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Estado de Minas LITERATURA

Fórum das Letras dá voz às mulheres e LGBTs, a partir desta terça (29/11)

Evento retoma o formato presencial em Mariana e Ouro Preto, apesar das dificuldades impostas por cortes de verbas nas universidades federais


28/11/2022 04:00 - atualizado 27/11/2022 21:21

Duda Salabert está na rua, de braços cruzados, olhando para a câmera. Atrás dela vê-se a cidade
Professora de literatura, Duda Salabert, eleita a primeira deputada trans de Minas, vai abrir o Fórum das Letras (foto: Douglas Magno/AFP)

Mulheridades. O neologismo tematiza o 17º Fórum das Letras, que tem início nesta terça-feira (29/11). Em sua primeira edição presencial desde 2018, o evento realizado pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) vai se dedicar à produção dos “grupos de vozes silenciadas”, expressão utilizada pela professora e escritora Guiomar de Grammont, que organiza o encontro com Mônica Gama, colega de docência na instituição.
 
“O termo não se refere não apenas às mulheres, mas também aos grupos LGBTs. Houve muitas melhorias nos indicadores sociais, de saúde e de educação, sobretudo nos anos (de gestão no governo federal) do PT, mas após quatro anos de política muito destrutiva dos direitos sociais, foram estes os grupos mais atingidos. Quisemos abordar grupos presentes na produção literária na contemporaneidade, mas que muitas vezes estiveram alijados de acesso ao trabalho ou até da educação superior.”
 
Professora Guiomar de Grammont em frente a igreja barroca em Ouro Preto
Organizadora do Fórum, Guiomar de Grammont anuncia que o tema "mulheridades" vai nortear a 17ª edição do encontro mineiro (foto: Youtube/reprodução)
 

Museu da Inconfidência

Até sexta-feira (2/12) o evento segue com debates, palestras, lançamentos literários, exibições de filmes e apresentações culturais em Ouro Preto. A programação será concentrada no anexo do Museu da Inconfidência, mas a abertura, amanhã, ocorrerá em Mariana, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais, órgão da Ufop.
 
Vereadora em Belo Horizonte e primeira deputada federal trans de Minas Gerais, eleita em outubro, Duda Salabert (PDT) fará a palestra inaugural. Vai abordar universidade, inclusão e política. “Como professora de literatura e ativista ambientalista, a Duda vai falar sobre isso. Mas, sobretudo, sua fala terá um viés político, por seu ativismo pelas pessoas LGBT”, continua Guiomar.
 
A partir de quarta (30/11), o Fórum dá início à programação de debates, com grande enfoque à presença de mulheres na literatura. Quatro autoras da mesma geração, três com atuação acadêmica (Leca Kangussu, Junia Carvalho e Celina Lage), vão se reunir em uma mesa para tratar de literatura e arte. O quarteto se completa com a escritora Carla Bessa, brasileira que vive em Berlim.
 
Foto mostra o rosto da filósofa americana Angela Davis, que sorri
Filme vai lembrar dimensão planetária da militância feminista e antirracista da americana Angela Davis (foto: Andreas Solaro/AFP)
 
 
Em parceria com o canal Futura, o evento exibirá dois filmes que também tratam do feminino. Um deles é o documentário “Libertem Angela Davis” (2012), de Shola Lynch, que acompanha a trajetória da professora de filosofia e ativista americana dos direitos humanos, símbolo da luta pelos direitos das mulheres e dos negros.
 
O outro é a ficção espanhola “A Academia das Musas” (2015), de José Luis Guerín, sobre um professor de filologia que promove seminário sobre o papel das mulheres como musas. Ambas as exibições serão seguidas de debates.

Poesia da Babilônia

Na seara dos lançamentos literários, o mais importante é de “Epopeia da criação” (Autêntica Editora), com tradução de Jacyntho Lins Brandão. O professor emérito de língua e literatura grega da UFMG traduziu o poema babilônico, também conhecido como “Enuma Elis”, escrito há três mil anos. A transposição para o português foi do acádio, língua do ramo semítico originária da Mesopotâmia.
 
“Com alto valor poético, a obra serviu para compor mitologias posteriores, inclusive textos bíblicos do Gênesis”, comenta Guiomar.
 
De autoria desconhecida, o texto de “Epopeia da criação” foi localizado em 1849 nas ruínas de uma biblioteca nas proximidades da atual Mossul, no Iraque.

Após o encerramento na sexta-feira (2/11), com sarau de poesia na livraria Outras Palavras, encontro que será capitaneado pelo coletivo Mulherio das Letras, o Fórum segue com programação on-line.

Agenda on-line

No dia 7 de dezembro haverá duas mesas-redondas com acadêmicos italianos e brasileiros, que vão discutir a obra de Pier Paolo Pasolini no centenário de nascimento do cineasta e escritor. Os encontros virtuais terão dois vieses: a literatura (às 11h) e a sociedade (às 15h). As transmissões ficarão disponíveis no canal do YouTube do evento.
 
Depois de duas edições on-line (2020 e 2021), Guiomar celebra o retorno do Fórum das Letras ao formato presencial.
 
“Aproveitamos bem a possibilidade que o on-line nos oferece, conversando com autores e professores de várias partes do mundo. Em 2020, organizamos, com a Bienal do Livro de São Paulo, as mesas em homenagem a Clarice Lispector. No ano passado, discutimos a crítica literária. Mas entendemos que o evento, sobretudo em uma cidade turística como Ouro Preto, deve ser presencial”, afirma Guiomar.
 
Criado em 2005, o Fórum das Letras teve grandes edições, com presença de autores brasileiros e estrangeiros. Encolheu muito nos últimos anos. Guiomar confirma a falta de recursos e a realização do evento no formato possível, graças aos apoios recebidos.
 
“As universidades federais foram muito atingidas pelo governo Bolsonaro e sempre contamos com os recursos da Ufop. Com os cortes, esse apoio é muito menor”, explica a professora da Ufop.

Sem lei de incentivo

De acordo com Guiomar, desde que o atual presidente foi eleito, o Fórum optou por não inscrever o projeto na Lei Federal de Incentivo à Cultura, “justamente porque não queríamos ter o apoio enquanto este governo estivesse no poder”. Guiomar diz que a eleição de Lula a animou a retomar o formato presencial.
 
“Esperamos que com a mudança de governo haja a retomada de todos os eventos culturais e literários, sobretudo aqueles ligados às universidades. Tem que haver o fortalecimento do ensino público e gratuito, que estava sendo sucateado. Aliás, ainda está”, finaliza.
 

DEBATES E PALESTRAS


Terça (29/11)

19h – Abertura: “Universidade, inclusão e política”, com Duda Salabert. No Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), em Mariana

Quarta (30/11)*

10h – Exibição do documentário “Libertem Angela Davis”, de Shola Lynch, seguida de debate com Nathalia Barroso e Carolina Anglada

14h30 – “Histórias de todas nós”, com Ângela Xavier

15h30 – “Literatura a peito 
aberto”, com Isaías Gabriel Franco, Ana Lídia e Nino Stutz

17h – “Edição, livros, tipografia e cinema”, com Letícia Santana Gomes, José de Souza Muniz Jr. 
e Bruno Martins

19h – Lançamento de “Epopeia da criação: Enuma Elis” e conversa com Jacyntho Lins Brandão

Quinta (1/12)*

10h – Exibição do filme “A Academia das Musas”, de José Luis Guerín, seguida de debate com Mônica Gama e Emílio Maciel

14h30 – “Como publicar seus livros e artigos?”, com Sérgio França

15h30 – “Mulher, literatura e arte”, com Leca Kangussu, Junia Carvalho, Celina Lage e Carla Bessa

17h – “O tempo da poesia”, com Kiko Ferreira, Mario Alex Rosa e Alicia Duarte Penna

19h – “Poesia em diversas linguagens”, com Emilia Mendes, Carlos Melo e Rômulo Ferreira

*A programação será realizada no anexo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto 
 

FÓRUM DAS LETRAS

Em Ouro Preto e Mariana, de terça (29/11) a sexta-feira (2/12), no formato presencial, e 7 de dezembro, on-line, com transmissão pelo canal do evento YouTube. Gratuito. Informações: https://forumdasletras.ufop.br 


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