Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Pixinguinha ganha perfil biográfico e terá inéditas lançadas em 2023



Flautista, saxofonista, compositor, arranjador e maestro. São múltiplas as facetas de Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha (1897/1973), gênio da música popular brasileira e expressão fundamental da cultura do país, que ele contribuiu para consolidar na segunda metade dos anos 1930. Tudo isso e muito mais está registrado em livro de André Diniz, que acaba de chegar às lojas.




 
“Pixinguinha, um perfil biográfico” faz parte da coleção Culturas Cariocas e contou com a colaboração do professor Luiz Antônio Simas. Escritor, historiador e compositor, Simas é especialista em cultura popular brasileira, autor de “Dicionário da história social do samba”, “O corpo encantado das ruas”, “Arruaças” e “Umbandas – Uma história do Brasil”, entre outros livros.
 
Gênios da música instrumental brasileira, o flautista Benedito Lacerda e Pixinguinha se apresentam em 1957 (foto: José Medeiros/Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press)

 
O perfil de Pixinguinha tem a proposta de trazer à luz temas e personalidades marcantes do Rio de Janeiro, reafirmando a relevância do compositor no cenário brasileiro.
 
“Pixinguinha é o maior nome da música brasileira na primeira metade do século 20”, comenta André Diniz. “Além de consolidar o choro como gênero, ele, embora católico, soube incorporar em seus arranjos os batuques e as macumbas das ruas”, destaca o autor, doutor em geografia cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor de pós-graduação do Centro Universitário UniCarioca.




 
Com fotos do compositor do clássico “Carinhoso” e de seus companheiros instrumentistas, “Pixinguinha, um perfil biográfico” traz ainda discografia comentada por respeitado especialista, o maestro e cavaquinista Henrique Cazes, a partir de álbuns disponíveis nas plataformas digitais. A capa é assinada pelo artista gráfico Mello Menezes.
 
“Passei muitos anos relutando em aceitar a realidade de a música gravada ser ouvida por meio das plataformas digitais, com toda a carga de retrocesso de qualidade em relação ao som do CD. Resolvi em 2020 entrar nesse mundo e assinar serviços de plataformas. Foi a partir dessa experiência que escrevi a quinta edição do meu livro 'Choro do quintal ao Municipal, uma discografia comentada do choro'”, conta Cazes.
 
Deste livro surgiu o convite de André Diniz para que Cazes fizesse o mesmo em relação a Pixinguinha. “Além de reescutar álbuns que não ouvia há tempos, o mergulho na discografia do mestre do choro ajuda a lançar luz sobre trabalhos pouco comentados, mas de ótima qualidade, como a Série Pixinguinha”, explica o maestro.




 
“Dividi a discografia em 'Originais', ou seja, álbuns que o próprio Pixinguinha gravou, e 'Tributos & Recriações e encontros com Pixinguinha', tópico que traz surpresas de álbuns divididos com outros gênios, como Bach e Duke Ellington”, explica.
 
A discografia é datada de janeiro de 2021. E o novo ano vai chegar com novidades, anuncia Henrique Cazes.
 
“Daqui a algum tempo, espero que tenhamos que fazer uma atualização (da discografia), incluindo os quatro álbuns de inéditas que estou produzindo com o Marcelo Vianna (neto de Pixinguinha), e começam a ser lançados em fevereiro de 2023. Nos 50 anos da morte do Pixinguinha, em 17 de fevereiro de 2023, vamos lançar 50 músicas inéditas e espetaculares”, promete.
 
 

ENTREVISTA/ANDRÉ DINIZ

"O livro supre uma carência no mercado” 

 
Depois do perfil de Pixinguinha, o pesquisador André Diniz vai lançar livro sobre Noel Rosa (foto: Arquivo pessoal)
André Diniz é escritor, pesquisador e gestor cultural, especialista em música popular brasileira. Em seu novo livro, o carioca destaca o impacto da herança musical étnica do Centro do Rio de Janeiro do início do século 20 sobre a cultura brasileira.




 
O que o levou a escrever “Pixinguinha, um perfil biográfico”?
Já havia escrito dois livros sobre o Pixinguinha: um infantojuvenil, da Editora Moderna, com Juliana Lins, e a fotobiografia da Editora Casa da Palavra, que está esgotada. Entretanto, percebemos que não havia no mercado um perfil do Pixinguinha para ser consumido rapidamente, com suas histórias de vida. Acho que este livro da Numa Editora supre uma carência no mercado.
 
Quanto tempo levou até chegar ao texto final?
Como já tinha muito material sobre o músico, o novo livro foi escrito em sete meses.

Qual foi a parte mais trabalhosa?
A parte mais trabalhosa de uma biografia é sempre tentar escrever à altura do biografado. Espero ter contribuído para as pessoas conhecerem esse músico fundamental para a nossa história.
 
Que fontes de pesquisa utilizou?
Jornais, revistas, entrevistas e livros lançados sobre o compositor.

Qual foi a contribuição de Luiz Antônio Simas?
O Simas é sempre uma fonte inesgotável de conhecimento. É meu parceiro na coordenação da coleção Culturas Cariocas, que tem no mercado livro sobre Luiz Carlos da Vila e agora sobre o Pixinguinha. O próximo será o Noel Rosa, também escrito por mim.





Além de aumentar seu conhecimento sobre Pixinguinha, durante a pesquisa houve fatos sobre os quais você não tinha conhecimento?
No processo de pesquisa e escrita, a gente sempre se surpreende com alguma coisa que deixou passar em branco, ou mesmo corrige informações que não foram publicadas corretamente. Nesse novo texto sobre o maestro, destaquei muito a herança musical étnica do Centro do Rio de Janeiro da primeira metade do século 20.

Das várias facetas do mestre do choro, qual desperta mais a sua admiração?
Pixinguinha é um músico completo: compositor, instrumentista e arranjador!

Você o vê como um artista carioca?
Ele mergulhou tão profundamente que ajudou a criar, com muita propriedade, a música carioca que, através do rádio, virou referência nacional: o choro, o samba e a marchinha.

Qual é a representatividade de Pixinguinha na cultura brasileira?
Pixinguinha, através da sua obra, deu a feição à música brasileira no século 20.

Como foi o convite para Henrique Cazes comentar a discografia?
Convidei o Henrique, pois ele conhece muito a história do choro e, em particular, o legado de Pixinguinha.




 
E o convite para o artista gráfico Mello Menezes assinar a capa?
O Mello é o artista das capas da coleção. Digo a você uma coisa: todo mundo elogia as capas dos livros do Pixinguinha e do Luiz Carlos da Vila, da coleção Culturas Cariocas. A capa realmente está muito linda. 
 

(foto: Mello Menezes/reprodução)
“PIXINGUINHA, UM PERFIL BIOGRÁFICO”

. De André Diniz
. Discografia comentada por Henrique Cazes
. Editora Numa
. R$ 53