Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Márcio Andorim lança 'Limiar' e aposta na diversidade à moda mineira


O álbum independente “Limiar”, do cantor e compositor Márcio Andorim, marca a estreia fonográfica do mineiro. O disco conta com participações especiais de Toninho Horta, Sérgio Santos, Kristoff Silva e Elisa Paraíso, entre outros.





“Limiar” exalta a brasilidade. “Fiz uma abordagem muito pessoal. Tenho referências harmônicas peculiares, que vêm muito da escuta do Clube da Esquina, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e do Toninho Horta. Na verdade, faço música brasileira a partir de Minas Gerais, mas com fusões muito singulares”, explica Andorim.
 
Das 12 faixas, 11 são canções e a outra é tema instrumental. “Já tenho mais 15 prontas para um novo disco. No próximo, vamos fazer escolhas mais minimalistas, talvez algo mais violonístico”, diz ele.

“Nem no lápis, nem na mão” traz participação especial de Toninho Horta e a colaboração dos músicos Bruno Vellozo (baixo), Felipe Continentino (bateria), Serginho Silva (percussão) e Christiano Caldas (teclados).





É faixa que mais se conecta com o legado do Clube da Esquina, “por causa da levada, que ressoa criações do próprio Toninho, Milton, Beto Guedes e Lô”, diz Márcio. “É solar e suingada, o que foi acentuado pelo trabalho de percussão do Serginho Silva.”

“Saudade cabocla” é a primeira parceria de Márcio com Thiago Nunnes. “A admiração pela música africana me inspirou a compor essa canção”, conta. O suingue afro também ficou a cargo de Serginho Silva.

Congado de Resende Costa

“Ginga rainha” é pura mineiridade, parceria com Murilo Santiago, interpretada por Márcio e Sérgio Santos. “Quando criança, na cidade onde cresci, Resende Costa, observava grupos de congado que vinham se apresentar na Festa do Rosário. Aqueles cânticos e batuques foram experiência estética forte para mim”, revela.





Já “Ciranda em cores” tem pegada axé e harmonia mineira. “É uma canção baianeira, pois exala amor à diversidade brasileira”, afirma o autor.

A instrumental “Introdução para 'Nem no lápis, nem na mão'”, composta por Toninho Horta, tem história curiosa. “A introdução ficou muito longa e ficaria inviável utilizá-la na música propriamente dita. Então, a gente decidiu criar uma faixa só para ela”, explica Andorim.

A faixa título, parceria de Márcio com Thiago Nunnes, foi composta em 2016. A letra surgiu da insônia.
 
“Fui compondo enquanto não dormia. Fiz daquele período sofrido uma limonada”, conta Márcio. “Limiar” é cantada em dueto com Kristoff Silva. “Ser semente e beber chuva/ Não bastou mais para mim/ Quando percebi/ Que sou a madrugada/ fazendo-se sol”, diz a letra.

Andorim diz que o repertório foi composto aos poucos. “Comecei a estudar violão com o Thiago Nunnes, produtor do disco, e ele ficou me botando pilha para gravar um álbum. Em 2016, finalmente topei. Já tinha até feito algumas canções, porém comecei a compor outras que vieram desaguar no repertório deste projeto”, explica.





“Escrevo poemas há muito tempo, foi experiência bacana poder trabalhar com canções, o que é outra história, ou seja, vestir melodias com palavras”, afirma Márcio.

O projeto autoral tem quatro parcerias: ele fez criou duas canções com Thiago Nunnes e outras duas com Murilo Santiago.

“Fizemos dois singles-clipes antes de lançar o disco. O primeiro teve a participação do Toninho Horta, em 'Nem no lápis, nem na mão', canção que exala mineiridade e dialoga com o repertório do Clube da Esquina”, afirma.

O segundo clipe é “Saudade cabocla”, em que Márcio está sozinho. “Agora estou lançando 'Ginga rainha', o terceiro, que traz a participação de Sérgio Santos. Devo fazer o quarto no ano que vem”, anuncia.




Show nos planos

No momento, ele ensaia em estúdio com um trio. “Daqui a pouco estaremos prontos para fazer alguns shows, dependendo, é claro, das oportunidades”, comenta, lembrando que “Limiar” demorou a sair porque é produção independente e teve de enfrentar a paralisação dos trabalhos por causa da pandemia.

“Gravamos as bases, baixo e bateria no estúdio que o Thiago Nunnes tem na Rua Santa Cecília e o resto em outro, na casa dele”, diz. “Outras coisas foram gravadas a distância mesmo, como a rabeca, por exemplo. Sopros foram complementados em estúdios fora daqui de BH, mas foi pouca coisa. A maior parte foi nesses dois estúdios do Thiago mesmo.”

Arranjos, produção musical e executiva de “Limiar” ficaram a cargo de Thiago Nunnes, com mixagem de Arthur Damásio e masterização de Fernando Delgado.

(foto: Reprodução)

“LIMIAR”

.Disco de Márcio Andorim
.12 faixas
.Disponível nas plataformas digitais