O cantor Gabriel Froede, de 25 anos, natural de Teófilo Otoni, no Norte de Minas Gerais, vem ganhando destaque entre a nova geração da música pop mineira. Ele se insere também na onda de artistas identificados com as redes sociais. Depois de lançar, no ano passado, um EP que leva seu nome, agora planeja novos passos na carreira para este 2023.
Ele conta em entrevista ao Estado de Minas que seu envolvimento com a música vem desde a infância. “Minha mãe andava com a câmera para cima e para baixo, gravando tudo. Tem todos esses registros (de mim) com 2 anos, batucando alguma coisa, fingindo que estava tocando violão”, conta.
“Meu avô materno tocava acordeom e meu avô paterno tinha um amigo que tocava violão para ele poder cantar para minha avó. Então, sempre tive muita referência em casa e acho que isso surtiu muito efeito.”
Aos 9, ele passou a estudar violão. “Fiz um ano e meio de aula. Aí aprendi a tocar piano sozinho, um pouco de bateria, baixo, guitarra, vários instrumentos, até que, com 14 anos, eu falei: ‘Estou cantando de fato’. Foi quando comecei a ficar mais empolgado com isso. Com 16, comecei a escrever minhas primeiras músicas, que na época eram todas em inglês”, diz.
As composições foram ficando guardadas. Quando Gabriel se mudou para Belo Horizonte, em 2015, teve contato com um produtor que o ajudou a gravá-las. “Aí foi quando tudo começou, lancei meu primeiro EP, que chama ‘First’ e abriu as portas para eu conhecer alguns DJs, até eu chegar em ‘Can’t get over you’, com o KVSH”, afirma.
Nessa época, em paralelo, ele também se dedicava a um curso para passar no vestibular de medicina. Em 2017, conseguiu uma vaga no interior de Minas. “Levei isso em paralelo durante um tempo. Mas depois que veio ‘Can’t get over you’, eu já estava no quinto período de faculdade, começou a demandar um pouco mais de atenção. Eu viajava mais para Belo Horizonte e foi quando comecei a levar a música mais profissionalmente”, comenta.
Em 2021, ele se dedicou às composições em português e lançou logo quatro: “Papo sério”, “Parada obrigatória”, “Bem tarde” e “Tentei fugir”. “Esse começo, na real, foram muitas transições. Fui mudando do Gabriel da Eletrônica, quando o pessoal me conhecia um pouco mais pelo ‘Gabriel da música com o KVSH’, e a gente teve todo esse trabalho de tentar fazer essa transição para o ‘Gabriel cantor pop’”, diz.
Sobre os primeiros lançamentos em português, ele comenta: “Foi estranho, estávamos em um período de pandemia. Tenho uma fazenda no interior de Minas, do meu avô, chamei meu produtor e mais algumas pessoas envolvidas no projeto. A gente ficou lá durante 20 dias, mexendo com essas músicas, então foi uma experiência diferente. Meu primeiro contato com música pop mesmo.”
Faculdade
Segundo ele, nessa época ficou difícil manter a carreira musical e a faculdade, por isso chegou a pensar em desistir da música. “Foi um período em que eu realmente cogitei dar uma pausa na música. A faculdade me demandava tempo e eu ainda não estava feliz com o que estava acontecendo musicalmente. Também tem a questão da ansiedade por esse contexto da pandemia, então estava tudo muito estranho. Lembro-me de que eu tinha falado que precisava de um sinal se eu deveria continuar, e foi quando a Chango apareceu me dando essa oportunidade.”Chango é uma empresa que administra a carreira de vários influenciadores e artistas. "Tranquei a faculdade, me mudei para São Paulo e a gente começou a trabalhar 100% do tempo nisso”, diz. “Eu fui o primeiro artista musical da Chango, que predominantemente é composta por influenciadores, então fui a primeira aposta.”
A partir daí, as coisas aconteceram mais rapidamente do que Gabriel esperava. “Quando assinei com eles, não tinha certeza de que me mudaria para São Paulo. Achei que seria um pouco mais lento esse processo, e acabou que foi em um mês.”
No fim do ano, ele lançou o EP “Gabriel”, com as faixas “Ocasionalmente”, “Me pede…”, “Enquanto durou”, “Pod de uva” e “Tô me sentindo mal :)”. “Esse é um trabalho que fizemos durante o ano todo, tentamos calcular nos mínimos detalhes da maneira mais perfeita para todo mundo gostar”, afirma.
Tik tok
Sobretudo por trabalhar com uma agência voltada para as redes sociais, o cantor reconhece o papel do TikTok no mercado da música. “Hoje em dia, o artista musical que não considera o fator TikTok já está perdendo muito. A plataforma já se provou inúmeras vezes extremamente responsável pelas músicas mais ouvidas no Brasil, dá um reflexo no Spotify”.Mas ele diz que não se guia por esse aspecto na hora de compor. “Particularmente, não sou um tipo de músico que faz aquela música pensando no TikTok. A gente considera isso como uma estratégia depois que a música está pronta.”
Para este ano, ele prevê novidades na carreira. “Estou muito empolgado, refleti muito no final do ano e agora no começo. 2022 foi muito intenso, aconteceu muita coisa, de um aprendizado absurdo. Coloquei um peso muito grande em relação a tudo, com perfeccionismo absurdo, mas estou tentando levar mais leve”, conta.
Ele tem uma agenda de shows previstos para divulgar o EP em São Paulo e pretende fazer colaborações com outros artistas. “Definitivamente, podemos esperar um álbum. Não exatamente para este ano, mas queremos muito trabalhar num contexto de um projeto ainda maior do que foi o EP. Acho que vai ser um ano incrível”, afirma.