Isabela Berrogain - Correio Braziliense
Imponente, Betty Who mostra que não tem medo de brilhar. Por meio da música, a cantora australiana advoga a favor dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+, lutas em que é protagonista, e passa mensagens de amor próprio e respeito.
O novo trabalho de Betty, “BIG!”, reforça a personalidade forte da artista, ao longo de 11 faixas que revelam composições intimistas e vulneráveis, sem perder a batida upbeat. No Brasil, o destaque fica por conta do single “She can dance”, parceria com Pabllo Vittar.
Foco nas canções
“BIG!” é o quarto álbum da carreira da cantora, de 31 anos, que iniciou sua trajetória artística aos 19. É o primeiro álbum após o hiato de três anos. Segundo ela, houve inúmeras as mudanças desde o lançamento de “Betty”, em 2019.
“A coisa número um que realmente mudou musicalmente para mim foram minhas prioridades. Nesse álbum, estou muito focada nas minhas composições, mais do que estive durante minha vida toda. Eu realmente queria abrir as asas e ver até onde poderia ir”, pontua.
Durante a criação do álbum, ela fez questão de que o foco principal fosse a música. “Trabalhei com um grupo pequeno de pessoas, que fizeram com que me sentisse respeitada. Isso foi muito importante. Tive todo o espaço para ser a artista que queria ser, cercada de um time de pessoas criativas com o qual trabalharia pelo resto da vida”, diz.
Uma das principais motivações da mudança foi a pandemia da COVID-19, que fez Betty passar por uma jornada introspectiva e de autoconhecimento.
“O isolamento social nos obrigou a viver com nós mesmos de uma forma muito mais intensa da que estávamos acostumados”, relata.
“Uma das lições que aprendi, nesse meio tempo, é que precisava enfrentar minhas inseguranças, porque não queria passar o resto da minha vida fazendo escolhas artísticas movida pela insegurança. Queria sentir que minhas decisões são movidas por força, paixão e poder.”
A experiência trouxe à tona o lado intimista e reflexivo de Betty, não visto pelo público. “Tenho diversas composições muito vulneráveis e emotivas. Nunca as lancei, porque por muito tempo achei que as pessoas não queriam ouvir esse meu lado. Achei que as pessoas queriam ouvir músicas que refletiam sobre elas, não sobre mim”, conta.
Com o novo disco, a australiana percebeu que havia identificação entre suas próprias vivências e os ouvintes. “Tentei ser muito mais vulnerável e honesta nesse álbum. Desta vez, lançar música foi muito mais assustador”, garante.
“Faço música para que as pessoas se sintam menos sozinhas. Então, saber que elas se sentem assim ouvindo meu álbum faz com que me sinta no caminho certo”, afirma.
Fã do Brasil e de Pabllo Vittar
Uma das principais estrelas LGBTQIA do mundo, Pabllo Vittar sempre foi inspiração para Betty Who. “Sou grande fã da Pabllo, ela é incrível. Fiquei em choque quando descobri que ela gostou tanto de 'She can dance' que quis participar do remix da música”, relembra.
“Queria que esta faixa soasse muito gay, muito baladeira, como se você estivesse na boate depois de um dia ruim e só quisesse dançar e esquecer os problemas, mais ou menos o tema da música”, explica.
A dupla canta sobre alguém que não para de dançar, mesmo quando tudo dá errado. “Ela pode dançar mesmo se estiver chovendo/ Quando o céu estiver caindo/ Ela pode dançar sem música tocando/ Como se ninguém estivesse assistindo”, diz a letra.
“Precisamos de mais pessoas como a Pabllo no mundo, que sejam elas mesmas e fabulosas. Ela é muito poderosa e isso me inspira”, elogia.
O single representa para Betty a aproximação com os brasileiros. “Desde que comecei, com 19 anos, as pessoas me mandam mensagens do tipo 'Venha para o Brasil'. Essa é uma das minhas principais metas. Sempre quis fazer um show aí, as pessoas falam que os fãs da América do Sul são os mais apaixonados, os melhores. Estou desesperada para ir ao Brasil”, conclui.
“BIG!”
•Disco de Betty Who
• 11 faixas
• Disponível nas plataformas digitais
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