atriz de vestido florido abraça ator de terno, óculos escuros e cigarro na boca

Trama criminal é contada a partir das memórias do assassino, no fim de sua vida

Netflix/divulgação

Volta e meia o legado de Bonnie & Clyde, o casal de criminosos que assombrou os Estados Unidos no início dos anos 1930 com roubos e assassinatos, é relido pelo cinema e pela televisão. Disponível na Netflix, a minissérie francesa “Borboletas negras” também acompanha um casal de assassinos, ainda que a história seja absolutamente fictícia.

Contada em dois tempos, o passado (anos 1970 e 1980) e o presente, a produção entrelaça a história de um escritor em crise e a de um homem solitário no fim da vida. Na atualidade, Adrien (Nicolas Duvauchelle) está em crise. Autor de um romance de muito sucesso, não consegue seguir em frente. É contatado por Albert (Niels Arestrup), que, prevendo que não irá muito longe, o contrata como ghost writer para suas memórias.

Precisando de dinheiro, Adrien não pensa duas vezes. Começa a gravar suas sessões de conversa numa casa remota no interior da França. Rapidamente, é apresentado ao passado de Albert e seu único e grande amor, Solange (Alyzée Costes). Os dois, que cresceram no pós-guerra e se uniram pela infância marcada pela violência, tiveram uma vida dupla.

Vítima

Durante o ano, tinham um salão de beleza numa pequena cidade. Mas, a cada verão, viajavam para uma praia diferente. Escolhiam uma vítima, um homem que ficava encantado pela beleza de Solange. Ela o atraía e, quando os dois estavam prestes a fazer sexo, a jovem dizia não. Caso o homem fosse em frente, Albert o matava, geralmente a tesouradas.

Adrien, ao mesmo tempo horrorizado e fascinado pela história, começa a escrever sem parar. Sua produção acaba afetando a própria e já fragilizada relação com a namorada, Nora (Alice Belaidi), e com seu próprio passado, também carregado de violência. Para complicar a história, há uma subtrama que envolve uma investigação dos crimes.

Na superfície, “Borboletas negras” se apresenta como um thriller genérico. Mas, quando a trama se aprofunda, a minissérie se mostra como uma narrativa sólida (lindamente filmada, em especial no passado, sempre em tons sépia) e muito sombria. A metáfora da transformação das borboletas acompanha o desenrolar dos acontecimentos.

Não é uma história fácil, daquelas de maratonar para esquecer logo depois. Revelando novas faces a cada episódio, sempre com esqueletos no armário, a produção francesa costura passado e presente, surpreendendo em sua parte final. 

“BORBOLETAS NEGRAS”

Minissérie em seis episódios, disponível na Netflix