O sonho acabou em 2005. Uma grande operação da DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos, prendeu dezenas de integrantes da Black Mafia Family (BMF). Com eles estavam milhões de dólares, mais quilos e quilos de cocaína. Chefões do grupo, os irmãos Flenory, Demetrius “Big Meech” e Terry “Southwest T” foram condenados a 30 anos cada um.
O prólogo da segunda temporada de “BMF”, que estreia nesta sexta (6/1), no Lionsgate+, acontece 23 anos atrás, com a DEA invadindo o QG dos Flenory. Mas o que veremos ao longo de 10 episódios (dois a mais do que na temporada de estreia, exibida em 2021), é ambientado muito tempo antes.
É na segunda metade dos anos 1980, quando os Flenory começaram a expandir seu negócio de drogas para além das ruas de Detroit. Passam a atuar também na Georgia e em Ohio, e vão cruzar com novos personagens. Mais uma série criada e produzida pelo rapper 50 Cent, “BMF” acompanha a trajetória do grupo que extrapolou o universo das drogas. Nos anos 2000, a BMF também teve um braço de entretenimento, voltado para o hip-hop, influenciando uma geração inteira.
Separação
A segunda temporada vai até o final dos anos 1980. No primeiro episódio, os vemos separados. Meech (Lil Meech, filho de Demetrius) quer expandir o negócio, enquanto Terry (Da’Vinchi) tenta viver de forma legítima, trabalhando como motorista. Rapidamente, os irmãos voltarão a atuar juntos – mas a polícia está em seu encalço.
Novos personagens entram neste ano, como uma detetive durona, Veronica (Kelly Hu), e Goldie (Mo’Nique, vencedora do Oscar de atriz coadjuvante pelo filme “Preciosa”), dona de um clube de striptease. “BMF” trafega em um universo eminentemente masculino, mas tem personagens femininas muito fortes, comenta a produtora-executiva Heather Zuhlke.
“Temos Lucille (Michole Briana White), a matriarca, e Markisha (La La Anthony), que chamamos de nossa Lady Macbeth, pois está sempre fazendo movimentos suspeitos. E neste ano contamos também com Mo’Nique, que vai se tornar parceira dos dois irmãos. Todas contam histórias importantes feitas por mulheres realmente fortes”, afirma.
Heather, que começou a trabalhar nas produções de 50 Cent sete anos atrás, na franquia “Power”, comenta que o grande diferencial de “BMF” é poder contar com as figuras que realmente viveram as histórias. Big Meech ainda está na cadeia, mas Terry, desde maio de 2020, está em prisão domiciliar.
Carisma
“Toda boa narrativa precisa de personagens carismáticos, e é o que eles são. Foram acessíveis desde o início do projeto, contando boas histórias. Os dois têm uma ideia de como a história vai, pois enviamos resumos de cada episódio. O que fazemos, a partir do que nos falaram, foi dramatizar um pouco, e adicionar conflitos e alguma controvérsia”, acrescenta ela.
Para a produtora-executiva, “BMF” funciona para diferentes públicos por tratar de grandes temas. “É uma história universal sobre família. Não só a de sangue, mas aquela que escolhemos para viver. Além disso, Mee- ch e Terry tiveram o sistema contra eles, sofreram racismo e perseguição. E realizaram o sonho americano, mas de uma maneira nada convencional.”
Boa parte do elenco contou com a colaboração das pessoas que estão interpretando na tela. O ator Myles Truitt não teve contato com Derrick D. Meeks, melhor amigo dos Flenory e o “tenente” do negócio desde o início – na série, o nome foi mudado para B-Mickie. “Como não pude falar com ele, recorri ao YouTube e a documentários para encontrar o feeling do personagem, que neste segundo ano só vai tentar sobreviver.”
No final da primeira temporada, B-Mickie executa a própria namorada, Kato (Ajiona Alexus), por causa de sua fidelidade a Meech. Já na segunda, o personagem vai ficar entre dois mundos, pois será chantageado pelo detetive Bryant (Steve Harris). “Como ator, foi até divertido, pois Mickie tentará manter a irmandade com Meech e dar o mínimo de informações para Bryant. Ele está em uma posição maior no grupo, mas precisa garantir, de qualquer maneira, sua própria vida.”
“BMF”
A segunda temporada, com 10 episódios, estreia nesta sexta (6/1), na Lionsgate . Um novo episódio a cada sexta-feira