Dois ícones do Modernismo brasileiro, Di Cavalcanti (1897-1976) e Djanira (1914-1979), voltaram à ordem do dia depois que a primeira-dama, Rosangela Lula da Silva, a Janja, em entrevista à GloboNews, denunciou avarias encontradas no Palácio da Alvorada após a saída do governo Bolsonaro.





  

A tapeçaria “Músicos”, encomendada por Oscar Niemeyer durante a construção de Brasília para o pintor e muralista carioca, está desbotada. Originalmente, a obra ficava na biblioteca da residência oficial da presidência.

 

Como Bolsonaro utilizava o local para suas lives semanais, a tapeçaria foi retirada para a instalação de equipamentos – colocado em outro local, o trabalho de Di Cavalcanti sofreu com a ação da luz solar. “Vai ter que ser restaurada”, afirmou Janja.

 

Após a saída de Bolsonaro e sua família do Alvorada, o palácio passou por uma inspeção. De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), a falta de manutenção no local deixou estragos no piso e no teto, além de muitas infiltrações. O governo federal deverá realizar uma força-tarefa para fazer os devidos reparos.





 

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Alvorada, até a gestão Bolsonaro, tinha uma agenda de visitação pública. Fechado pelo presidente anterior, o espaço, após reforma, deverá ser reaberto para a população.

 

O Palácio do Planalto, local de trabalho da presidência da República, também sofreu mudanças. O óleo sobre tela “Orixás”, de Djanira, datado dos anos 1960, foi retirado do Salão Nobre já no primeiro ano da gestão anterior. O quadro retrata três divindades africanas: Iansã, Oxum e Nanã. A seu lado, as imagens têm duas filhas de santo.

 

A tela foi substituída por outra obra de Djanira, o quadro “Pescadores”, que até então ficava no Gabinete Presidencial. Janja denunciou que “Orixás” está com “um furo feito de caneta”. A primeira-dama prometeu o retorno do quadro, que era um ponto de parada importante para excursão de turistas ao Palácio do Planalto, assim que ela for devidamente restaurada.





 

Maior espaço do Palácio do Planalto, o Salão Nobre é usado para eventos de grande porte, como posses de ministros e recepções a chefes de Estado. É também chamado de Salão dos Espelhos e quase não tem mobiliário em sua extensão.

 

“Orixás” voltará a ser vista pelo público em breve, como uma das atrações da exposição “Brasil futuro: As formas da democracia”, que será aberta neste semestre no Museu Nacional da República, em Brasília.

 

Juntos, os acervos dos palácios do Planalto e da Alvorada contam com pouco mais de 300 obras de arte. Boa parte das obras de arte e de mobiliário chegou à presidência cedida por instituições como o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu do Banco Central, mas também há doações e compras.





 

Os dois palácios contam com obras muito importantes. O Alvorada reúne trabalhos de muitos brasileiros, como as “Iaras”, de Alfredo Ceschiatti e “Rito dos ritmos”, de Maria Martins, que ficam próximas à piscina. No Salão Nobre, estão duas pinturas de Cândido Portinari da série “Cenas brasileiras”: “Jangadas do Nordeste” e “Os seringueiros”.

 

Nesta mesma área também estão as esculturas “Morena” e “Saindo do banho”, e “Outono” e “Inverno”, de Alfredo Ceschiatti. Na Sala de Banquete, o destaque são as duas tapeçarias de Concessa Colaço.

 

Já o Palácio do Planalto mistura obras de arte de brasileiros e estrangeiros. Um destaque é um relógio com máquina de Balthazar Martinot e ebanesteria de Charles Boulle, dois franceses que circularam pela corte de Luis 14 e trabalharam para o Rei Sol.

 

O acervo reúne também duas telas do catalão Joan Miró. Uma das telas mais importantes de Di Cavalcanti, “As mulatas”, também está no Planalto, que ainda reserva obras de nomes como Samico, Athos Bulcão, Maria Bonomi e Fayga Ostrower.

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