Localizado entre a avenida Mofarrej e a rua Othão, o canteiro virou um dos espaços do Cores do Mundo, projeto da ONG Estou Refugiado iniciado em 2020.
Segundo Luciana Capobianco, fundadora da ONG, o Cores do Mundo começou com um convite para que artistas pintassem tapumes para aliviar angústias do primeiro ano de pandemia de Covid-19. "São Paulo estava cinza, as pessoas em casa, e quem via as obras na rua adorava", afirma.
"E deu super certo, nomeei Cores do Mundo para fazer 'andar por aí', diz. Desde então, afirma Luciana, o interesse pelos locais cresceu e tem rendido trabalho a artistas de diferentes países.
"Aconteceu o mais inusitado: uma pessoa parou na rua, tirou foto e disse 'quero comprar o tapume', agora estamos com demanda de empresas construtoras querendo fazer", diz ela. O trabalho nos 400 metros de muro na Vila Leopoldina é um desses pedidos, contratado pela Brookfield Properties, empresa do ramo imobiliário, e mediado pela ONG.
Segundo Luciana, a ideia é dar visibilidade aos artistas e auxiliar na criação de uma rede para que eles possam comercializar seu trabalho.
Foi no Cores do Mundo que a venezuelana Maria Eva Rojas Briceño, 64, juntou sua experiência de artista plástica com vitrais à oportunidade de trabalhar em um cenário diferente, um muro de obra.
"São Paulo é uma cidade colorida, cheia de arte. Sinto que aqui posso fazer o que realmente me apaixona, que é arte", diz Maria Eva, que é casada com um brasileiro e veio para o Brasil há dois anos.
Davi Didishvili, conhecido como Dato em sua cidade natal, deixou a Geórgia, ex-república soviética, com a família em 1993, aos 12 anos de idade.
"É importante mergulhar mais nas informações sobre esses países, entender mais coisas sobre os países e seus conflitos. Para mim é interessante, porque tivemos vários em meu país", afirma, em referência aos conflitos em sua terra natal.
Filho de pai artista, mudou-se para a Rússia com os pais, estudou cenografia e teatro e diz que arte é sua vida. Dato chegou ao Brasil em 2012, casou-se com uma brasileira, tem dois filhos e vive em São Paulo com a família.
Para ele, o projeto ajuda no desenvolvimento do negócio e nas habilidades próprias. "A história do artista é a história do desenvolvimento de sua arte", afirma.
É o que também diz o artista de Angola Landu Makanda, que chegou ao Brasil em janeiro deste ano e diz que o trabalho é uma oportunidade para conhecer outras formas de pintar.
"Me ajudou a conhecer outros artistas, estrangeiros e brasileiros. Artista tem que conhecer o mundo todo, outras técnicas e melhorar a própria maneira de trabalhar."