“Chega Mais” é um verdadeiro convite ao Carnaval nas cinco faixas que compõem o trabalho. “Cria Da Ivete”, “Só Love Na Cabeça”, “Rua da Saudade”, “Se Saia” e “Batucada”, cada música retrata as sensações e os sentimentos dessa festa que é a cara do verão, onde a alegria predomina e os amores são infinitos.
O Estado de Minas acompanhou a coletiva de imprensa da cantora em São Paulo, onde ela esbanjou bom humor e alegria ao contar um pouco sobre o trabalho. Ela comentou sobre as faixas do EP e negou que pense em criar música especialmente para ser o hit do Carnaval. “Eu não lanço com o objetivo de ser a música do Carnaval. Tem uma importância para mim, então eu lanço ela e toma uma vida própria”, diz.
A cantora, que completa 30 anos de carreira em 2023, contou como surgiu a ideia de fazer o trabalho ao vivo: “Esse EP de Carnaval foi um sonho que tive. Eu ia gravar um EP em estúdio, mas estava sem graça. Dormi e acordei com a ideia de fazê-lo ao vivo, eu tinha a ideia do cenário, repertório, tudo que a gente precisava para gravar e queria fazer alguma coisa para os fãs, para que eles estivessem pertinho de mim. Daí a ideia do ‘Chega Mais’, para ficar mais próximo, uma coisa mais íntima e também que ‘coração de mãe cabe sempre mais um’.”
“Chamei minha equipe para esse projeto que, a princípio, todo mundo ficou de cabelo em pé porque foi em uma época perto de 20 de dezembro e era o momento que estavam todos entrando de férias. Queria gravar isso ao vivo porque tem dois anos sem Carnaval, que a gente não se encontra. Queria coroar essa retomada com um repertório exclusivamente carnavalesco”, acrescenta.
A artista apontou ainda que algumas das faixas foram feitas durante a pandemia com seu time. “A gente decidiu fazer e foi muito especial porque estava nesse movimento a alegria de poder fazer o Carnaval de volta, de poder gravar para os meus fãs e quem me acompanha. Estou muito feliz porque o resultado tem sido muito positivo. Já garanto um Carnaval de alegria para mim e quem anda comigo”, afirma.
Resgate do axé das antigas?
Ao ser questionada se o EP faria uma releitura aos antigos carnavais, um resgate do axé das antigas, Veveta ressaltou que esta não é a ideia, mas que leva isso em suas músicas naturalmente. “Eu não diria que é um resgate porque eu não estou tentando resgatar absolutamente nada, estou fazendo a minha música”, aponta.
“É porque essas canções são muito parecidas com as minhas coisas e como elas têm muita força no Carnaval. É um disco completamente para este momento. Acho tudo muito atual, esse pagodão eletrônico, mas o samba reggae sempre será muito novo, pode ser regravado mil vezes”, completa.
Ela continua: “Como é um EP para o Carnaval, foi essencialmente quase movimentos tanto orquestra rítmica quanto as melodias, a maneira de composição, foram feitas para este momento. ‘Chega Mais’ de aglomeração e todo mundo junto. Mas, em absoluto, não se distancia do Carnaval da Bahia, com todo este apelo rítmico, dos instrumentos, da maneira como a gente compõe.”
Tema do Carnaval 2023
Pensando em tudo isso, Ivete adiantou um pouco sobre seus looks do Carnaval 2023: “O meu tema será ‘De volta para o futuro’, que faz alusão ao filme muito mais pelo tema do ponto de vista estético, do figurino, trio elétrico.”
A cantora explica que está relacionado à pandemia: “O viés dessa ideia é que nós voltamos para a nossa realidade e nunca estivemos tão sedentos pelo futuro porque a coisa mais incerta que tínhamos na pandemia. Agora entramos no eixo, num ano de maior esperança, saímos de um tempo de retrocesso e estamos mirando para o futuro. Entendemos que para estarmos de volta para o futuro, precisamos cuidar do que é presente, de nós, de onde viemos, do nosso planeta.”
Primeiro carnaval
Por falar nisso, após esses dois anos sem Carnaval, desta vez a folia será uma grande novidade aos mais novos e Ivete fez questão de deixar uma dica: “Eu quero dizer a quem está chegando que é uma festa que propõe alegria, paz e diversão. Embora a gente fique aglomerado, é uma festa do ser educado, só existe por isso.”
