“É uma expectativa de alegria”, diz Carla Muzag, que escolheu este domingo de Natal para lançar o single “Meu ponto”. A canção e o álbum “5 Orientes”, do qual faz parte, marcam o novo ciclo da cantora, que já havia trocado o sobrenome artístico de Gomes para Muzag, em julho.
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Feliz, Carla diz que o lançamento é a oportunidade de mostrar ao mundo os frutos que brotam de sua nova fase. Muzag, ela explica, remete à ideia de movimento circular. Outro convidado especial do trabalho é o multi-instrumentista Barulhista, definido pela cantora como “compositor de ritmos”, com seus beats e arranjos.
“A ideia é trazer a música eletrônica sem deixar de lado a organicidade dos instrumentos. Trazendo, lógico, o diálogo com as batidas que a gente escuta nas referências do Barulhista”, diz Carla. Ela destaca a sonoridade que resultou da parceria de Pererê e Jam da Silva na produção. “Deu uma liga muito boa”, garante.
5: número de sorte
Carla diz que seu novo disco não trará melodias elaboradíssimas e dissonantes, mas arranjos que levam a uma espécie de movimento mântrico da atmosfera sonora proposta por ela. O título do álbum, explica, veio de “conexões com o universo” e reflete a força do número 5.
Há cinco sentidos, cinco elementos (o éter incluso), cinco vértices da pirâmide, enumera a artista. E 5 é o número da sorte de Carla Muzag. “As músicas dialogam muito com o universo dos mantras, do que é repetido e reverbera dentro dos nossos sentimentos, das nossas relações e nosso bem-estar”, diz.
A presença de Sérgio Pererê foi fundamental para o projeto. “Pererê é uma surpresa e um parceiro. Quando o convidei para a produção, ele aceitou logo de primeira. Fiquei superfeliz, porque é um superartista, superaberto”, elogia.
“A relação do músico com o produtor deve ser aberta, as ideias têm de convergir no mesmo sentido, porque senão, não vai. Pererê é uma biblioteca de ritmos e isso acrescentou muito a meu trabalho, pois casou com a ideia que eu estava procurando”, comenta.
Negritude e beats
A negritude do primeiro álbum de Carla, “O tempo sou eu” (2014), produzido por Liminha, com o qual ela foi indicada a melhor cantora no 26º Prêmio da Música Brasileira, em 2015, continua presente.
“Essa negritude vem na sonoridade, que dialoga muito com a minha ancestralidade preta, do terreiro. No 'Meu ponto', o Barulhista chega com suas bases e beats, tudo alinhado com os versos”, detalha.
O título da canção, aliás, tem vários significados. “Quando a gente fala de ponto, a gente pensa logo no terreiro. Há também o ponto de vista que cada um tem diante das questões de hoje em dia, do racismo, do preconceito, da homofobia”, observa Carla.
“A ancestralidade, a negritude, vem do som. Ela está comigo desde o momento em que penso a batida da música, em colocar para fora, em mostrar para as pessoas de onde vim.”
Carla recorre ao neologismo pretinhosidade, ou seja, preciosidade preta – cunhado pelo compositor Mombaça para a música homônima de Mart'nália –, para explicar sua conexão com os ritmos africanos presentes no álbum por meio de Pererê e Barulhista.
Além de Jam da Silva, Pererê e Barulhista, o single e o álbum contam com equipe técnica bancada com recursos da própria cantora, que busca um selo para lançar o trabalho.
Conexão BH-Recife
A primeira parte, gravada em BH com produção de Pererê, tem Egler Bruno na guitarra, Piló Rangel no baixo, Luiz Carvalhais no cavaco, Zanarth Oliveira na bateria e o próprio Pererê na percussão.
Produzida por Jam da Silva, a segunda parte, gravada no Recife, conta com Erick Amorim na guitarra e no teclado, André Alencar no baixo e Zanarth na bateria. Jam da Silva assume percussões e percussão eletrônica. Kelly Rabequeira faz participação especial com sua rabeca.
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria