Neste final de semana, quem for ao anexo da Biblioteca Pública de Minas Gerais, entre o Memorial Minas Gerais Vale e o Museu das Minas e do Metal, poderá se encontrar com Star Butterfly, personagem principal de animação homônima, ou Vyze, do jogo Skies of Arcadia. Talvez até se depare com o peculiar casal de vilões Coringa e Arlequina. Também estarão lá a máscara do Pantera Negra e o martelo do Thor.
Leia Mais
Feira de quadrinhos de BH faz homenagem ao premiado Jefferson CostaSuper-Homem bissexual e 5 outros heróis que romperam barreiras nos quadrinhosLivro premonitório de José Jobim sobre Hitler, lançado em 1934, é reeditadoLP do Ronca Ronca traz nove faixas gravadas ao vivo pelo Paralamas em 1999
“A curadoria foi a parte mais difícil de fazer nesta edição”, ressalta Cristiano Seixas, cofundador da Casa dos Quadrinhos e idealizador da CDQ-CON. Em conjunto com os profissionais Régis Luiz, Fabrício Martins e Cristiano Bolson, ele escolheu os quase 50 artistas que participam este ano em painéis e oficinas, ou como expositores.
“Nós nos baseamos em alguns pontos para escolher essas pessoas. O primeiro foi a questão da novidade, onde nos pautamos pelas obras que estão sendo lançadas por agora ou artistas que estão surgindo agora. O segundo aspecto foi a diversidade do material, com produções que saíssem do lugar comum ou artistas que se posicionam de maneira diferente. Por fim, consideramos o potencial de novo talento”, explica o idealizador do evento.
Em relação ao potencial de novo talento, o grupo de curadores se pautou por dois aspectos distintos: artistas que estão começando, mas que já demonstram domínio da técnica e veteranos que se encaixam nos requisitos de escolha dos curadores e preenchem lacunas no evento.
“Infelizmente, muitas pessoas ficaram de fora, mais de 30 artistas não couberam”, lamenta Seixas, prometendo ampliar o número de participações no ano que vem.
Cria da periferia
Nesta 5ª edição da CDQ-CON, o homenageado é o quadrinista paulistano Jefferson Costa. Nascido e criado na periferia, ele entrou para a Quanta Academia de Artes, na capital paulista. Quase abandonou o curso por falta de dinheiro, mas acabou recebendo bolsa integral em função de seu bom desempenho.
Depois de se formar, Jefferson trabalhou com publicidade e ilustrando materiais didáticos, mas se encontrou, de fato, contando histórias que ele mesmo concebia. Decidiu, então, se dedicar exclusivamente à produção autoral - o que se revelou oportuno para o artista.
Coautor dos volumes “Jeremias – Pele”, do selo Graphic MSP (Mauricio de Sousa Produções), ele ganhou em 2019 o prêmio Jabuti de melhor HQ. Escreveu “Roseira, Medalha, Engenho e Outras Histórias”, que venceu o HQMix em 2020; e foi ilustrador de “Anansi” e "La Dansarina" - este último também vencedor do HQMix em 2015 na categoria de melhor edição especial.
Jefferson foi ainda o responsável pela adaptação de "A tempestade", de William Shakespeare, que também ganhou o HQMix em 2013 na categoria de melhor adaptação para os quadrinhos.
Linguagem universal
“O desenho é a primeira linguagem gráfica que a gente aprende para se comunicar. E ela, inclusive, é a mais democrática, porque é universal. Independente do país que você estiver e da língua que é falada lá, você consegue se comunicar pelo desenho”, destaca Jefferson.
Parte da essência do ser humano, segundo Jefferson, o ato de desenhar foi tolhido pelo meio externo ao longo do crescimento e amadurecimento do indivíduo.
“Todo mundo, antes de saber escrever, usava símbolos para dizer o que queria. Um exemplo são as crianças que, na escola, desenham casas, bonequinhos de palitinhos entre outros elementos para falar da família, dos amigos e do que gostam de fazer no dia a dia. Todos já fizeram isso. No entanto, chega um certo momento em que a gente é levado compulsoriamente a trocar essa comunicação universal pelo código criptografado, que é a escrita”, afirma o quadrinista.
Essa troca da linguagem universal por códigos criptografados, que, de certa forma, exclui as pessoas que não sabem interpretá-lo e limita a comunicação, é algo que Jefferson não consegue compreender.
“Essa troca nunca fez sentido para mim. Então, eu acho que as pessoas que desenham são os teimosos, que não concordaram ou não entenderam que deveriam fazer essa troca”, brinca o quadrinista.
Também participam desta edição da CDQ-CON os quadrinistas Vitor Cafaggi (“Turma da Mônica” e “Franjinha”, da Graphic MSP), que desenvolveu a arte oficial do evento; Carol Rossetti (“Vento Norte”); Rebeca Prado (Graphic MSP); Luís Felipe Garrocho (“Bidu”, da Graphic MSP”); Fabrício Martins (“Oblivion”); Cris Bolson (“Inversion”); Eduardo Pansica (DC Comics); Guilherme Balbi (“Avatar”); Cristiano Seixas (“Alien – The Original Screenplay”, “Maeve”); Gabriel Nascimento (“A menor distância entre dois pontos é uma fuga”); Mariamma Fonseca (“Amigas que se encontraram na História”); Carol Cunha (“Catrinomicon”); Val Armanelli (“Comida de Fada”); Fabiano Azevedo (“Santelmo Enfeitiçado”); Acir Piragibe (“D’Artagnan Negro”); Régis Luiz (“Introverso”); Nami Viana (“Patinhas”); Laura Jardim (“Oblivion”); Ana Cardoso (“Mingau” da Graphic MSP); Daniel Bretas (“Starmind”); Aline Cristine (“Cristirinhas”), entre outros.
Ainda neste sábado, haverá painel sobre quadrinhos autorais e independentes mineiros e bate-papo entre Acir Piragibe e Jefferson.
5ª FEIRA DA CASA DOS QUADRINHOS
Hoje (17/12), das 11h às 21h30; e amanhã (18/12), das 10h às 18h, com atividades presenciais na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Entrada franca.
PROGRAMAÇÃO
Sábado (17/12)
18h às 19h30 - Quadrinhos autorais e independentes mineiros, com Val Armanelli, Fabiano Azevedo e Acir Piragibe. Mediação: Regis Luiz
20h às 21h30 – Entrevista com Jefferson Costa. Mediação: Acir Piragibe
Domingo (18/12)
10h30 às 12h - Abraço do Tamanduá – Pitch de quadrinhos ao vivo com artistas selecionados
13h às 14h30 - A influência do Mangá no Quadrinho Brasileiro, com Nami Vianna e Daniel Bretas. Mediação: Carol Cunha
15h às 16h30 - O mercado e a produção de quadrinhos para as mulheres, com Laura Jardim, Aline Cristine. Mediação: Mariamma Fonseca
17h às 18h30 - Mauricio de Sousa Produções – trabalhando com a Turma da Mônica, com Ana Cardoso, Vitor Cafaggi e Rebeca Prado. Mediação: Régis Luiz