“As pessoas vão para rua e compreendem o movimento daquela festa, então quem está chegando que traga ainda mais esse sentimento de diversão, sentimento, tranquilidade, movimentação divertida, fazer parte daquilo e corroborar com essa energia. Se jogar, divertir, namorar, cantar, ficar rouco, prestigiar todo o Carnaval. Tem de tudo um pouco. E viver a festa, cada pedacinho”, reforça.
Em seguida, ela relembrou o Carnaval que a fez estar onde está hoje. “Mainha e painho não deixavam a gente (ela e os irmãos) ir para o Carnaval, éramos muito pequenos, começo da adolescência, 14 / 15 anos. Tinha o Carnaval de Juazeiro, minha mãe me fantasiava, eu curtia em um clube com meu pai e meus irmãos. Mas aí um ano, a gente não podia ir porque painho estava sem dinheiro e ele deixou eu e meus irmãos irmos para a rua, foi aí que a casa caiu, ele vacilou foi aí. Não devia ter deixado”, brincou ela.
“Na hora que vi o trio elétrico, a Banda Mel passando, falei: ‘Acabou para mim, é isso aqui que eu quero’. Então, nos anos seguintes eu passava as férias em Juazeiro, mas no Carnaval eu ia para Salvador. Descobri o poder do beijo na boca. Aí a gente foi pirando, cada trio que passava era uma grande loucura, me apaixonei e até hoje estou nessa”, conta.
Turnê “Chega Mais”
Em 2023, inclusive, fazem 30 anos que Ivete ganhou grande destaque ao ser vocalista da Banda Eva. Por isso, ela quer comemorar este marco levando a experiência do “Chega Mais” para vários lugares do país.
“Este é um projeto que quero levar para o Brasil, com um adendo. Esse ano completo 30 anos de carreira e quero fazer um evento com o registro disso. Estamos trabalhando nisso. Até que aconteça a comemoração, eu quero levar esse show em turnê pelo Brasil, quero fazer o ‘Chega Mais’ em turnê por todo canto”, adianta.
Faixa a Faixa, por Ivete Sangalo
Cria Da Ivete
“Partiu de uma necessidade minha de fazer um pagodão, além de gostar muito, eu vim de “Tá Solteira, Mas Não Tá Sozinha”, que as pessoas aceitaram muito bem! É um discurso que combina muito comigo e com a minha energia. “Cria da Ivete” é um pagode sobre mulheres que se comportam a partir de uma liderança. “Solteira não, Alegre” - É sair desses protocolos: que existem em relação às mulheres e que as mulheres têm seguido até mais comportamentos. Quando eu falo cria de Ivete, é um comportamento pra mim que se assemelha ao meu, de alegria de fazer o que quiser e botar pra quebrar. É também um linguajar bem atualizado, uma parceria com o Samir e Luciano, que são duas feras também da composição popular! A música é um uma bomba.”
Só Love Na Cabeça
“Ela foi concebida em meio a pandemia, na expectativa da gente querer de volta nossa rotina, nosso trabalho, rever nossos amigos e também a volta do Carnaval. Todo mundo que conhece o Carnaval de Salvador e que já foi ou que está indo pela primeira vez se sente assim, ‘é love na cabeça’ por toda angústia que nós passamos na pandemia em um tempo muito doido ‘pode preparar que eu não estou só, eu só love na cabeça’. Agora o amor vai vencer, o amor vai impregnar todos os corações e a gente vai ter um tempo diferenciado de amor!”
Rua da Saudade
“Foi nessa coisa de sentir falta do Carnaval de Salvador, mas na ideia de retomar esse curso, retomar essa odisseia. De ir pro carnaval, se apaixonar, se beijar na rua, um samba reggae mais romântico. Trazer a ideia do encontro do Carnaval, que é sempre o grande barato, seja do ponto de vista romântico, mas também as relações de amizade, de pessoas que sentem saudade do lugar, de pessoas, de sensações.”
Se Saia
“É um grande barato baiano, uma forma que o povo baiano fala, cheio de swing e com groove que é uma característica muito minha! Aquele bom e forte groove baianês dentro de um EP de Carnaval, voltada pro sentimento da Bahia.”
Batucada
“É da fonte que a gente bebe, dessa percussão baiana, dessa potência musical e ancestral, que faz da Bahia o que ela é. É exatamente o retrato do que a música da Bahia faz com a gente, do que os ritmos fazem com a gente! A pessoa que quiser ter algum princípio de diálogo comigo tem que fazer minha leitura, que eu gosto do tambor, que eu sou da percussão e sou da massa!”