Passado um ano da geladeira decorrente do escândalo de corrupção na Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA), o Globo de Ouro volta a ser televisionado. Mas não estará disponível por aqui. A 80ª edição da cerimônia que abre a temporada de prêmios no cinema americano, nesta terça (10/1), em Los Angeles, não será transmitida para o Brasil.
Canal pago que geralmente exibe eventos do gênero, o TNT não adquiriu os direitos de transmissão do evento da rede americana NBC. Por outro lado, o mesmo canal exibe no país, no próximo domingo (15/1), o Critics Choice Awards, premiação com menos lastro (está em sua 28ª edição) concedida pela Broadcast Film Critics Association (BFCA).
Na verdade, já faz alguns anos que as premiações vêm perdendo, maciçamente, audiência. O Oscar de 2021, cerimônia pífia em meio à pandemia, registrou o pior resultado de sua história. Se a TV já viveu dias melhores, as redes sociais não se fartam das poses de celebridades no tapete vermelho e na entrega de estatuetas.
Na ausência da cerimônia, a TV exibirá no Brasil a chegada dos famosos ao Beverly Hilton Hotel, local do Globo de Ouro. O canal E! Entertainment, emissora paga especialista em celebridades, vai transmitir amanhã, a partir das 20h, o tapete vermelho. De todas as premiações, as do Globes são conhecidas como as mais divertidas e informais.
Cancelamento
Depois de dois anos de pandemia e do boicote devido a críticas à falta de diversidade da HFPA e acusações de suborno, o Globo de Ouro tem a missão de voltar a ser relevante e se recuperar do “cancelamento”.
Um ano atrás, reportagem do Los Angeles Times revelou, entre outras coisas, que não havia um negro entre os 87 integrantes da associação organizadora do prêmio.
Ao longo de 2022, a HFPA adicionou 21 novos jornalistas, ao mesmo tempo em que fortaleceu suas regras éticas para impedir eleitores de aceitarem presentes de estúdios em busca de prêmios. O grupo também somou 103 eleitores, que não são membros.
Organizadores agora dizem que mais de 10% dos eleitores são negros. Mesmo assim, chamou a atenção a ausência de diretoras nas indicações de filmes.
As celebridades estão voltando às boas, é o que a noite de amanhã promete. Mesmo sem transmissão oficial no Brasil, há muito o que ver – além da chegada dos famosos, a maioria das produções indicadas de TV está disponível. Na categoria de cinema, vários campeões de indicações estão perto de estrear em nosso país. A temporada está só começando.
O QUE VER DO GLOBO DE OURO
(mesmo sem a cerimônia)
» Tapete Vermelho
Amanhã, a partir das 20h, no canal E!
Agora sem máscaras ou Zoom, e já de pazes feitas com a indústria, o Globo de Ouro confirmou grande número de estrelas. O anfitrião será o comediante Jerrod Carmichael.
As câmeras de TV estarão de olho em Eddie Murphy. Indicado seis vezes e vencedor do troféu de coadjuvante por “Dreamgirls: Em busca de um sonho” (2006), o ator vai receber o Prêmio Cecil B. DeMille, que reconhece carreiras de impacto. Nome quente da indústria, Ryan Murphy receberá o Prêmio Carol Burnett. Criado em 2019 para premiar a atriz que deu nome ao troféu, reconhece grandes figuras da televisão.
Também desfilarão pelo tapete indicados que vão atuar como apresentadores. Estão confirmadas na função Ana de Armas, que concorre a melhor atriz pelo drama “Blonde”; Niecy Nash-Betts, indicada como coadjuvante em minissérie por “Dahmer – Um canibal americano”; e Jamie Lee Curtis, que recebeu nomeação como coadjuvante pela comédia “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”.
Outras estrelas que confirmaram presença são Quentin Tarantino, Billy Porter, Colman Domingo e Michaela Jaé Rodriguez.
Uma ausência confirmada é a de Brendan Fraser. Ele foi indicado a melhor ator em filme de drama por “The whale”, de Darren Aronofsky, pelo papel de um professor recluso com obesidade mórbida que tenta se reconectar com a filha. Só que o ator, em 2018, acusou Philip Berk, ex-presidente do HFPA, de apalpá-lo em um evento em 2003. Berk negou, mas reconheceu ter pedido desculpas por escrito na época. Fraser afirmou em entrevista que não participará da festa. “Minha mãe não criou um hipócrita”, declarou.
» Cinema
Nas 14 categorias para cinema, os longas são divididos entre comédia/musical e drama. Os campeões de indicações pertencem ao primeiro segmento. Com previsão de estreia no Brasil em 2 de fevereiro, a comédia ácida irlandesa “Os Banshees de Inisherin”, de Martin McDonagh (“Três anúncios para um crime”), lidera a lista com oito nomeações, incluindo melhor filme, ator (Colin Farrell), ator coadjuvante (Brendan Gleeson e Barry Keoghan), atriz coadjuvante (Kerry Condon), direção e roteiro, ambos para o cineasta.
Em segundo lugar, com seis categorias, está “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”. Disponível para aluguel ou compra nas plataformas de vídeo on demand (VoD), o longa trata sobre o metaverso a partir da vida de uma família de imigrantes chineses nos EUA. Está indicado a melhor filme, atriz (Michelle Yeoh), ator coadjuvante (Ke Huy Quan), atriz coadjuvante (Jamie Lee Curtis), direção e roteiro, para a dupla Dan Kwan e Daniel Scheinert.
Na categoria drama, Steven Spielberg saiu na frente. Com estreia nesta quinta (12/1) no país, “Os Fabelmans” concorre em cinco categorias. Em seu filme mais pessoal, baseado em parte nas memórias da infância, Spielberg acompanha Sammy Fabelman, um garoto que cresce no Arizona do pós-guerra. Na história, ele descobre como o poder do cinema pode ajudá-lo a encontrar a verdade sobre sua família.
» Televisão
A boa notícia: apenas três produções indicadas nas 11 categorias de TV permanecem inéditas no Brasil. E as três, vale dizer, receberam apenas uma indicação, todas para atrizes: “George & Tammy” (Jessica Chastain), “A nova vida de Toby” (Claire Danes) e “Alasca: Em busca da notícia” (Hilary Swank).
Assim como no cinema, na televisão, a produção com maior número de indicações também é uma comédia: “Abbott Elementary” (Star+), sitcom sobre professores e alunos de uma escola pública da Filadélfia, que concorre a cinco prêmios.
A categoria é dividida em três: séries cômicas, dramáticas e minisséries ou filmes para TV. “Abbot Elementary” tem pesos-pesados em seu encalço, como o arrasa-quarteirão “Wandinha” (Netflix), que concorre a melhor série e atriz (Jenna Ortega).
Mais problemática das cinco temporadas exibidas, a mais recente de “The crown” lidera a categoria de séries dramáticas, com quatro indicações. Mas boa parte das apostas está na ótima “Ruptura” (AppleTV ), que disputa em três categorias. “A casa do dragão” (HBO, com duas indicações) também está no páreo.
Já entre as minisséries, chama a atenção a quantidade de nomeações de histórias baseadas em fatos (quatro das cinco): “Black Bird” (AppleTV ), “Dahmer: Um canibal americano” (Netflix), “The dropout” e “Pam & Tommy” (ambas do Star ).
Mas quem deve ganhar, dizem os especialistas, é “The White Lotus” (HBO), história farsesca sobre ricos em uma rede de hotéis de luxo, cuja segunda temporada conseguiu superar a primeira.
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