A ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou nesta terça-feira (10/1) que sua gestão estuda criar um memorial sobre a invasão e depredação do patrimônio público por golpistas.
"É um tesouro do povo brasileiro, pertencimento da nação, do Estado, e que precisa ser respeitado", disse ela. "Esse memorial é para deixar marcado isso, para que nunca mais possa acontecer outra violência desse nível, com a memória, com o intocável que é a nossa democracia."
A ministra afirmou que a ideia surgiu nesta segunda-feira (9/1), em reuniões do ministério, e que deve ser elaborada nas próximas semanas. Ela disse ainda que o levantamento dos danos ainda está sendo feito e que na próxima quinta-feira (12/1) a equipe já deve ter uma dimensão maior do que foi danificado.
Menezes também recebeu representante da Unesco, que se colocou à disposição para ajudar no processo de restauração, bem como outras instituições, de acordo com a ministra.
A ministra disse que a depredação aumenta ainda mais a necessidade de catalogar obras e tombar patrimônios, uma recuperação da cultura que foi uma das bandeiras da campanha de Lula.
Menezes também fará vistoria dos danos causados no prédio do STF (Supremo Tribunal Federal). Ela estará acompanhada do secretário-executivo da pasta, Márcio Tavares, e do recém-indicado presidente do Iphan, Leandro Grass.
Reunião com Janja
A ministra falou com a imprensa após reunião com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, no Palácio do Planalto para tratar da recuperação do patrimônio que foi destruído durante a invasão de manifestantes golpistas da sede do Executivo federal no domingo (8/1).No domingo, manifestantes golpistas, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tomaram a sede dos três Poderes, invadindo e depredando os prédios. O episódio levou ao afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, pelo ministro Alexandre de Moraes. O GDF é responsável pela segurança na região da Esplanada.
Os manifestantes danificaram importantes obras de arte da cultura brasileira e prédios tombados. O Palácio do Planalto é onde há, por ora, o maior número de obras de arte danificadas. O Planalto tem um acervo com mais de 700 obras, de acordo com um levantamento feito via Lei de Acesso à Informação.
Na segunda (9/1), Margareth Menezes e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, se reuniram para discutir o rumo do restabelecimento dos prédios e obras danificadas por golpistas.
Ficou acertado que a instituição será responsável por produzir um relatório de bens móveis e arquitetônicos que foram destruídos e levantar a equipe técnica que deve fazer a vistoria, restauração, autorização e fiscalização das futuras obras para recuperar o que foi depredado.
Técnicos do Iphan ainda propuseram que fosse criado um grupo de trabalho com o MinC, o Congresso Nacional, o Instituto Brasileiro de Museus, o Ibram, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal e a Presidência da República para agilizar o processo de restauro. Na reunião, eles também começaram a debater possíveis fontes de recursos para financiar as obras.
O TAMANHO DO PREJUÍZO
Confira as principais obras depredadas na invasão de bolsonaristas radicais em Brasília
» Palácio do Planalto
•Painel de Di Cavalcanti
•Relógio Balthazar Martinot
•Tela “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo
•Escultura “O flautista”, de Bruno Giorgi
•Escultura “Galhos e sombras”, de Frans Krajcberg
•Escultura "Vênus apocalíptica", de Marta Minujín
» Câmara dos Deputados
•Vitral “Araguaia”, de Marianne Peretti
•Escultura “Bailarina”, de Victor Brecheret
» STF
•Cadeira do designer Jorge Zalszupin
•Escultura “A justiça”, de Alfredo Ceschiatti
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