossa coletividade é muito forte porque pensamos muito igual”, ressaltou.





Enquanto Davi é de Belo Horizonte, Marina é de Taiobeiras e Brisa Star, Ibai, ambas no Norte de Minas.

Mistura de ritmos

Se o estado conecta os três, cada um segue um caminho distinto nos ritmos musicais: funk, pop e piseiro. Apesar disso, segundo Marina, a brasilidade também tem feito questão de unir todos. “Eu acho que o pop anda para esse caminho hoje, que é da mistura. Acho que o pop só realmente se estabelece num país quando todos os estilos musicais, os ritmos e gente fazendo música se comunicam e isso vira o pop. Então acho que basicamente a gente está fazendo uma coisa para onde caminha o mundo”, apontou a voz do hit “Por Supuesto”.

Ela continuou: “Acho que o mercado está se encaminhando cada vez mais para se misturar, entender que os ritmos podem, sim, conversar do que ficar uma coisa mais de nicho. Até para ultrapassar a coisa do nicho, tanto eles saírem do deles e irem para o meu, e eu também no deles, é importante fazer isso.”

Brisa também comentou sobre esta mistura. “Assim como eu queria ir para o de vocês na gravação, cismei que queria colocar minha parte no trap, mas deixei isso para vocês. Fiquei no piseirinho mesmo”, disse. 





“A nossa música é difícil falar qual gênero musical ela pertence. É algo pop nacional que são vários estilos misturados. É um ‘love song’ de gêneros diferentes, acredito que a galera vai gostar porque a gente veio mostrando nossa identidade e entrando em outras que ainda não tínhamos explorado. Esse feat é algo interessante para a carreira dos três, algo diferente e inovador”, ressaltou Davi.

Clipe

O cantor também comentou sobre a ideia do clipe: “A gente introduz uma situação muito bacana. Por exemplo, temos sempre um grupo de amigos muito próximos, que a gente gosta bastante. Quando a pessoa começa a se relacionar, no caso do nosso clipe, a gente perde um ‘guerreiro’, né? Então acho que os amigos não sabem se ficam felizes ou tristes quando tem alguma pessoa casando. É um sentimento de duplicidade, uma bipolaridade”, afirmou.

Nesse sentido, os três comentaram se na vida real são do “rolê” ou caseiros. “Eu amo um rolezinho”, ressaltou Brisa. “Gente, eu amo dormir, ficar em casa. Amo sofá, cama, roupa de cama, travesseiro. Eu gosto de festinha em casa também”, respondeu Marina. “Já eu, gosto muito de sair. Eu sou muito suspeito porque se deixar eu saio de segunda a segunda”, contou Davi.





Brisa possui apenas 14 anos, enquanto Marina tem 26 anos e Davi Kneip, 23. Por isso, nos bastidores das gravações eles contaram um fato curioso: “Eu e a Marina, a gente tinha muito medo de falar qualquer coisa perto da Brisa. Mas descobrimos que ela é pior que a gente”. A cantora brincou: “Não fala palavrão perto da menina”. E Davi completou: “Aí ela no tiktok com músicas que falavam coisas pior que a gente”.
 

 

Representatividade mineira

Desse modo, os artistas ressaltaram a importância de uma representatividade mineira no cenário nacional. “Eu acho que todos os artistas que vêm de Minas estão trazendo uma grande representatividade na música brasileira em si. Acho muito legal que todos tenham orgulho de falar que são mineiros”, apontou Davi.

“O que falei esses dias foi que eu tive a honra de participar de um mesmo evento que o Djonga e ele foi muito pioneiro nessa questão de identidade, da musicalidade mineira, do discurso. É muito importante para um artista ter um discurso. Então a Marina ter o dela, a Brisa e eu também, quando a gente começa a ter um discurso e ele ser associado de onde viemos, traz uma grande diferença na musicalidade brasileira e também na identidade mineira no cenário musical. Isso em si, acho que todo artista que vem de Minas está trazendo bastante e está ganhando respeito. A música mineira está ganhando respeito, o funk, pop e o piseiro mineiro”, destacou.





Enquanto Marina ressaltou que, para ela, levar também sua região é ainda mais forte. “A gente leva representatividade do Norte de Minas, que é também uma coisa específica. Quando as pessoas perguntam: ‘Você é mineira?’. Eu falo: ‘Não, sou norte-mineira’. É como se fosse uma coisa diferente da outra. Ou você é mineiro ou é norte-mineiro”, disse.

Ela explicou: “É porque o Norte de Minas é específico, até culturalmente falando, do resto de Minas Gerais. Temos uma proximidade com a Bahia então há uma relação muito forte com a cultura baiana. Tanto que, quando eu me mudei para Belo Horizonte, as pessoas perguntavam se eu era baiana. Porque nosso sotaque é muito diferente, tudo muda.” 

“Então, até o momento que eu estava com a minha primeira banda ‘A outra banda da lua’, uma bandeira que a gente levantava muito era do Norte de Minas porque é realmente muito importante trazer essa visibilidade”, acrescentou.

Para ela, faltam investimentos culturais na região. “Eu sempre tive uma relação de apego com o Norte de Minas, mesmo porque eu sinto que falta investimento, que precisamos olhar mais para a região. Até essa coisa de eu chegar na capital e acharem que eu sou baiana, dentro do próprio território mineiro as pessoas não conseguem entender a diversidade que existe. Eu não vou conversar igual uma pessoa de BH, eu converso igual a pessoa do Norte de Minas, é outra coisa, outra viagem. Até trazer isso, se empoderar desse discurso acho”, declarou.

“Eu sou Marina de Taiobeiras. Todo final de show eu falo isso porque acho importante falar: ‘Oh gente, eu vim do interior de Minas Gerais, que é outra história, outra viagem, outro jeito de falar. É assim que a gente fala, assim que a gente se comporta, vai ter que aceitar’”, concluiu a artista.