(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MÚSICA

Zé Ibarra e Bala Desejo comemoram o Grammy Latino no palco d'Autêntica

Banda canta nesta sexta (9/12), em BH. Prêmio simboliza uma espécie de rito de passagem entre a nova geração e a de ídolos que se foram, como Gal e Erasmo


09/12/2022 07:25 - atualizado 09/12/2022 07:28

Julia Mestre, Lucas Nunes, Dora Morelenbaum e Zé Ibarra olham para a câmera
Julia Mestre, Lucas Nunes, Dora Morelenbaum e Zé Ibarra se apresentam nesta sexta n'Autêntica (foto: Lucas Vaz/divulgação)


Um mês depois de ser ovacionado ao abrir o show de despedida de Milton Nascimento no Mineirão, o carioca Zé Ibarra volta a Belo Horizonte para se apresentar na casa de shows A Autêntica com a Bala Desejo, banda que acaba de conquistar o Grammy Latino de melhor álbum de pop contemporâneo em língua portuguesa, concedido ao disco “SIM SIM SIM”.
 
A diferença de tamanho entre o Mineirão e a Autêntica é imensa, assim como a expectativa para o show desta banda surgida em 2021, formada também por Dora Morelenbaum, Julia Mestre e Lucas Nunes.

Ibarra afirma que o Grammy não pertence apenas à Bala Desejo. “É conquista coletiva de todo mundo que participou. Uma conquista coletiva do próprio conceito do projeto: tentar fazer alguma coisa que não fosse sobre nós – eu, Dora, Júlia e Lucas –, mas além. Ou seja, é sobre a cena, a galera, os temas da pandemia e sobre o mundo”, diz o cantor, compositor e instrumentista.
 
“Fico feliz, mas não envaidecido. Muito pelo contrário, pois fico com o senso de trabalho cada vez mais aguçado e com vontade de continuar.”
 
Integrante da Dônica em meados da década passada, banda criada por Tom Veloso, filho de Caetano, Zé Ibarra, de 25 anos, se sente na linha tênue da transição entre gerações da MPB. Cantou com Milton Nascimento, Ney Matogrosso e Gal Costa, e tem contato com Marina Sena, Tim Bernardes e Rubel, jovens como ele.
 
“Não existe a possibilidade de não contato. Se não há contato entre os integrantes, (a geração) não se configura como tal. Fica só uma geração cronológica, não uma geração cultural. O Bala também é isso, essa troca. É sobre se olhar, se inspirar, entender e tentar desenvolver as coisas em conjunto.”
 
 

Legado de Gal e Erasmo

A despedida de grandes nomes da MPB – como Gal Costa e Erasmo Carlos, que morreram em novembro – é, ao mesmo tempo, triste e emocionante, pois traz a Ibarra senso de responsabilidade, compartilhado com os demais integrantes de sua geração. Entre eles, os grupos O Grilo, Francisco el Hombre, Daparte, O Terno e Terno Rei, por exemplo.
 
“É muito pouco o que posso fazer pela música brasileira, mas posso fazer alguma coisa. Cada um de nós pode fazer um pouquinho”, diz. “Quando vejo este momento de despedida, a galera ir embora, a vontade de tentar dar continuidade vem com impulso muito grande. É um impulso emocional, de amor.”
 
Foi simbólico o fato de a Bala Desejo ganhar o Grammy na mesma semana em que Gal e Erasmo partiram. “Toda nossa geração está sentindo, vai sentir. Mas esta geração é boa. A galera está matando no peito. A gente está com uma sede, um dever, um respeito por este momento”, afirma.
 
O primeiro álbum solo do artista carioca será lançado em 2023. Ibarra prefere chamá-lo de “disco de escada”. É homenagem à escada do prédio onde cresceu, na Rua Marquês de São Vicente, 256, na Gávea. O endereço, aliás, batiza o projeto.
 
“O disco solo vem depois com orquestra, banda, produção musical, toda aquela coisa complexa, que nem o Bala. Neste disco de escada, sentei ali e gravei um filme de meia hora tocando músicas minhas e do mundo, no piano. Botei tudo na escada do meu prédio, o prédio em que nasci e cresci”, conta.
 
Aliás, a escada em questão foi palco da live de Zé Ibarra durante a pandemia. “É a escada da minha vida. Devo muito do que sou – artista, cantor, sei lá o que eu sou – a essa escada. Não gosto de cantar fora dela. Só gosto de cantar no corredor, por causa do eco. Eco deixa a voz bonita. Isso desde os 13 anos de idade, desde sempre. Então, é uma dívida que tenho e precisei retribuir, fazendo um disco”, afirma.

“Nunca trabalhei tanto na vida”, revela Ibarra, ao se referir a este ano, marcado pelo esforço para conciliar a turnê com Milton Nascimento e a carreira solo.
 
“A conciliação é complexa por conta do tempo, nada mais. É tempo e disposição, porque não dá para ser meia boca em nenhum dos lugares, e o dia só tem 24 horas. Dá uma felicidade, porque quando você trabalha, as coisas vão acontecendo também. Você se abre e se joga, mesmo cansado, e os frutos vêm.”
 
Feliz em voltar a Belo Horizonte e reencontrar os amigos, ele é só elogios à cidade. “Minas tem uma energia... BH tem energia muito boa. O Caetano fala que BH é o melhor lugar para fazer show no Brasil e eu confirmo”, finaliza Ibarra.

BALA DESEJO E ELANA DARA

Festival Palco Ultra. Nesta sexta (9/12), n'Autêntica. Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia. Abertura às 20h. Elana Dara canta às 22h; Bala Desejo, às 23h. Ingressos a partir de R$ 47, à venda no site da casa. 
 
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)