Definindo-se como um compositor compulsivo, Lô Borges já começa 2023 com o lançamento do álbum de inéditas “Não me espere na estação” (Deck), que chega nesta sexta-feira (20/1) às plataformas digitais. O disco traz 10 composições feitas em parceria com o músico e artista plástico mineiro César Maurício, ex-integrante das bandas Virna Lisi e Radar Tantã. 





Além de Lô (guitarra e voz), participaram das gravações Henrique Matheus (guitarra), Thiago Corrêa (contrabaixo, teclado e percussão) e Robinson Matos (bateria).

Autor do clássico “O trem azul”, parceria com Ronaldo Bastos, e de tantos outros sucessos, Lô continua com o seu propósito de gravar um disco por ano. 

Nos mais recentes ele lançou “Rio da Lua” (2019), com letras de Nelson Ângelo, “Dínamo” (2020), com letras de Makely Ka, “Muito além do fim” (2021), com letras de Márcio Borges, e “Chama viva” (2022), com letras de Patrícia Maês. 

O cantor e compositor diz ter tido um ótimo ano em 2022, no qual fez vários shows, além de ter lançado “Chama viva”. “Paralelamente, ao longo do ano, fui trabalhando os arranjos para as minhas apresentações com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (em dezembro passado), fato que me deu um prazer e um trabalho gigantes, mas valeu a pena”, diz. 





“Tocar com 70 músicos à minha volta foi um fato sem precedentes em minha vida. Então, foi um ano muito legal, não tenho do que reclamar. Como diz o Bituca em uma letra que fez para mim, em 1996, ‘uma febre louca de recriar’.”

O artista ressalta que há cinco anos vem fazendo um disco atrás do outro. “Não consigo parar de compor e componho bem rápido. Se levo mais do que 40 minutos para fazer uma música, paro de tocar na hora. Só no outro dia é que volto, mesmo assim tocando outra coisa. Aprendi a fazer música com agilidade; na verdade, não gosto de ficar dois, três dias ou uma semana em cima de uma melodia.”

Ritmo

Ainda sobre a velocidade na composição, o artista diz: “Gosto daquelas coisas que vêm de súbito; 40 minutos estão bons para fazer uma música. Estou me lembrando do ‘Disco do tênis’, que era assim: fazia a música em meia hora, meu irmão Marcinho fazia a letra também em meia hora, e à noite íamos para o estúdio e gravávamos em uma hora e meia, duas, no máximo”.





Ele comenta que aquele disco o ensinou a compor com a agilidade e frequência. “Fico vendo o universo em que estou envolvido hoje e não vejo tanta gente fazendo um álbum atrás do outro e somente com músicas inéditas. Isso porque não é um disco solto, é música inédita, ou seja, trabalhar com o que não existe ainda. Tenho um fascínio por isso, inventar o que ainda não inventei.”

A música, para Lô, além de envolver um fascínio, é também uma necessidade. “Gosto de tudo que está envolvido com música, mas, para mim, o foco é a composição. Preciso compor, assim como preciso me alimentar, tomar banho, beber um vinho, encontrar com meu filho Luca e com amigos e amigas.”

O ato de compor, segundo o artista, é algo natural em seu cotidiano. “Não é aquela coisa que tenho que parar para fazer uma música. É algo que faço com muita naturalidade e agilidade. Na verdade, o primeiro ouvinte da minha música sou eu mesmo. Se não gosto, não publico. As coisas que faço, gosto e acho legal fazer e que me instigam fazer e que me dão vontade de continuar me levam àquela loucura de compor. Desde 2019, só componho de 10 em 10 canções. Não consigo mais fazer apenas uma música. Cada melodia é um projeto, enfim, um disco diferente.”




Guitarra 

As músicas de “Não me espere na estação”, ele conta, foram compostas na guitarra. “Havia muito tempo que não compunha na guitarra. Então, peguei o instrumento e fiz uma música. Daí a dois dias estava com outra pronta. Daí a um mês já tinha feito 10 canções e gravado todas no estúdio do Henrique Matheus. É muito ágil, uma febre louca, como diz meu filho. Quando ele tinha 10 anos, perguntaram para ele: ‘O que você acha da música do seu pai?’. Ele respondeu: ‘Meu pai faz coisas malucas de lugares distantes’.”

Para Lô, a “resposta espontânea” que seu filho deu enquanto ainda era criança é até hoje “a melhor definição” de suas músicas. “Se me perguntarem como serão as próximas melodias que vou compor, digo que não sei, pois a minha inspiração aponta para várias direções. Eu mesmo fico me procurando, por isso esse disco se chama ‘Não me espere na estação’.” 

O artista afirma que o novo disco “tem duas canções mais palatáveis, que são baladas, e o resto é melodia torta, com harmonia torta, tudo meio surpresa”. Ele garante que é o primeiro a se surpreender com suas criações. “Aí digo: estou ficando doido ou estou aprendendo a compor um negócio maluco. Por outro lado, estou sempre defasado, porque tenho músicas prontas para fazer discos até 2026. Se eu quiser lançar três discos este ano, já tenho todas as músicas prontas.”

Ele se diz “um idealista nessa história” de gravar e lançar discos. “Não há uma gravadora que pague os meus discos; sou eu mesmo que banco os custos com meus recursos. A gravadora é minha parceira, fazendo a assessoria de imprensa, lyric vídeo, alguma coisa ou outra, mas quem paga meus discos sou eu mesmo.”





Lô conta que, no ano passado, encerrou a sua história com o CD físico. “Mas pode ser que algum dia volte a fazê-lo. Ninguém faz mais o disco físico, ninguém tem o aparelho para tocá-lo, além de ser um negócio que dá despesa. Como sou eu quem banca tudo, acho que não vale mais a pena.” O show de lançamento do novo disco está previsto para 24 de março, no Grande Teatro do Palácio das Artes, com ingressos já à venda. 

“NÃO ME ESPERE NA ESTAÇÃO”

.Lô Borges
.Deck (10 faixas)
.Disponível nas plataformas digitais a partir de sexta-feira (20/1)



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