A quantidade de produções natalinas na TV e no streaming é assustadora. De maneira geral, são comédias românticas genéricas e assexuadas com narrativas semelhantes. Recém-chegada à Netflix, a minissérie norueguesa “Nevasca de Natal”, ainda que traga clichês, é uma delícia para esta época do ano.
O Natal na Escandinávia é muito diferente do que passamos nos trópicos – algumas piadas, sobre as diferenças entre noruegueses e suecos, nós perdemos por não termos a referência, mas há um tanto de humor e algum drama na história.
A produção foi criada por Per-Olav Sorensen, nome conhecido da audiência da Netflix que curte produções nórdicas. São dele “Som na faixa”, sobre a criação do Spotify, e “Namorado de Natal”, que teve duas temporadas (e gerou recente versão italiana), sobre a enfermeira que precisa arrumar um acompanhante para apresentar à família na festa.
Aeroporto fechado
Com seis episódios, a série começa com a tempestade de gelo que fecha o aeroporto de Oslo na antevéspera do Natal. Isso afeta a vida tanto de passageiros quanto de pessoas que trabalham ali. São múltiplos personagens cujos caminhos serão entrelaçados durante 24 horas.
A história começa com o homem que está tentando acertar as contas do fim do mês fazendo bicos como Papai Noel do aeroporto – e a revolta é grande, pois as crianças pedem a ele iPhones e bolsas de marcas de luxo. Logo depois, somos apresentados à cantora pop em seu auge que está em crise e desconta tudo na pobre da produtora que a acompanha.
Tem também o pianista erudito decadente que se frustra por viajar na classe econômica, sem acesso à área VIP (e apronta poucas e boas para fumar no aeroporto), a mãe espanhola sem dinheiro lutando para levar o filho para uma operação nos EUA que poderá lhe salvar a vista e o barman local, com sérios problemas de saúde.
Há a criança que não dá mais conta da briga dos pais, o cachorro perdido, o homem com roupas de verão que vai pegar voo para Málaga, o piloto egocêntrico que conhece uma jovem sonhadora – todos os personagens, neste curto espaço de tempo, estão meio à deriva. E todos vão encontrar algum tipo de redenção.