Jornal Estado de Minas

AUDIOVISUAL

Festival em BH destaca cinema experimental feito com drones


A tecnologia de geração de imagens por drone, cada vez mais popular, tem forte impacto sobre o audiovisual. Neste domingo (27/11), será encerrado o 4ª No Ar Drone Film Fest Brazil, que leva meia centena e curtas-metragens de 28 países ao Cine Santa Tereza, em Belo Horizonte. É o primeiro evento da América Latina dedicado à cinematografia voltada para essa técnica.





“O festival busca quebrar o entendimento reducionista de que drone serve apenas para fazer imagens aéreas, de que ele é meramente o substituto barato para helicópteros e oferece apenas imagens que estamos acostumados a ver em satélites”, afirma o idealizador do No Ar Fest, Paulo T. G. Pinto, mestrando em cinema e graduado em engenharia de controle e automação.

De selfies a experimentações

Divididos em 11 categorias, os filmes abrangem de performances artísticas a selfies em vídeo, passando por experimentos conceituais.

“As pessoas podem se perguntar: por que ir a um festival de cinema para ver selfie? Porque não é uma selfie qualquer. Há movimentos de câmera inéditos, com deslocamentos de até 500 metros”, explica Paulo Pinto. Os filmes têm de 30 segundos a 12 minutos.

“Em 2018, quando comecei a percorrer festivais com minhas obras utilizando drones, me dei conta de que existe uma linguagem muito vasta nesse tipo de cinematografia. Percebi que e ela ganharia enorme proporção nos anos seguintes”, conta Paulo.





Os filmes foram divididos em várias categorias: paisagens naturais; urbano e arquitetura; esportes e aventura; arte e música; conceito (obras experimentais ou abstratas, com texturas visuais que remetem a instalações artísticas); documentário; ficção, show reel (portfólios de produtoras audiovisuais); viagem e vlog; dronie (videoselfies na forma de planos-sequência); hyperlapse (combinação entre timelapse e movimento de câmera); e FPV (visão em primeira pessoa).

Na mostra competitiva, destaca-se a estreia da húngara Nina Kov como diretora. Coreógrafa vencedora do Oscar com o curta-metragem “Sing” (2016), ela é pioneira criação de dança entre seres humanos e drones. O curta “Ascension bells” (2021) foi exibido pela primeira vez fora do país natal de sua autora.

Paulo Pinto também destaca “Recalibrando” (2021), do diretor americano Andrew Demirjian, ficção científica sobre a empreitada de um drone controlado por inteligência artificial em busca de vida em planeta pós-apocalíptico.




Game e suspense

Além dose filmes que concorrem aos prêmios do júri, a mostra não competitiva traz a recriação de videogame “Mixed Motion Project” (2017), a ficção infantil “Cadete de papelão” (2017), a sinfonia urbana “Hyperia” (2019) e o suspense “Protesto” (2018).

“Estamos interessados no campo da experimentação. Buscamos obras que, muitas vezes, não têm maturidade cinematográfica desenvolvida. É mais interessante enxergarmos as inovações no momento em que aparecem do que esperar que elas se assentem”, defende Paulo Pinto.

O evento tem entrada franca e o público poderá votar em seus curtas favoritos. A cerimônia de premiação ocorrerá neste domingo (27/11).

NO AR DRONE FILM FEST BRAZIL

Neste sábado (26/11), a partir das 16h. Cerimônia de premiação amanhã (27/11), às 19h. Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza). Entrada franca. Entradas disponíveis no site DiskIngressos e na bilheteria, meia hora antes das sessões. Informações: noar.ticotico.tv

* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria