O príncipe Harry, filho mais novo do rei Charles III, e sua esposa Meghan criticam o “contrato não escrito” entre a família real e a imprensa britânica que os “explora”, na polêmica série documental que estreou nesta quinta-feira (8/12), na plataforma Netflix. O casal também denuncia o racismo.
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“Há, essencialmente, um ramo estendido das relações públicas da família real, um acordo que existe há mais de 30 anos”, afirma Harry, de 38.
O filho da princesa Diana responsabilizou a mídia sensacionalista pela morte de sua mãe enquanto era perseguida por paparazzi em Paris, em 1997.
“Esta família é nossa para explorarmos, seus traumas são nossas histórias e controlamos a narrativa”. Assim Harry descreve o pensamento dos meios de comunicação britânicos sobre o “contrato não escrito” com os Windsor.
O príncipe denunciou a campanha de propaganda negativa contra ele e a mulher, que foi estendida para amigos e familiares de Meghan nos Estados Unidos.
A série começa com a história de amor entre Harry e a atriz, fervorosa feminista criada em Hollywood, e avança pelos três primeiros capítulos até a véspera do casamento dos dois, em maio de 2018.
Os três episódios seguintes, que entrarão em cartaz em 15 de dezembro, provavelmente serão mais nocivos para a família real. Vão detalhar os motivos que levaram o casal a abandonar a monarquia, em 2020, para viver na Califórnia.
Racismo em Buckingham
Mal recuperada da morte de Elizabeth II, ocorrida em setembro, a realeza britânica se prepara para acusações potencialmente explosivas no momento em que busca modernizar sua imagem, impulsionada pelos novos monarcas Charles III e Camilla, e os herdeiros William e Catherine.
O Palácio de Buckingham não emitiu comentários antes da estreia da série. Entretanto, fontes do palácio real, citadas pelo jornal Daily Mail, asseguraram que os monarcas estão “um pouco fartos” dos constantes ataques.
Na primeira parte da série, Meghan faz alusão ao racismo que denuncia ter sofrido – do broche com uma cabeça negra usado pela esposa de um primo de Elizabeth II, no primeiro jantar de Natal com a atriz, em 2017, a imagens e comentários sobre o passado colonial do império britânico.
“Há um altíssimo nível de preconceitos inconscientes”, reforça Harry, revelando que ele próprio teve de corrigir a educação que recebeu quando era criança.
A série chega em péssima hora para a família real britânica, atingida na semana passada por um escândalo de racismo. A madrinha de William foi dispensada como dama de honra após fazer comentários ofensivos a uma convidada negra no Palácio de Buckingham.
Em 2021, em entrevista concedida à estrela da televisão americana Oprah Winfrey, Harry e Meghan acusaram um integrante da família real de se preocupar com a cor da pele dos futuros filhos do casal. Porém, não citaram nomes.
Com testemunhos de amigos do casal e colaboradores, a série explica, por exemplo, como a ex-colônia britânica da Jamaica foi o centro de um lucrativo comércio de escravos, cujos navios foram financiados durante séculos pelos reis ingleses.
Benefícios vindos desse sistema racista permitiram “construir o maior império que o mundo já viu”, ressalta o programa.
A impopularidade do duque e da duquesa de Sussex no Reino Unido, onde são acusados de tirar vantagem financeira da monarquia sem participar de suas obrigações, não parece melhorar com o documentário da Netflix.
Especialista acusa: 'Hipócritas'
“Eles são hipócritas. Por um lado, dizem querer privacidade. Por outro, vejam o que publicam”, diz o comentarista real Richard Fitzwilliams a respeito de Harry e Meghan. Richard já trabalhou para a britânica BBC e a americana CNN.
Na opinião de Fitzwilliams, o príncipe e a mulher têm dois motivos para agir dessa forma: “Ganhar muito dinheiro e dar sua versão, como forma de vingança”.
Contudo, pondera o comentarista, o casal não se dirige ao público britânico, “mas ao mundo inteiro, com os Estados Unidos no centro.”
A série “Harry & Meghan” é dirigida pela americana Liz Garbus, especialista em documentários. Ela foi indicada ao Oscar duas vezes, por “The farm: Angola, USA” (1998) e “What happened, miss Simone?” (2015).
O primeiro documentário aborda o dia a dia numa prisão de Angola, sob a perspectiva dos presidiários. O segundo retrata a complexa personalidade da cantora e compositora Nina Simone (1933-2003).
Imprensa sensacionalista ironiza o casal “Kardashian”
“Sabotagem”. “Declaração de guerra”. “Harry, por que você odeia tanto a sua família?”.
Estas são as manchetes dos jornais sensacionalistas ingleses, que sempre preferiram William e Catherine, considerados o casal perfeito e com senso de dever impecável. Já Harry e Meghan são comparados às “Kardashians”, por ganhar dinheiro ao expor a vida pessoal aos quatro ventos.
Desde que deixaram a família real, o duque e a duquesa de Sussex assinaram contratos lucrativos, estimados em mais de US$ 100 milhões, com a Netflix e o Spotify. Em janeiro, Harry publicará suas memórias no livro “Spare”.
O jornal “The Sun”, que criticou a “autopiedade obsessiva” do casal e o “desprezo descarado” pela família real, defendeu que o duque e a duquesa de Sussex deveriam ser destituídos de todos os seus títulos.
"HARRY & MEGHAN”
Série documental dirigida por Liz Garbus, com seis episódios. Três deles já estão disponíveis na plataforma Netflix. Os outros três estreiam em 15/12
Os britânicos não gostam muito deles. Harry e Meghan são os membros menos populares da família real depois do príncipe Andrew, acusado de agressão sexual. William e Catherine, contudo, têm 81% e 75% de opiniões favoráveis, respectivamente, de acordo com pesquisa recente da YouGov.