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Estado de Minas LUTO NA CULTURA

Pedro Paulo Rangel dizia ter medo da morte em sua última peça autobiográfica

Internado desde 30 de outubro na Casa de Saúde São José, no Humaitá, no Rio, ator sofria de DPOC, resultado dos muitos anos de tabagismo


21/12/2022 12:01 - atualizado 21/12/2022 12:43

Pedro Paulo Rangel
Pedro Paulo Rangel tinha 74 anos (foto: Ana Paula Oliveira/EBC/Divulgação)
Durante uma das passagens mais tocantes do monólogo "O Ator e o Lobo", Pedro Paulo Rangel, ator morto aos 74 anos nesta quarta-feira, revelava seu medo da morte.

Sem saber o que viria depois do fim, o ator narrava em cena as lembranças que guardava da infância convivendo com avós portugueses, e abria histórias de bastidores sobre as novelas e séries que fez na Globo, além das experiências no teatro e passagens de sua vida política, como quando compôs o elenco do espetáculo "Roda Viva", em 1968, do Teatro Oficina.

As memórias de Rangel eram costuradas com crônicas e trechos de romances do escritor português António Lobo Antunes, causando propositalmente uma dúvida na plateia sobre o que era realidade ou ficção. Seu depoimento sobre como descobriu que a mãe tinha um amante era um dos pontos altos do solo.

Internado desde o dia 30 de outubro na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Rio de Janeiro, Rangel sofria de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), resultado dos muitos anos de tabagismo. O ator deixou de fumar em 1988, mas descobriu a doença em 2002, desde então fazia fisioterapia e precisava ser medicado.

Ainda assim, Rangel seguiu com a carreira com novelas como "O Cravo e a Rosa" e "Belíssima", séries como "Som & Fúria", e peças como "Azul Resplendor", "Histeria" e "O Ator e o Lobo", que lhe rendeu um Prêmio Shell especial por seus 50 anos de carreira.

No espetáculo, Rangel buscava uma relação de proximidade com a plateia para falar sobre seus medos e inseguranças, sobre a dificuldade de se assumir homossexual e como imaginava que seria o mundo artístico quando jovem.

A montagem estava em cartaz no palco da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, depois da pandemia e foi interrompido apenas com a internação do ator. O texto foi assinado pelo ator sob a direção de Fernando Philbert.


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