Cantor, compositor, ator, violeiro e produtor cultural, Yassir Chediak lança o álbum “Viola brasileira contemporânea”, cujo repertório autoral, com 10 faixas, mescla vários estilos e formatos.
“Quis mostrar as vertentes dos estilos brasileiros de que gosto, do simples caipira ao romântico, misturando ritmos do Brasil inteiro”, diz. Clipes das faixas “Pedidor de abraços”, “Sem importância”, “A estrada que me traz você” e “O olhar do menino” já estão na internet.
Erudito e caipira
“Criei todas as músicas na viola caipira. Tenho uma vertente MPB, mas gosto muito do sertanejo raiz e do erudito, pois me formei em música na UniRio, no Rio de Janeiro, e também há a influência familiar. O Almir Chediak, que produziu songbooks de vários compositores da MPB, era meu primo”, afirma.
Trata-se de um álbum de músicas “quase inéditas”, diz o compositor. Com exceção de “Deixa amor”, gravada no álbum de Yassir lançado pela Som Livre, quando ele era ator na TV Globo.
“As músicas estão muito relacionadas com a minha própria história. Elas têm um quê autobiográfico”, revela. “Lembranças”, por exemplo, remete à vivência dele em Três Corações, no Sul de Minas, onde foi criado.
“Falo do meu avô, da beata Inhá Chica da cidade de Baependi, também no Sul de Minas, onde ela é praticamente uma santa.”
Já a sertaneja “O velho fenemê” é dedicada ao caminhão de um vizinho dele em Três Corações. “Traz a memória afetiva do caminhão azul que parava em frente à casa dos meus avós.”
Yassir revela que desta vez acabou fugindo um pouco da sonoridade “raiz”. “Não em todas as músicas, pois tentei ser popular, não pop”, observa, explicando que procurou não ficar refém da regionalidade da viola.
“'Pedidor de abraços', por exemplo, foi composta na viola dinâmica de metal que tenho em casa. Essa canção fala da escultura de dois amigos do Nordeste, ligados às raízes populares nordestinas. Fiz a música em homenagem a eles.”
Conhecido como violeiro, ele enfatiza que tem gosto eclético. “Gosto de Roberto Carlos, Tonico e Tinoco, Tom Jobim, Caetano Veloso e Chico Buarque. Mas gosto também de Chitãozinho e Xororó e do Julio Iglesias. Botei tudo isso dentro de um caldeirão, sacudi e fui tirando essas canções.”
Neste trabalho, ele usou apenas a tradicional afinação cebolão, em ré maior. “Não quis focar somente em solos de viola, mas dividir um pouco com o meu produtor, o Marcellus Meirelles, músico da minha banda. Ele teve muita influência no disco, sobretudo nos arranjos”, conta.
“Para mim, foi um grande desafio abrir os ouvidos para compartilhar ideias que, às vezes, me chocavam. Depois eu percebia que estava errado”, reconhece.
Minas Gerais fez de Yassir Chediak um violeiro. Carioca, ele é radicado em São Paulo. “Há a ligação com minha criação, com o tempo em que morei em Três Corações. Meu pai é tricordiano, por isso vivi lá muito tempo. Engraçado, o estilo que menos ouço atualmente é o da viola. Escuto muito rock, muita MPB, gosto de pegar música do mundo também”, explica o filho do roteirista, cineasta e escritor Braz Chediak.
“Gosto de aprender música. Porém, quando morava na casa de meus avós, em Três Corações, quando acordava o rádio estava ligado na rádio Tropical, no programa do Chico Bento. Só tocava Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho e Renato Teixeira, entre outros”, relembra.
Trilha de "Pantanal"
Recentemente, Yassir participou do remake da novela “Pantanal” (TV Globo), gravando violas caipiras da trilha sonora.
Como ator, fez parte dos elencos de “Paraíso” (2009) e da série “Carga pesada” (2003-2007). Um de seus maiores sucessos é “Brasil caminhoneiro”, tema e nome do programa de TV apresentado por ele.
“VIOLA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA”
.Álbum de Yassir Chediak
.Disponível nas plataformas digitais