O príncipe Harry assegurou, neste domingo (8/1), em aguardada entrevista para a emissora britânica de televisão ITV, que decidiu publicar seu polêmico livro de memórias para se defender após anos de vazamentos sobre sua vida nos tabloides britânicos.



"Durante estes 38 anos, muitas pessoas falaram sobre a minha vida de forma interessada. Isso me fez pensar que tinha chegado a hora de explicar a minha própria história", disse durante a entrevista, transmitida poucos dias depois da polêmica provocada pelas revelações em suas memórias sobre as divergências com o seu irmão, William, sua vida sexual e consumo de drogas.

"Deixei meu país natal com minha mulher e meu filho temendo por nossas vidas", afirmou Harry à ITV, sobre sua decisão de morar na Califórnia.

O lançamento mundial do livro "Spare" está marcado para terça-feira (10/1),  mas grande parte do conteúdo vazou na última quinta-feira, quando foi colocado à venda com antecedência na Espanha por engano. No Brasil, ele sai com o título "O que sobra", pela Companhia das Letras.

Agressão, drogas e mortes

Entre os detalhes vazados estão a acusação de que seu irmão, William, herdeiro do trono, o agrediu durante uma discussão sobre sua esposa, a ex-atriz americana Meghan Markle; o relato de como perdeu a virgindade; a confissão sobre o uso de drogas e a afirmação de que matou 25 pessoas em uma missão militar no Afeganistão.



Durante a entrevista deste domingo, gravada antes do vazamento do conteúdo do livro, Harry voltou a acusar a família real de "cumplicidade" com a hostilidade dos tabloides contra Meghan Markle e ele mesmo.


O The Sunday Times citou fontes próximas ao príncipe William que dizem que ele está "triste" e "queimando por dentro", mas permanece em silêncio pelo bem de sua família e do país.

Já o Telegraph acredita que, apesar do duro conteúdo do livro, Charles III estaria disposto à reconciliação como "a única forma de sair desta confusão".

Apesar de Harry concentrar seus ataques em William,  Charles III não se sente "menos magoado por não ter sido pessoalmente o foco da maior parte da raiva e frustração do livro", disse um amigo próximo do rei.

Na entrevista de pouco mais de uma hora e meia, Harry afirmou que ainda acredita na monarquia, embora não se saiba se terá algum papel em seu futuro.

Vários dos canais que o entrevistaram já divulgaram trechos das conversas, concentrados na disputa com seu irmão, William, e suas acusações de que sua família instalou uma narrativa negativa sobre ele e sua esposa na mídia.



No último vídeo, Harry revelou que "chorou uma vez" depois que sua mãe, a princesa Diana, morreu, sentindo-se culpado por não expressar sua dor, enquanto cumprimentava a multidão.

"Névoa vermelha"

Em outros trechos da entrevista, Harry afirma que William tentou agredi-lo durante a discussão sobre sua esposa. "Vi esta névoa vermelha sobre ele", relata.

Diferentemente de William, Harry não terá um papel formal na coroação de Charles, em maio, à qual se espera que assista, reportou o The Sunday Times.

 

A emissora americana CBS transmitirá outra entrevista de Harry, nesta segunda-feira (9/1), no programa "60 minutes". Ele também falará sobre o livro de memórias à rede ABC, também nos Estados Unidos.

Harry se refere a William como "seu querido irmão e arqui-inimigo", comentou o apresentador da ABC, Michael Strahan.

"Estranhamente, sempre houve competição entre nós", disse Harry à rede americana.

 

As entrevistas foram gravadas antes do vazamento do livro de Harry na última quinta-feira, provocando reação da imprensa, comentaristas, veteranos militares e até mesmo de talibãs à afirmação dele de que matou 25 pessoas enquanto servia no Exército no Afeganistão.

 

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