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Série 'Le monde de demain' mostra como o hip-hop conquistou Paris

Produção francesa da Netflix revela o início da trajetória de Kool Shen, JoeyStarr, Dee Nasty e da banda NTM, astros do rap, nos subúrbios da Cidade Luz


24/11/2022 04:00 - atualizado 23/11/2022 21:48

Atores Melvim Boomer e Anthony Bajon cantam em estúdio, observados por jovens, em cena da série Le monde de demain
JoeyStarr (Melvim Boomer) e Kool Shen (Anthony Bajon) formaram o grupo NTM, destaque do rap francês (foto: Netflix/divulgação)

 

“Le monde de demain”, nova série em cartaz na plataforma Netflix, mostra o surgimento do hip-hop na França. Baseada em fatos ocorridos nos subúrbios parisienses na década de 1980, mais notadamente em Saint-Denis, a trama destaca o “lado b” da cidade associada ao luxo e ao charme, pouco visto nas produções do mainstream.


No centro da história estão três jovens que têm de lidar com os próprios sonhos, na contramão do que a sociedade espera deles. Bruno, Didier e Daniel, mais tarde, se tornarão os rappers Kool Shen, JoeyStarr e Dee Nasty.


Antes da fama, a jornada do trio passa por desafios como o abuso por parte de pais violentos, o “corre” para sobreviver em Paris e repressão policial.


Bruno sofre a pressão da família para se tornar craque do time do Lens. Didier é recorrentemente espancado pelo pai, com quem vive desde a suposta morte da mãe.

Elenco de primeira

Os rapazes aprendem a dançar break, capricham nas rimas, promovem festas reprimidas pela polícia. A série mostra como surgiu o aclamado grupo NTM, formado por Kool Shen e JoeyStarr em 1989. Os rappers são brilhantemente defendidos pelos atores Anthony Bajon (Shen), Melvin Boomer (Starr) e Andranic Manet (Nasty).


Também se destaca Laïka Blanc-Francard, que dá vida a Lady V, codinome de Virginie Sullé. Dançarina, grafiteira e mulher de Kool Shen, ela morreu aos 29 anos, em acidente de carro.


A jovem Virginie frequenta os arredores do famoso condomínio modernista Les Olympiades, onde se envolve com Kool. Lady V está no centro da interseção entre grafite, rap e breakdance – pilares da cultura hip-hop. Determinada, conquista seu espaço naquele universo predominante masculino.

 

Atriz Laïka Blanc-Francard está sentada numa rádio em cena da série Le monde de demain
Lady V (Laïka Blanc-Francard): a força feminina no hip-hop (foto: Netflix/divulgação)
 


Em seis episódios, a série ajuda a compreender como o hip-hop surgido entre os negros norte-americanos conquistou espaço na cultura francesa.


“Le monde de demain” (“O mundo de amanhã”, em português) mostra também por que nem todos os descendentes de imigrantes africanos, árabes ou latino-americanos que fazem parte da sociedade francesa compartilham do sonho de Benzema, Pogba, Kanté e companhia de brilhar no futebol.

“LE MONDE DE DEMAIN”

Série francesa dirigida por Kattel Quillevere, Helier Cisterne, Vincent Poymiro e David Elkaim. Primeira temporada, com seis episódios. Disponível na plataforma Netflix.

 

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


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