Em clima de festa, a ministra da Cultura Margareth Menezes assumiu o compromisso de reconstrução do MinC, celebrou suas raízes afro-indígenas, cantou no teatro do Museu Nacional da República e relembrou o "Love, love, love" de Pelé em sua posse com ministros de Luiz Inácio Lula da Silva e artistas como Fafá de Belém, nesta terça-feira (3/1).





"Estávamos tristes, com medo de ser perseguidos e algumas vezes humilhados. Mas agora abrimos mais uma vez os olhos para este encanto único que é o Brasil, nossa casa que estava sendo demolida de dentro para fora, a partir da sua alma, que é a cultura", disse ela.

"Quem extinguiu o MinC sabe da nossa importância. Combate-se a cultura quando se quer um país calado, obediente", afirmou. "Houve resistência e ninguém soltou a mão de ninguém", disse ainda, ao lembrar o impacto tanto da pandemia quanto do governo de Jair Bolsonaro para o setor. Além de assinar o termo de posse, ela ainda anunciou nomes que vão compor o ministério.

Biblioteca Nacional

O escritor Marco Lucchesi, que comandou a Academia Brasileira de Letras até 2021, assume a presidência da Biblioteca Nacional.

"Independentemente do posicionamento político, a volta desse ministério é a volta do sonho para a agenda política", disse ele, em entrevista por telefone. "Estávamos vivendo sob um pesadelo, com ameaças fascistoides constantes aos professores e artistas. Esse gesto simbólico já é importantíssimo."





"Os artistas saem da condição de párias, basta de ouvir pastores e militares enlouquecidos, vamos ouvir os poetas", diz.

No ano passado, Lucchesi foi um dos artistas que recusaram a Ordem do Mérito do Livro entregue pela própria Biblioteca Nacional, como protesto contra a condecoração que a mesma instituição havia feito ao ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira.

Não foi a única polêmica envolvendo a instituição sediada no Rio de Janeiro, que tem missão de preservar e difundir a memória da literatura brasileira. O presidente anterior da Biblioteca Nacional, Luiz Ramiro Júnior, citou Olavo de Carvalho em seu discurso de posse. Antes dele, Rafael Nogueira era criticado por defender posições monarquistas.

Entre as duas presidências, houve a tentativa de pôr um capitão da Marinha para comandar a instituição, mas Carlos Fernando Rabello caiu antes mesmo de tomar posse. Agora, Lucchesi diz que o período é de reconstrução, alinhado ao novo slogan do governo federal, e se mostra ávido para integrar um "corpo de funcionários apaixonado de guardiões da memória". (Folhapress)

QUEM É QUEM NO MINC

Confira os integrantes de Margareth Menezes anunciados pela ministra

 » MÁRCIO TAVARES - SECRETARIA-EXECUTIVA 
Doutor em história da arte pela Universidade de Brasília e curador, é secretário nacional de Cultura do PT desde 2017 e coordenou a campanha de cultura de Lula em neste ano.





 » ROBERTA MARTINS - SECRETARIA DE COMITÊS DE CULTURA 
Socióloga e educadora, é gestora municipal de Cultura de Niterói desde 2013 e já foi coordenadora-geral de estratégias e gestão das ações da diretoria de programas integrados do Ministério da Cultura.

 » FABIANO PIÚBA - SECRETARIA DE FORMAÇÃO, LIVRO E LEITURA 
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará, já ocupou o cargo em gestão anterior e também foi secretário de Cultura do Ceará de 2016 a 2022.

 » ZULU ARAÚJO- SECRETARIA DE CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL 
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia, é diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Foi diretor e presidente da Fundação Cultural Palmares.





 » HENILTON MENEZES - SECRETARIA DE FOMENTO E ECONOMIA DA CULTURA 
Jornalista e gestor cultural, foi secretário secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura de 2010 a 2013.

 » JOELMA GONZAGA - SECRETARIA DO AUDIOVISUAL  
Diretora de produção da Maria Farinha Filmes, também é membro do conselho da União Nacional de Produtores Executivos e conselheira do Instituto Nicho 54.

 » MARCOS SOUZA - SECRETARIA DE DIREITOS AUTORAIS E INTELECTUAIS 
Mestre em antropologia pela UnB e servidor do Ministério da Economia desde 2002, dirigiu o setor de direito autoral do MinC entre 2004 e 2016. Foi assessor da liderança do PT no Senado para a área da cultura de 2018 a 2022, tendo sido um dos redatores da Lei Paulo Gustavo.





 » JOÃO JORGE RODRIGUES - FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES 
Advogado e mestre em Direito Público pela UnB, é um dos fundadores e presidente do bloco Olodum. Já foi diretor da Fundação Gregório de Matos, órgão cultural da prefeitura de Salvador, e integrou o conselho da Empresa Brasil de Comunicação, a EBC.

 » MARIA MARIGHELLA -  FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES (FUNARTE)   
Atriz formada pela Universidade Federal da Bahia, é vereadora de Salvador pelo PT. Foi coordenadora de Teatro da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e da Funarte, além de diretora de Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

 » MARCO LUCCHESI - FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL 
Professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é membro da Academia Brasileira de Letras. Atuou na Coordenação Geral de Pesquisa e Editoração da Biblioteca Nacional, responsável pela edição de catálogos e fac-símiles no período entre 2006 e 2011, e foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura de 2015 a 2017.

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