Fãs do cinema de animação, com certeza, se lembram do filme brasileiro “O menino e o mundo” (2013), indicado ao Oscar da categoria em 2016. O diretor Alê Abreu está de volta com “Perlimps”, desenho animado sobre agentes secretos de reinos rivais que precisam se unir para encontrar criaturinhas capazes de impedir uma guerra iminente. Os protagonistas são dublados por Giulia Benitte, Lorenzo Tarantelli e Stênio Garcia.
O filme chegará às salas de cinema em fevereiro de 2023, mas a trilha sonora já está disponível nas plataformas de streaming. O álbum tem 29 faixas compostas por André Hosoi.
Hosoi conta que Milton serviu como norte para a produção da trilha. A construção ocorreu paralelamente ao desenvolvimento do filme e busca refletir a dualidade solar-lunar do enredo.
“A música tem importância enorme neste filme. Ela carrega as emoções da história e está presente o tempo todo”, diz Hosoi. Nem todas as músicas são canções, algumas são temas que remetem a climas da trama. Melodias dialogam diretamente com as cores vistas na tela.
“É trilha com muitos timbres diferentes, não só aqueles mais convencionais. A gente procurou não ir para o lado da trilha clássica de cinema. Uso percussão corporal, a marca do Barbatuques, e há cordas de outros países. Tem instrumento chinês, colombiano, venezuelano”, conta.
A trilha reforça momentos mais escuros, introspectivos, e de ação, com luz e claridade. A inspiração veio da sonoridade psicodélica das bandas Tame Impala e Boogarins.
“Animação é um composto de tudo: trilha, imagem, roteiro e tudo o que ele propõe. Neste filme, a trilha é muito importante. Participei da pré-estreia, no Rio de Janeiro, e essa importância foi muito comentada”, diz o músico.
De olho no Oscar
“Perlimps” foi exibido nos festivais de cinema do Rio e São Paulo. Vem cumprindo agenda no exterior, com boa repercussão de crítica. Especula-se que a animação vá brigar pelo Oscar, assim como ocorreu com “O menino e o mundo”.
“É um filme muito diferente de 'O menino e o mundo' nas cores, nos diálogos em português, nos traços. Ele é todo exuberante, tem muita trilha, muita cor, muito tudo. Ele transcende o real”, finaliza André Hosoi.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria